domingo, fevereiro 28, 2021

MAFRA E SUSCEPTIBILIDADES

Para princípio de conversa quero que conste que amo o nosso Património e vivi por dentro os seus problemas e as suas dificuldades, mas nunca me eximi em mais de 30 anos em manifestar as minhas opiniões, mais ou menos aceites por quem acha que a sua posição hierárquica lhes dá o direito de calar as opiniões, e as iniciativas.

Sobre o Palácio Nacional de Mafra, que existe e marca uma época e um reinado de abundância, e também de conhecimento, devo dizer que é de respeitar, de divulgar e de manter enquanto monumento que faz parte do nosso Património colectivo.

Com todo o devido respeito, não podemos contudo ignorar o que foi dito sobre o monumento, no passado, e mesmo recentemente, nem podemos ignorar o modo como o edifício foi utilizado ao longo dos tempos.

Um comentário meu sobre o nome que era dado ao edifício (ou parte dele) pelos nossos militares que ali assentaram praça, que era “o calhau”, mereceu alguns comentários menos simpáticos por parte de algumas pessoas acharam um termo depreciativo, sem tomar em conta o contexto de tal epíteto. Claro que não valia a pena discutir o facto pois nem todos podem conhecer as razões deste nome.

Claro que a denominação utilizada pelos militares era consequência do que os esperava, que não era nada agradável, mas isso passava ao lado de muito boa gente.

Mas será que “calhau” era a pior definição do Real Edifício de Mafra? Nem de perto nem de longe, e o próprio palácio utiliza o Memorial do Convento que não é simpático para com D. João V, mas também existe um texto dum abade beneditino de Tibães que recusou o convite para a sagração da Basílica de Mafra, que foi transcrita por Camilo Castelo Branco, guardada na BP de Évora que considerava ser uma “spelunca latrorum” e obra digna de infiéis.

Abstenho-me de transcrever o texto da missiva de recusa do abade, pois creio que isso estará disponível aos responsáveis pelos textos do Facebook do venerável palácio.   

 

Mosteiro de Tibães

 

1 comentário:

  1. Gostei muito de ler. Andei por lá numa visita de estudo que me apaixonou e gosto sempre de saber mais sobre o Monumento.
    Abraço, saúde e um bom mês de Março

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