Falar de D. João VI sem ser por
causa da ida para o Brasil, por causa das perninhas de frango, dos órgãos de
Mafra ou da sua esposa, é uma tarefa delicada, mas ligar este rei a um trono
muito diferente do usual, é estranho.
O rei não era propriamente um símbolo
de boa saúde, porque tinha problemas digestivos, problemas de locomoção, e
ainda, facto menos divulgado, problemas de audição.
Hoje venho falar-vos do “trono
acústico” de D. João VI, feito por encomenda real por F. C. Rein, um fabricante
inglês de aparelhos auxiliares de audição. O conceito não era novo, já tinha
sido inventado um século antes por M. Duguet, para doentes franceses com alto
grau de surdez.
Este “trono” era constituído por
uma cadeira ao estilo da época, em que os braços eram perfurados terminando com
a forma de cabeça de leão de boca aberta, formando condutas que se encontravam
nas costas da cadeira, ao qual estava ligado um tubo flexível com um terminal
idêntico aos actuais auscultadores, que o rei podia introduzir no seu pavilhão
auditivo.
O método discreto de disfarçar
a dureza de ouvido, ajudava o monarca durante as cerimónias do beija-mão, em
que os súbditos se ajoelhavam diante do rei, falando assim ao mesmo nível dos
braços da cadeira.
Infelizmente não se conhece o
paradeiro deste “trono acústico”, mas conhecem-se réplicas do mesmo em
Inglaterra, e seria interessante ter uma réplica num dos nossos museus ou
palácios, possivelmente no de Mafra, que tem bastantes pontos de ligação a D.
João VI.
Trono
Costas da cadeira Terminal
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