"A administração colonial moçambicana procurou, por diversos meios e em várias ocasiões, intervir e cercear a actuação destas elites, na Zambézia, delimitando as dimensões das suas fazendas, forçando ao pagamento dos foros estabelecidos, ou pressionando os casamentos entre prazeiras, supostamente brancas, e mozungos. Convém relembrar que o termo mozungo incorporou, ao longo dos tempos, várias acepções. Se com Manuel Barreto (1667) o vocábulo designava os portugueses, que eram, genericamente considerados, de «senhores», um século depois , o termo, não só considerava os portugueses, mas, também, todos os que se vestiam e se exibiam como eles: mozungo, escrevia Francisco de Mello e Castro, em 1753, «era o nome que tínhamos entre a cafreria não só os Portuguezes, porque a esses os destiguem por Mozungos da Manga, que hé da Corte, o que aludem a todo o Reyno de Portugal, mas também aos mais vassallos que andão vestidos ainda que sejão pretos»7, ou, ainda, como lembrava o memorialista Pinto de Miranda, por volta de 1766, Mozungos são os «patrícios, filhos de alguns portugueses e naturais de Goa feitos em negras. São a maior parte da cor dos cabouclos do Brazil, e outros puramente negros»."
In Representações de África e dos Africanos na História e Cultura séculos XV a XXI de J. Damião Rodrigues e Casimiro Rodrigues.
Muito interessante.
ResponderEliminarAbraço, saúde e bom fim de semana