sexta-feira, julho 11, 2014

VIRTUDES EXCLUSIVAS



Nas últimas duas décadas tem vingado em Portugal a teoria de que o que é público é mal gerido, é despesa e se resume a desperdício e burocracia, por oposição ao sector privado, onde se encontram os melhores exemplos de gestão, onde se minimizam os desperdícios e onde a produtividade é maior.

A teoria não tem pés nem cabeça e leva-nos a pensar que temos dois tipos de portugueses, os que estão no sector público, e os que estão no sector privado, e que têm mentalidades e capacidades diferentes. Claro que a teoria foi lançada por quem tem objectivos concretos, que até já ocorreram, que se resumiram à entrega dos sectores mais lucrativos, que estavam no domínio público, a privados para onde depois se bandearam muitos políticos que abraçavam e defendiam a teoria.

É curioso que muitos dos gestores públicos passaram para o sector privado, e vice-versa, mas a teoria continuava a ser defendida pelos mesmos “iluminados”.
 
O sector bancário tem sido um exemplo perfeito da inadequação da teoria e da sua falta de consistência. Este sector foi e é responsável por grande parte dos nossos problemas económicos e os casos do BCP, BPN, BPP, BANIF e agora do BES, para não falar do recurso da maioria dos bancos a empréstimos com o aval do Estado, são a prova evidente de que a tal dicotomia não existe, e que só um Estado forte e despartidarizado seria capaz de controlar os desmandos económicos a que o liberalismo extremo nos tem conduzido. 


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