A notícia mais comentada no começo desta semana é sem dúvida nenhuma a nacionalização do Banco Português de Negócios (BPN). A primeira incredulidade com que fomos brindados, foi sem dúvida o pudor na utilização da palavra nacionalização, que foi evitada, como se efectivamente não fosse de facto uma nacionalização. Talvez a tal conotação ideológica de que falava José Sócrates, agora esteja a incomodá-lo.
Todos nos lembramos de ter ouvido Teixeira dos Santos dizer há bem pouco tempo, que não tinha conhecimento de qualquer banco português que estivesse em dificuldades, mas agora ficámos a saber que pelo menos desde Junho isso era do conhecimento do Banco de Portugal (BdP), e portanto do próprio Governo.
Independentemente destas imprecisões, o problema torna-se ainda mais “cabeludo” porque, e basta ler os títulos dos jornais e da agências de informação para se constatar que não foi a crise que desencadeou esta operação de nacionalização, mas sim fraudes que entretanto já foram detectadas no funcionamento da instituição.
Ao ouvir da boca do ministro Teixeira dos Santos que os accionistas serão indemnizados, assim mesmo, fiquei arrepiado e completamente fora de mim. Então este já não é o mesmo banco que deu lucros fabulosos ainda recentemente, e que tinha uma gestão competente que eu ouvi elogiar?
Algo vai muito mal neste assunto, porque embora até possa aceitar que a nacionalização seja o caminho mais lógico e expedito para evitar a turbulência na banca nacional, que nem quis “entrar com dinheiro” para salvar o BPN, sempre pensei que o Governo antes de apurar o prejuízo e as eventuais fraudes cometidas pelos responsáveis do BPN, nem sequer tivesse o desplante de vir falar em indemnizações aos accionistas. Acho que seria muito mais sensato falar primeiro do apuramento de responsabilidades, na eventual punição dos responsáveis e na devolução dos dinheiros envolvidos em operações ilegais e nos prejuízos daí resultantes. Quanto aos accionistas, que naturalmente são responsáveis pelas escolhas dos gestores do banco, esses teriam de esperar pelo desfecho das investigações, para se saber se não beneficiaram de algum modo de alguma contabilidade criativa, ou de lucros ilícitos, e só depois é que se poderia falar em eventuais indemnizações.
Eu não sou nenhum entendido em economia, ou em actividade bancária, mas concedam-me o direito de duvidar de tanta liberalidade no uso de dinheiros que afinal são de todos nós. Já estou como o outro, nacionalizam-se os prejuízos e privatizam-se os lucros, que é o que me parece que se está a tentar fazer a todo o gás.
Boa chamada de atenção. Veremos se há o apuramento de responsabilidades ou não...
ResponderEliminarAbraço
Este governo fez-me lembrar aqueles dirigentes de futebol que hoje veem dizer para todos os jornais que o treinador está de pedra e cal, e tem a confiança do clube e no dia seguinte, sabemos que o treinador foi despedido e assistimos à apresentação do novo treinador.
ResponderEliminarSempre que o governo vem dizer que está tudo bem, no dia seguinte, ficamos a saber o "quanto" o governo mentiu.
Um abraço e uma boa semana
Meu caro amigo se eu mencionar Oliveira e Costa, Dias Loureiro e Daniel Sanches será que isso ajuda a explicar tanta solicitude do Governo e tanto silêncio do PSD ante esta nacionalização de faz de conta e que na verdade é uma injecção a fundo perdido?
ResponderEliminarNacionalizemos o que é nosso, a nossa vida, os nossos sonhos...
ResponderEliminarFica bem,
Miguel
segundo a lei, com a nacionalização os accionistas serão indemnizados pelo valor das acções que têm do banco.
ResponderEliminarNo entanto, segundo o que se avançou, cada um será indemnizado após se apurar se é culpado ou não da actual situação, isso inclui administradores.
Concordo com a nacionalização, lembro que só a segurança social, por exemplo, tem lá no banco depositados, para pagamento de subsidios, pensões, etc, aos cidadaõs visto que é um dos bancos que o estado usa, duzentos milhões de euros.
Sou um leigo na matéria. Confesso-me.
ResponderEliminarEssas coisas de bancos e altas Finanças sempre me passaram ao lado.
A minha pequena economia caseira basta-me.
Agora, não sou propriamente um destituído intelecualmente e detesto que me aldrabem. Sobretudo uns palermas serventuários do poder cuja principal missão na vida é lamber botas e ganhar regalias.
Para eles, o meu mais profundo vómito!
Cumps.
Caro Tiago
ResponderEliminarNem discuto a necessidade de nacionalizar o BPN, mas, se houve fraude, se foram distribuídos lucros nos últimos anos, se a sociedade que é detentora maioritária do banco nomeou as administrações, então há que se apurar as responsabilidades, antes de se falar em indemnizações. Mais ainda, nem sabemos bem quais foram os activos que foram nacionalizados, porque pelo menos a seguradora ficou de fora, e não sei se outros negócios da sociedade detentora do banco também não ficaram de fora. Ainda é cedo para quase tudo, muito mais ainda para se falar em indemnizações, acho eu.
Cumps
Responsabilidades, isso é outra loiça, porque desde o BdP até ao Ministério das Finanças, passando pelos ex-gestores do BPN há muito peixe graúdo que tem de ser investigado, e isso é uma grande porra.
ResponderEliminarLol
AnarKa
E onde estão agora os que defediam acesamente a mão invísivel e os que causaram a tragédia?
ResponderEliminarE o BON terá algo a ver com a crise?
Se aceitar, vá buscar flores lá a casa.
Tudo de bom.
O mais certo é que enquanto o PM massacra a oposição com Passado e mais Passado e mais Passado passa o tempo a plagiar sugestões e a dar parte de fraco no apuramento de responsabilidades.
ResponderEliminarSe não foi a crise financeira quer dizer que foi uma crise ainda mais profunda, uma crise que é nossa, uma crise provocada pelos indivíduos que nos tem governado.
ResponderEliminarAs crises não nos assustam, estamos bem calejados, o que nos assusta é o descaramento crescente com que a trama se revela.
Um abraço sem massas