A tentação
A tentação de atribuir um uso a cada sala deste palácio é compreensível e natural, contudo a utilização do mesmo durante vários séculos enquanto residência de Verão, torna a tarefa impossível, quer pelas obras ordenadas por diversos monarcas, quer pelos restauros resultantes de fenómenos naturais, ou mesmo degradação de espaços que obrigaram a obras de manutenção durante todo este tempo.
Falei anteriormente dos Aposentos de D. João I, mas podia falar também na antiga Sala de César, da Sala das Colunas, da Sala das Galés, ou até da Sala Manuelina, para mencionar apenas algumas das divisões mais conhecidas deste Paço Real.
Durante vários anos coube-me a tarefa de chefiar muitos jovens, e não só, que tinham por tarefa vigiar e informar (dentro dos seus conhecimentos) o público que visitava este palácio, por isso tentei sempre passar a mensagem de que as designações por que estavam indicadas as diversas salas se deviam à sua decoração, quer pelo mobiliário, peças decorativas móveis, ou mesmo fixas como pinturas de tectos ou azulejos.
Quem esteja por dentro da História deste palácio sabe que na década de 40 do século passado, e pela mão do Arq. Raúl Lino, foram efectuadas obras de restauro e de decoração dos espaços para os adequar às visitas do público, e como os recursos não eram muitos, recorreu-se a técnicas discutíveis, e a peças que estavam em depósito noutros locais ou adquiridas para o efeito.
Pessoalmente nada tenho contra quem procura associar certas utilizações aos espaços, em determinadas alturas, até porque isso implica trabalho de investigação sobre o assunto, mas devo salientar que essas atribuições não podem ser consideradas como únicas durante todo o tempo em que o Paço foi utilizado pela monarquia portuguesa.
(Este artigo poderá ter continuação, L. Conceição)
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