terça-feira, fevereiro 21, 2023

O PAÇO DE SINTRA III

 

Cont. de e de

 

Recentemente foi anunciada a resolução dum “enigma” com 200 anos ao identificar a Casa do Conselho de Estado, que acolheu os tribunais superiores do reino e as reuniões daquele órgão estatal.

Confesso que não conhecia o documento que fundamentava a dita descoberta, mas conheço vários outros que dizem coisas diferentes e indicam outro espaço que teria tido a mesma função em época anterior à do documento agora referido.

Já disse anteriormente que a utilização dos espaços num palácio tão antigo foram mudando ao longo dos tempos, por isso é muito arriscado atribuir uma função específica a algum deles sem ser controverso.

Segundo Ignácio de Vilhena Barbosa, no seu livro Monumentos de Portugal dizia o seguinte: “El-rei D. Sebastião também frequentava Sintra… é a sala do conselho, onde D. Sebastião presidiu pouco antes da sua partida para a fatal jornada de África ao último conselho que alli tiveram os nossos reis.” Refere-se o autor à actual Sala da Audiência.


 

O Visconde de Jerumenha, João António de Lemos Pereira de Lacerda, no seu livro Cintra Pinturesca, também afirma que D. Sebastião aqui fez a conferência onde anunciou a empresa africana, quiçá a última antes da partida, precisamente na Sala da Audiência.


 

Tal como o Conde de Sabugosa também eu coloco algumas reticências ao que estes dois distintos autores afirmam devido a alguns pormenores da sua narrativa, e também porque não consegui cruzar dados com escritos feitos pelos autores coevos (cronistas) que se debruçaram sobre a vida de D. Sebastião.

A designação do espaço que foi Eirado da Audiência ou Sala da Audiência talvez nos conduza a considerar ser este o local de diversos momentos importantes da no História, não só esta trágica decisão de D. Sebastião, como também de ter sido ali que D. João I recebeu os seus espiões que foram a África para preparar a conquista de Ceuta.

É muitas vezes difícil distinguir a tradição da realidade quando os dados são incompletos ou confusos, mas este é também o desafio com que defrontam as pessoas que tentam chegar à verdade indiscutível...

 (Este artigo poderá ter continuação, L. Conceição)

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