Hoje li pela manhã um artigo de opinião, no DN, assinado por Vítor Bento, que me indignou por tentar confundir
as coisas usando comparações perfeitamente desajustadas da realidade, para
sugerir que a solução mais justa para os secretários de Estado que aceitaram
viajar à conta da GALP, era o arquivamento do processo.
Afirma VB que, há 10 anos, o
surpreendera a generalizada indiferença perante a extrema facilidade com que,
entre nós (portugueses), governantes e funcionários do Estado aceitavam prendas
e convites de fornecedores ou beneficiários de decisões do Estado.
O autor do artigo finge
desconhecer a legislação produzida nos últimos anos abrangendo precisamente
essas práticas, e cometeu a injustiça de generalizar, o que não é ético pois
pretendeu com isso desculpabilizar comportamentos que cabe ao Ministério Público
julgar e punir, de acordo com a lei.
Vítor Bento devia saber que, foi
feita pelos políticos legislação que pune os funcionários públicos que recebam
vantagens indevidas pelo exercício das suas funções, e que se esqueceram na
altura de que os governantes deviam ser os primeiros a dar o exemplo, e tiveram
depois de emendar a mão, mas mesmo assim acabaram por ficar com um estatuto
diferente, vá lá saber-se porquê. Mesmo assim os senhores secretários de Estado
lá meteram a pata na poça.
Outro esquecimento do senhor VB,
foi o de mencionar quais seriam os funcionários públicos a quem eram oferecidas
viagens e estadias no estrangeiro, ou “outras formas de considerável valor
económico”, porque não creio que o senhor Eustácio, calceteiro, a dona Maria
J., administrativa num ministério, o Hugo, electricista, ou o Adalberto , das
Finanças, alguma vez tenham sido aliciados com vantagens desse tipo. Bem sei
que eu não circulo nos mesmos meios que o senhor Vítor Bento, e por isso
gostava que ele fosse mais específico, porque seria interessante…
Entre os seus pares as coisas passam se assim, porque os Zes eram logo alvos de processos e iam para a rua num ápice
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