Para uns o aumento do número de
turistas é uma bênção, para outros pode ser um verdadeiro problema.
Para quem vive, ou pretende viver
nos bairros típicos de Lisboa, coloca-se um problema grave com o preço das
casas, e consequentemente das rendas. O comércio também é ameaçado, exactamente
pelos mesmos motivos, e a Câmara de Lisboa pouco faz para resolver este
problema.
As agências que trabalham com
turistas, fornecendo serviços como visitas guiadas, também encontram um mar de
dificuldades, porque a circulação de autocarros e o estacionamento dos mesmos é
um bico-de-obra, afectando com isso não só as agências mas também os guias
turísticos que para elas trabalham.
Os moradores dos locais mais
visitados sofrem com a falta de lugares de estacionamento, e também com a
poluição causada por toda a frota de veículos que transporta turistas por esses
locais.
As lojas de artesanato português
já quase não existem, porque os produtos genuínos são caros e os turistas (de
baixa qualidade) contentam-se com as imitações orientais que são iguais em todo
o lado. Os restaurantes com comida genuinamente portuguesa não sobrevivem, e
proliferam os restaurantes que fornecem pratos exactamente iguais aos que
podemos encontrar em qualquer cidade turística em qualquer cidade europeia.
Será que eu sou contra o turismo
que tanto ajuda a economia portuguesa? Evidentemente que não, porque eu próprio
estou ligado à actividade turística.
Onde eu discordo com a política
seguida e apoiada por algumas câmaras e pelo Turismo de Portugal, é na aposta
na quantidade, em vez de se apostar na qualidade, fornecendo um melhor serviço
e apostando no que de genuíno e melhor temos para oferecer.
Para os distraídos lembro que o
turismo é uma indústria muito instável, que tão depressa nos beneficia como
depois nos esquece e se muda para outras paragens num piscar de olhos. Quando
nada de novo tivermos para oferecer, o mercado de massas foge para outras
paragens mais exóticas e com preços mais competitivos.
até no meu prédio já existem poliglotas de improviso...
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