quarta-feira, outubro 08, 2008

GARANTIA...

Ao almoço, diante da travessa de cozido à portuguesa, éramos quatro a conversar sobre as últimas do país e do mundo. A conversa, com toda a naturalidade, versou essencialmente sobre a crise que a todos vai afectando e que, dizem os entendidos, pode vir a agudizar-se.

Para começo de conversa devo dizer que eu costumo ser o mais azedo do grupo, quando toca a zurzir em quem manda cá no pedaço e na economia mundial. Não admira que eu tenha aberto as “hostilidades” com a desconfiança perante as garantias de José Sócrates e de Teixeira dos Santos quanto à segurança dos depósitos dos portugueses.

As sensibilidades dos intervenientes é normalmente diversa na maioria dos temas, como diversas são também as actividades dos convivas, que vão desde o reformado (eu) com actividade liberal, ao bancário, o empresário e um quadro de uma grande empresa.

Com alguma surpresa, quanto ao assunto da confiança, o cepticismo é generalizado. O empresário para se aguentar já andou por Espanha, seguiu por Angola e agora anda pelo Dubai para conseguir manter a sua produção, já que as encomendas nacionais diminuíram cerca de 50% no último ano. O quadro superior admitiu que os despedimentos e a diminuição da actividade da sua empresa vão acontecer a breve trecho. O bancário lá veio dizer que o banco onde trabalha enfrenta níveis incomportáveis de crédito mal parado e falta de liquidez, estando agora a fomentar as poupanças e os depósitos a prazo oferecendo tarifas “muito vantajosas” aos grandes depositantes que têm capacidade negocial.

A tudo isto acrescento que as minhas dúvidas quanto às garantias do Governo são fundamentadas pelas declarações de Teixeira dos Santos quando disse que “aconteça o que acontecer, as poupanças dos portugueses em qualquer banco que opera em Portugal estão garantidas”, e quando questionado se a garantia dos depósitos era ilimitada, respondeu “foi o que eu disse”. Horas depois, tudo mudou, e o mesmo ministro veio afirmar que as garantias iam só até aos 50 mil euros, e por imposição da União Europeia, bem fresquinha.

No fundo, o que o Governo diz estar garantido são apenas os bancos “com relevância sistémica”, que convenientemente não precisa quais são, o que não descansa ninguém.



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8 comentários:

  1. Bom, acabei de ouvir o PM dizer que o estado seguraria qualquer instituição que opere no território nacional.

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  2. Caro Tiago
    Ouviu, e ouviu bem, que seguraria qualquer banco, mas o que lhe foi perguntado foi qual era o limite da garantia, ao que ele fugiu até ser obrigado a dizer que o Governo iria actuar antes de se chegar a essa situação. Penso que para bom entendedor chega, até porque já é público que os EUA já vieram anunciar que vão inevitavelmente haver falências de bancos (outros países como a Inglaterra vieram já admitir essa possibilidade), desde que não tivessem capacidade de recuperação e não pesassem muito na economia. É aqui que encaixa a definição «relevância sistémica», do ministro das Finanças.
    Cumps

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  3. Com muito cepticismo, tanto quanto sempre tenho tido até aqui vou ouvindo e pedindo a Deus que possa ser verdade.
    Beijinhos

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  4. Guardião
    Não vale a pena morrer de susto antes que a desgraça aconteça.
    O neoliberalismo é um modelo derrotado que terá que dar origem a uma realidade diferente.

    Abraço

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  5. O amigo tem razão quando diz que as garantias na totalidade são apenas para "os escolhidos", e esses continuarão a comportar-se escandalosamente como os executivos da AIG nos USA que depois de sugarem 85.000 milhões dos contribuintes, para não afundarem, correram a festejar num hotel de luxo, com despesas a condizer de alojamento, pasto e tratamento dos cascos (pedicura) á conta dos papalvos. A vilanagem continua e a vergonha não existe quando a gamela é farta.
    Lol

    AnarKa

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  6. Bom, eu só espero que o repasto, e logo um valente e nobre cozido, não tenha sido estragado com temas tão, tão ... negros!

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  7. Uma coisa é certa, quem anda à chuva molha-se e, no caso, não vale a pena fugir, o deserto é o nosso território! Fomos nós que legitimámos os madeireiros do liberalismo.
    Presidente e Primeiro Ministro: a mesma moeda!
    Um abraço crítico

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  8. O Povo sente bem na pele a crise... Mudança Já!

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