quarta-feira, dezembro 13, 2006

PATRIMÓNIO À DERIVA

No passado dia 7 foi entregue no gabinete da ministra Isabel Pires de Lima um documento, no qual alguns profissionais das áreas de arqueologia, museus, conservação e restauro e ambiente manifestam a sua “profunda preocupação” perante a nova Lei Orgânica do Ministério da Cultura.
Há já diversos anos que muitos de nós temos vindo a alertar para um processo de desmantelamento deste ministério, que começou pelas estruturas básicas de funcionamento, pessoal auxiliar, pessoal operário e guardas de museu.
Muitos não quiseram ver, embora lhes tenha sido transmitido repetidamente, que as limpezas por empresas privadas iriam ficar mais caras, o que se pode constatar facilmente, e que o trabalho pela sua especificidade, em muitos serviços, iria ser de pior qualidade, o que também é indesmentível. Nos jardins de palácios e monumentos, é lamentável que por falta de jardineiros do quadro o seu estado seja simplesmente lamentável, apesar de se gastar dinheiro contratando serviços externos que por serem caros e esporádicos não resolvem de modo nenhum a falta de manutenção diária.
Na área de atendimento, bilheteiras, lojas e vigilância há já uma boa dezena de anos que não se fazem concursos de admissão de pessoal, recorrendo os serviços a pessoal contratado, a POC’s, a objectores de consciência (até à dois anos) e a recibos verdes para suprir necessidades permanentes de serviço, ao arrepio da lei vigente, sob pena de ter de encerrar parcialmente espaços ao público ou mesmo encerrar museus e monumentos durante o período de almoço diminuindo os horários de abertura.
O caso do Palácio Nacional da Pena e a aberração da sociedade anónima Parques de Sintra Monte da Lua, que apesar de arruinada e de ser devedora de uma mão cheia de milhares de euros ao IPPAR, segundo se diz pelos corredores do próprio ministério, que agora pode (há quem o afirme a pés juntos) vir a gerir o próprio monumento, foi um caso que foi denunciado e sobre o qual ninguém se pronunciou para o explicar.
Mais vale tarde do que nunca, diz o povo, e agora já há quem se preocupe com o destino do Património nacional edificado que vai ser pulverizado por Direcções Regionais sem capacidade para acorrer suas às necessidades, abrindo-se o caminho para outras formas de gestão, quem sabe se locais se privadas.
É uma pena que os sinos só toquem a rebate quando o desastre já está em curso e quando as soluções têm de ser destemidas e bastas vezes de força.
Pela defesa do Património.

2 comentários:

  1. O guardas de museu bem avisaram mas sempre foram diabolizados quando faziam greve. Agora já há quem sinta as barbas a arder...

    ResponderEliminar
  2. Alienar o Património tem sido corrente com os últimos governos, agora já quase que só faltam os museus e monumentos nacionais!

    ResponderEliminar