Poeminha de Insatisfação Absoluta
O que me dói
É que quando está tudo acabado
Pronto pronto
Não há nada acabado
Nem pronto pronto
Pintou-me a casa toda
Está tudo limpado
O armário fechado
A roupa arrumada
Tudo belo, perfeito.
E no mesmo instante
Em que aperfeiçoamos a perfeição
Uma lasca diminuta, ténue, microscópica,
Não sei onde,
Está começando
Na pintura da casa
E as traças, não sei onde,
Estão batendo asas
E a poeira, em geral, está caindo invisível,
E a ferrugem está comendo não sei quê
E não há jeito de parar.
Millôr Fernandes, in "Pif-Paf"
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Foto - Azul
Porque o tempo passa e tudo envelhece.
ResponderEliminarHoje amenheceu cinzento por aqui.
Bjos da Sílvia
Há uma entropia insatisfatória absoluta que nos arrassta rumo ao “Pif-Paf” das horas. Angustiante mesmo é saber não podemos aperfeiçoarmos a perfeição. Pois haverá sempre um horizonte cinza para ser limpado...
ResponderEliminarde grande oportunidade e a fraqueza estrutural...
ResponderEliminarcumpts
acertado.
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