Já não ía às Caldas da Rainha há algum tempo, nem comia umas cavacas como se tinha transformado num hábito de cada vez que por lá passava, mas um passeio vem sempre a calhar, e lá fui eu. Não ia propriamente para visitar o Museu José Malhoa, e de facto não o fiz, mas dei uma volta pelo jardim após o almoço, e resolvi deixar aqui umas palavras sobre este homem e a sua obra.
Comecei a pesquisar e cedo cheguei à conclusão de que outros o fizeram antes, e de um modo bastante sucinto e apelativo, pelo que deixo aqui um desses textos:
José Malhoa (1855 - 1933)
Comecei a pesquisar e cedo cheguei à conclusão de que outros o fizeram antes, e de um modo bastante sucinto e apelativo, pelo que deixo aqui um desses textos:
José Malhoa (1855 - 1933)
Malhoa, de seu verdadeiro nome José Victal Branco Malhoa, nasceu numa família de agricultores, nas Caldas da Rainha. Cedo evidenciou qualidades artísticas; e assim, muito novo, seguiu para Lisboa para aprender o ofício de entalhador na Escola de Belas-Artes. Contudo, por indicação do artista Leandro de Sousa Braga, o irmão inscreve-o na Real Academia de Belas-Artes em Outubro de 1867. Aqui haveria de prosseguir estudos durante 8 anos, obtendo as melhores classificações.
Na Academia, foi aluno do mestre romântico Tomás da Anunciação, que o iniciou na pintura de paisagem – a grande paixão da sua vida –, de Miguel Ângelo Lupi e de José Simões de Almeida, entre outros. Ainda estudante, passava as tardes a desenhar os arredores de Lisboa, sobretudo a Tapada da Ajuda e Campolide. Assim que acaba o curso, decide concorrer a pensionista do Estado com o fim de ir estudar para fora. Mas não é admitido (só realizará a primeira viagem a Paris em 1906). Decide então empregar-se na loja de confecções do irmão, onde ficará três anos.
É desta época a obra Seara Invadida (1881), que envia a uma exposição em Madrid, onde obtém o melhor acolhimento. Entusiasmado, e apesar de ter entretanto casado, Malhoa decide deixar a loja do irmão e consagrar-se inteiramente ao ofício de pintor. Ainda antes de 1885 chegam as primeiras encomendas artísticas: um tecto para o Real Conservatório (A Fama Coroando Euterpe) e outro para o Supremo Tribunal de Justiça (A Lei) são alguns exemplos.
Nesse ano, o pintor Silva Porto regressa a Lisboa, vindo de França, onde fora aluno de Daubigny, e recebe na Academia a cadeira de Pintura de Paisagem, que entretanto tinha vagado. À sua volta, na Cervejaria do Leão, em Lisboa, reúne-se em breve um grupo de artistas dos quais Malhoa faz parte. Esta tertúlia, o Grupo do Leão, que discutia temas relativos à prática artística, influenciou decisivamente a opção de Malhoa pela pintura de ar livre. O Paul da Outra Banda, pintado ainda em 1885, é desta um bom exemplo.
Pouco tempo depois, adquire casa de Verão em Figueiró dos Vinhos. É aqui que descobre os temas populares que sempre o encantarão ao longo da vida. Procissões, cenas campestres, camponesas saudáveis e garridas, animais que pastam, pontuam uma pintura que se vai dedicar a transmitir uma imagem do Portugal sentimental e bucólico que outros tratarão na literatura. Trata-se de pintura naturalista; mas de um naturalismo sem maniqueísmo nem luta de classes, mais próximo de A Cidade e as Serras que de O Germinal – mais próximo do Portugal atrasado desse tempo que da Inglaterra ou da França já industrializadas. Diogo de Macedo, historiador que se debruçou sobre a sua obra, chama-lhe um «historiador da vida rústica de Portugal»...
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Estimado Amigo,
ResponderEliminarJusta homenagem, esta que faz ao nosso José Malhoa.
Gostei...
Um beijo amigo, com votos de uma semana feliz.
Maria Faia
Olá Guardião,
ResponderEliminarClaro, claro, todos os vivas a Malhoa !
Oh meu amigo que pena esta sua amiga ter saído para Lisboa e não poder ter apreciado consigo o Malhoa ...
Andou pela minha zona ...
E percebo que lhe foi agradável.
O Malhou seguramente também se sentiu honrado com a visita.
Um beijinho amigo
Maria
Obrigada por me fazer recordar um pouco da biografia do nosso ilustre José Malhoa.Gostei dos quadros(e da maçã).
ResponderEliminarBoa semana e boas postagens
uma excelente apresentação de um dos nossos grandes pintores. Parabéns pelo bom gosto, na escolha do texto e das pinturas.
ResponderEliminarApetece-me dizer, em jeito de à-parte, que as coisas da Cultura andam pelas vias da amargura neste nosso triste país - e mundo! - economicizado, desumanizado.
Um abraço anarquista
É sempre muito bom vir aqui. Pelas palavras, pelas imagens e pelo sentido de humor.
ResponderEliminarObrigada, Guardião por nos concederes um espaço que faz pensar e também nos dá boa disposição. Um bem precioso.
Beijinhosssss
Já estive pelas Caldas, mas nunca visitei o museu, sei lá bem porquê. Cavacas e uma ida à fábrica Bordalo Pinheiro têm sido habituais, e o jardim foi só de passagem para umas fotos. Fica o incentivo para não o perde da próxima vez.
ResponderEliminarFui
Eis uma das lamentáveis lacunas nos meus roteiros culturais!
ResponderEliminarImagino que o passeio tenha sido a preceito.
excelente, um bom momento que aqui deixou, a visitar sem duvida...
ResponderEliminarÓ Guardião,
ResponderEliminarMas ir a Caldas da Rainha e não ir ao Museu, não vale. Claro que o deves conhecer muito bem.
Eu tenho saudades do Museu, do Jardim, de que tenho bastantes fotografias e do mercado. Já lá não vou há muitos anos.
Quanto ao Malhoa, antecipaste-te...eheheh!
Mas gostei do post, das pinturas.
Um abraço
É verdade! Malhoa continua a ser desconhecido para a grande maioria dos Portugueses!
ResponderEliminarUma bela homenagem! Muitos parabéns!