quinta-feira, agosto 16, 2018

EM TORNO DA IDADE DE REFORMA

Veio agora a lume a intenção do governo de acabar com a reforma obrigatória aos 70 anos, como está instituído desde 1926. Pelos vistos a promessa eleitoral de permitir a reforma dos funcionários públicos com pelo menos 60 anos e 40 anos de serviço, que ainda não foi cumprida, fica adiada porque a proposta do CDS/PSD é mais importante para o governo de António Costa.

Foi com um sorriso que vi alguns senhores, todos ocupantes de altos cargos públicos, falarem da sua vontade de continuar nas suas funções depois dos 70 anos, e não foi uma grande surpresa. Ficaria muito surpreendido se fossem subalternos, com carreiras contributivas de 40 ou mais anos de serviço a manifestar tamanha vontade de continuar a desempenhar as mesmas funções, depois dos 70 anos.

Não se infira das minhas palavras que eu seja contra o trabalho depois dos 70 anos, porque não sou contra, mas sou contra a perpetuação de altos dirigentes em cargos públicos, e acho que a experiência pode ser aproveitada, na base do voluntariado, quando muito complementado com uma verba correspondente às despesas acrescidas pelas deslocações e subsídio de alimentação, para além do valor da reforma.

Já estou naquela idade em que sinto que os anos pesam, e que apenas a experiência me diferencia dos mais novos, sendo que me considero perfeitamente capaz, mas também sinto que já mereço a aposentação por ter ultrapassado o tempo de serviço que me era exigido quando comecei a trabalhar.

Espero que o Centeno e o Costa não estejam a usar este tema do trabalho depois dos 70 anos, para legitimar mais aumentos na idade para a reforma sem penalizações, como se os 40 anos de descontos para nada contassem.


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