Em Portugal as manifestações têm sido normalmente pacíficas e sem qualquer tipo de excessos, devido à organização dos sindicatos, que nesse aspecto tem sido impecável.
Nas últimas manifestações têm surgido à margem das manifestações organizadas pela CGTP, alguns incidentes com grupos de manifestantes autónomos, que têm envolvido também forças de segurança e alguns excessos.
A situação tende a piorar, não só pelo aumento do desemprego e da precariedade, mas sobretudo pela teimosia de uma certa direita que acha que os trabalhadores não devem fazer greves ou manifestar-se, e que acenam sempre com os inconvenientes que as greves naturalmente acarretam.
Ontem ouvi um deputado do CDS dizer que há o direito à greve mas que devia haver o direito a trabalhar quando há greves, o que nunca esteve em causa, logo ele que defendeu as alterações às leis laborais e à facilitação dos despedimentos.
Pode ser que num futuro próximo seja mais difícil mobilizar os trabalhadores para greves ou manifestações, mas será também muito mais provável que o descontentamento passe a ser descontrolado e acabe por ser mais prejudicial para todos.
Dar ouvidos à insatisfação devia ser uma obrigação dos eleitos, porque o povo não é masoquista nem tão tolo, que lhe dê para sacrificar um dia de salário só para ir para a rua gritar umas quantas palavras de ordem.

