CURIOSIDADES DA DEMAGOGIA

José Sócrates acusou Santana Lopes de demagogia por este ter afirmado que «há fome em Portugal». Todos conhecemos Santana Lopes, mas também conhecemos José Sócrates, e sem querer fazer juízos de carácter, lembro que mais uma vez fomos chamados a contribuir para o Banco Alimentar Contra a Fome, precisamente porque há mais gente a recorrer a este auxílio, exactamente porque há mais gente com carências.

Por falar em demagogia, também ouvi dizer que baixar o imposto sobre produtos petrolíferos é demagógico e injusto, porque os que não têm carro iriam pagar para os que têm carro. Não percebi bem a lógica de tal afirmação, a menos que haja quem não tenha carro e se “enfrasque” ou ande a “cheirar” gasolina, e mesmo quanto à diminuição das receitas deste imposto também não dá para acreditar que com esta escalada de preços, e mantendo a mesma percentagem de imposto se vá arrecadar mais verba, porque o consumo se vai reduzir drasticamente.

Também achei extraordinário que a baixa do imposto sobre os combustíveis fosse considerada um subsídio ao consumo, no mesmo dia que o 1º ministro anunciou um congelamento dos preços dos passes sociais, que na minha óptica é precisamente um subsídio às empresas de transportes públicos, porque não acredito que sejam elas a arcar com o esforço financeiro.

Curiosamente eu também acho que o senhor ministro da Finanças não foi demagógico quando anunciou os 2,1% de inflação para 2008, nem mesmo quando veio corrigir a previsão para os 2,6% ainda há poucos dias, mesmo que os países da UE já tenham vindo a terreiro, dando números várias vezes superiores a estes. Não é demagogia, é uma coisa diferente, com um nome muito mais forte, que a minha educação não me permite escrever aqui, embora os aumentos dos portugueses tenham sido calculados na base dos 2,1% do senhor Teixeira dos Santos, o mesmo que se vangloriou de ter acertado no défice de 2007, e de ter conseguido um resultado melhor do que a previsão.

O garrote está demasiado apertado, e eu sou apenas um dos muitos que estamos fartos de apertar o cinto sem qualquer compensação. Se houver protestos contra estas políticas, eu alinho com eles, e nem me rala que eles tenham conotações de algum quadrante, a menos que seja do PS.

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Sócrates condenado a pagar 10.000 euros a jornalista
O primeiro-ministro, José Sócrates, foi condenado na semana passada pelo Tribunal da relação de Lisboa a pagar 10.000 euros por danos patrimoniais ao jornalista José António Cerejo, do jornal Público.

Segundo informa hoje o Público, em causa está uma carta publicada pelo diário em Março de 2001, da autoria de José Sócrates, na altura ministro do Ambiente, em que este acusava José António Cerejo de ser «leviano e incompetente», de padecer de «delírio» e de servir «propósitos estranhos à actividade de jornalista».

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