quinta-feira, outubro 31, 2013

PASSOS NÃO É ESCUTADO PELA NSA



Com o escândalo das escutas ilegais feitas pelos EUA a diversos países na ordem do dia, foi curioso saber-se que Passos Coelho não se sentia alvo das ditas escutas. Sabemos que Portugal é um país pequeno e que o 1º ministro é perito em obedecer para além do que lhe pedem entidades estrangeiras, mas a sua convicção soou algo estranha na ocasião.

Não foi necessário esperar muito para tudo ficar claro, pois os EUA não demoraram a esclarecer que muitos dos países europeus colaboravam com a NSA na troca de informações, e pouco depois a própria NSA “deixou escapar” a informação de que Portugal está numa lista de 20 países com os quais mantém uma colaboração focada para a partilha de informações.

Acredito que Passos Coelho não tenha sido escutado, o que mostra a sua irrelevância, mas já não estou tão seguro de que outros portugueses não tenham sido escutados (vigiados), com ou sem a colaboração dos nossos serviços secretos.
 


segunda-feira, outubro 28, 2013

POLÍTICOS DESACREDITADOS



Há dias em que os políticos nacionais que passaram pelo governo, ou o suportaram na últimas décadas, não deviam ler jornais, nem ouvir ou ver os boletins noticiosos. Hoje é sem dúvida um desses dias negros.

Ouvir o presidente do Conselho Económico e Social (CES), Silva Peneda, dizer que o poder político foi efectivamente capturado pelo poder económico, não é propriamente um elogio para quem tem ou teve responsabilidades governamentais.

Foi também divulgado um documento da SEDES (Associação para o Desenvolvimento Económico e Social) onde se podia ler que as políticas “erráticas” e decisões “fora do tempo” abrem caminho à “incerteza “ e “desconfiança”, que são incompatíveis com a recuperação económica, investimento e emprego. Simplificando, a SEDES diz que já ninguém confia no governo.

Penso que não é preciso dizer mais, e se os nossos governantes (actuais e passados) tivessem um pingo de dignidade já se tinham demitido e tinham abandonado a política em definitivo.



domingo, outubro 27, 2013

MORREU LOU REED

Morreu hoje o músico, guitarrista e compositor Lou Reed o fundador da banda de culto Velvet Underground. A música ficou um pouco mais pobre mas a obra ficará.

sexta-feira, outubro 25, 2013

A QUESTÃO QUE SE COLOCA…



Visionar as reuniões plenárias do Parlamento é uma grande seca mas por vezes dá para se encontrar verdadeiras pérolas da (má) política nacional, como me aconteceu ao visionar um vídeo da reunião de 23 de Outubro.

O extracto que vi estava no Jornal de Negócios online e o orador era o dirigente parlamentar do PSD, que estava a dizer que não no PSD não têm nada contra os funcionários públicos e que os sacrifícios acrescidos a estes exigidos, deviam-se ao facto de o sector privado já se ter ajustado e o público ainda o não ter feito.

Claro que o senhor Montenegro sabe, como todos nós, que as despesas com os funcionários públicos diminuíram muito desde 2009, e que se as despesas do Estado vão aumentando é por outras razões que nada têm que ver com os ditos funcionários, ou sequer com os funcionários que já atingiram a aposentação. O aumento do desemprego, a dívida pública e os seus encargos e a falta de provisões para o pagamento das reformas que ficaram a cargo do Estado depois do encaixe dos diversos fundos de pensões são esquecidos neste tipo de discurso.

A pérola do discurso deste dirigente do PSD é quando relembra que “no último ano mais de 400 mil portugueses perderam o emprego”, e diz que “a questão que se coloca, deve ser directa, quantos deste 400 mil portugueses eram funcionários públicos?”. A intervenção continua falando de justiça e equidade social.

A questão que pois se nos coloca é se este senhor, e o seu partido, acham que como já existem muitos desempregados no sector privado se devem equilibrar as coisas mandando mais gente para o desemprego, agora do sector público, ou se pelo contrário não devia estar já a pedir desculpas pelo estado a que nos levaram as políticas seguidas pelo governo que apoiam?


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Caricatura
Psy by Baptistão

quarta-feira, outubro 23, 2013

Abaixo el-rei Sebastião



É preciso enterrar el-rei Sebastião
é preciso dizer a toda a gente
que o Desejado já não pode vir.
É preciso quebrar na ideia e na canção
a guitarra fantástica e doente
que alguém trouxe de Alcácer Quibir.

Eu digo que está morto.
Deixai em paz el-rei Sebastião
deixai-o no desastre e na loucura.
Sem precisarmos de sair do porto
temos aqui à mão
a terra da aventura.

Vós que trazeis por dentro
de cada gesto
uma cansada humilhação
deixai falar na nossa voz a voz do vento
cantai em tom de grito e de protesto
matai dentro de vós el-rei Sebastião.

Quem vai tocar a rebate
os sinos de Portugal?
Poeta: é tempo de um punhal
por dentro da canção.
Que é preciso bater em quem nos bate
é preciso enterrar el-rei Sebastião.


Manuel Alegre



domingo, outubro 20, 2013

LENDA DA COVA ENCANTADA


Na serra de Sintra, perto do Castelo dos Mouros, existe uma rocha com um corte que a tradição diz marcar a entrada para uma cova que tem comunicação com o castelo. É conhecida pela Cova da Moura ou a Cova Encantada e está ligada a uma lenda do tempo em que os Mouros dominavam Sintra e os cristãos nela faziam frequentes incursões. Num dos combates, foi feito prisioneiro um cavaleiro nobre por quem Zaida, a filha do alcaide, se apaixonou. Dia após dia, Zaida visitava o nobre cavaleiro até que chegou a hora da sua libertação, através do pagamento de um resgate. O cavaleiro apaixonado pediu a Zaida para fugir com ele mas Zaida recusou, pedindo-lhe para nunca mais a esquecer. O nobre cavaleiro voltou para a sua família mas uma grande tristeza ensombrava os seus dias. Tentou esquecer Zaida nos campos de batalha, mas após muitas noites de insónia decidiu atacar de novo o castelo de Sintra. Foi durante esse combate que os dois enamorados se abraçaram, mas a sorte ou o azar quis que o nobre cavaleiro tombasse ferido. Zaida arrastou o seu amado, através de uma passagem secreta, até uma sala escondida nas grutas e, enquanto enchia uma bilha de água numa nascente próxima para levar ao seu amado, foi atingida por uma seta e caiu ferida. O cavaleiro cristão juntou-se ao corpo da sua amada e os dois sangues misturaram-se, sendo ambos encontrados mais tarde já sem vida. Desde então, em certas noites de luar, aparece junto à cova uma formosa donzela vestida de branco com uma bilha que enche de água para depois desaparecer na noite após um doloroso gemido...