Marcelo Rebelo de Sousa já percebeu o erro que cometeu ao anunciar antes do tempo a dissolução do Parlamento se o Orçamento de Estado não fosse aprovado. Isso veio a acontecer e o Presidente viu-se forçado a avançar com a dissolução e a marcar as eleições legislativas.
O Presidente afirmou anteriormente que era necessário ter eleições o mais depressa possível para clarificar a situação e porque era preciso ter um OE e um governo com condições para aplicar os dinheiros do PRR.
As explicações dadas agora por M.R.S. para a escolha da data de 30 de Janeiro, por causa da campanha eleitoral e dos debates, são pobres, porque a maioria dos portugueses não ligam nada à campanha e muito menos aos debates. O motivo desta escolha foi claramente para dar mais uns dias à direita que está em frangalhos, por causa das lutas internas causadas, por novos candidatos à chefia tanto do PSD como do CDS, que surgem agora que lhes cheira a poder, sendo de realçar que ambos candidatos recusaram ir a votos nas eleições anteriores pois então o poder não estava no horizonte.
Com esta decisão Marcelo já começou a ver que o mais provável é voltar a ter o mesmo problema daqui a uns tempos e isso viu-se bem nas entrelinhas do discurso escrito (nada habitual). A certeza e a estabilidade a que se referiu estão ainda mais incertas, e se podemos vir a ter um Governo em Março, o Orçamento de Estado na melhor das hipóteses só estará em vigor lá para o meio do ano, e se for chumbado (o que é uma probabilidade) qual será a decisão do Presidente? Novas eleições, exigência dum novo OE, nova dissolução com eleições ou um Governo da sua iniciativa?
O berbicacho que agora tem entre mãos podia ter sido evitado com a presentação dum novo OE, ou até com a abstenção do PSD na generalidade, caso Marcelo não tivesse atirado a responsabilidade só para a esquerda (Costa também já tinha dificultado esta opção).
Sem comentários:
Enviar um comentário