sábado, novembro 21, 2009

Poema do lavrador de palavras aos políticos



não me perguntem coisas daquelas que eu não creia
não me perguntem coisas daquelas que não sei
remeto para os senhores as decisões do mundo
tais como governar, fazer decretos lei

no meio da tempestade no meio das sapiências
se poeta nasci, poeta morrerei
nem homem de gravata nem homem de ciências
apenas de mim próprio, e pouco, serei rei

das decisões do mundo lerei o que entender
que dentro de mim mesmo às vezes nasce um rio
e é esse desafio que nunca hei-de esquecer
e é essa a diferença que faz o meu feitio

mas digam por favor de onde nasce o sol
que eu basta-me o calor - para lá me voltarei
e saibam já agora que se eu lavrar a terra
me bastará que chova que o resto eu o farei
e digam por favor se o céu inda nos cobre
e bastará o azul
que em ave me tornei

mantenham com cuidado as árvores e estradas
pr'a gente poder ver, p'ra gente circular
que eu basta-me saúde e o sonho tão distante
e a boca perturbante que tu me sabes dar

e a festa de viver e o gozo e a paisagem
desta curva do Tejo, soprando a brisa leve
e na tranquilidade assim desta viagem
parar-se o tempo aqui, eterno, fresco e breve

que eu voo por toda a parte mas noutro horizonte
e vivo as coisas simples e rio-me da ambição
e ao fim de tanto ver, escolherei um monte
de onde assistirei, sorrindo, ao vosso enfarte

da ânsia de possuir, da ânsia de mostrar,
da ânsia da importância, da ânsia de mandar

e digam por favor de onde nasce o sol
que eu basta-me o calor - para lá me voltarei
e saibam já agora que se eu lavrar a terra
me bastará que chova que o resto eu o farei
e digam por favor se o céu inda nos cobre
e bastará o azul
que em ave me tornei

Pedro Barroso



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Fotografia com Amarelo
Amarelo by Knut E. Dahle

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Humor Ignorando a Lei
Cara de Pau Oculta por Rodrigo


Justiça cega... e surda, e muda, e... por Rodrigo

6 comentários:

  1. Como o autor do poema, também O Guardiáo sabe bem o que faz e porquê, pena é que quem manda não faça o que deve.
    Bjos da Sílvia

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  2. É com tristeza que leio, ouço e vejo o que se passa com o poder político, os bancos, os banqueiros, os administradores de certas empresas e a justiça. A impunidade reina neste espaço paradisíaco com janelas para o mar.

    Bem-hajas, amigo!

    Um abraço

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  3. Belissímo,ainda não tinha ouvido esta canção do Pedro Barroso,excelente video,muito bem conseguido com o texto.
    Bela foto e cartoons.
    O amarelo,em seu segnificado positivo é uma cor importantissíma,para o nosso bem estar.
    Mas como as coisas andam neste país,é para ficarmos amarelos de raiva,pela impunidade que reina a vários níveis.

    cumps

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  4. O PEDRO BARROSO é um trovador de mão cheia!

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  5. Fui colega do Pedro Barroso há muitos anos, numa Liceu de Lisboa, ainda ele dava aulas de Educação Física. Lembro-me bem de uma salinha minúscuila que tínhamos destinada aos fumadores. O Pedro entrava de lado na saleta, já que o seu volume não cabia de frente na porta.
    Era um "porreiraço" e cantei com ele, nos intervalos, algumas canções. Já vivia no campo e tinha a paixão por cavalos que mantém. Bons tempos!

    Diria que, aqui, é a música que acompanha o excelente poema, e muito bem, como em tudo o que o Pedro Barroso faz sair!

    Cumps

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  6. Guardião,

    Mas achas que ainda há palavras que os políticos estejam dispostos a ouvir?
    Não o creio, sinceramente.
    Pode ser que as de Pedro Barroso sejam ouvidas.

    Um abraço

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