terça-feira, março 15, 2011

A SANGRIA

Com a minha idade é possível ter uma ideia muito concreta acerca da necessidade de sair do país, por razões económicas. Nas décadas de 50 e 60 do século passado, parte da minha família foi forçada a emigrar por falta de emprego, por razões políticas e por causa da guerra colonial.

Naquela altura o país sofreu uma sangria de uma força de trabalho muito substancial que não teve um impacto maior porque a taxa de natalidade à época era relativamente elevada. O país só veio a beneficiar deste verdadeiro êxodo já na década de 70, quando as remessas de dinheiro dos emigrantes seguraram a economia, e quando os que voltaram começaram a investir cá as suas poupanças.

Na actualidade a juventude começa a fazer a sua demanda para países onde possam encontrar emprego, e onde o futuro se apresente mais promissor do que por cá. Cá só têm como certos, o desemprego, a precariedade e um futuro hipotecado.

A curto e a médio prazo Portugal vai pagar muito caro esta sangria de gente jovem, na qual se investiu muito na sua educação. O país que já está envelhecido vai ficar ainda mais envelhecido, e quem vai beneficiar do pesado investimento feito por todos nós, e especialmente pelas famílias, vão ser os países de acolhimento, isto se não surgirem desequilíbrios entre a oferta e a procura de emprego, que afectem os próprios cidadãos, que certamente reagirão caso sintam ameaçadas as suas condições laborais.

As pessoas são o valor mais importante de qualquer sociedade. Uma sociedade que não respeita e valoriza as pessoas está condenada a definhar e eventualmente a sucumbir por falta de valores.

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Foto - Flores

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Humor e Hipocrisia
Christo Komarnitski

Cameron (Cam) Cardow

4 comentários:

  1. Uma sociedade que não respeita nem valoriza os seus não será respeitada por eles e a médio prazo sentirá na pele o peso do desprezo a que será votada.
    Tem de haver uma solução para que este situação se inverta pois o nosso tecido social corre risco de uma ruptura drástica.

    Bem-hajas, Guardião!

    Abraço fraterno

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  2. Não vou em números, os números são a forma científica da mentira. Posso apenas testemunhar que nas minha vizinhança se está a emigrar em força, par alívio dos orçamentos familiares, para alívio dos nºs do desemprego. Apesar de tudo, pelo que posso também testemunhar, esta emigração não me parece tão grave como as dos anos 50/Brasil, 60/França, esta gente deixa os filhos e não tem qualquer intenção de deixar a casa ou a terra, tudo porque hoje é muito mais fácil viajar - vêm cá muitas vezes! Mais uma vez, creio que vão ser eles que vão salvar o país, queiram os outros países continuar a reconhecer-lhes a força que levam com eles.
    Um abraço dum país impossível

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  3. Pata Negra
    A nova demanda tem características diferentes, mas a juventude que sai, sem família constituida e que vai iniciar uma vida de trabalho no estrangeiro, essa não voltará tão cedo, e se acabar por constituir família por lá, é bem provável que não retorne ao rectângulo antes da velhice.
    Cumps

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