
Nos nossos dias aquele comportamento é considerado condenável e reprovável, mas subsistem comportamentos igualmente inquisitórios e repressivos, com pretextos os mais diversos de ordem de saúde pública ou de segurança, cujos processos rivalizam com os de Tomás de Torquemada.
Os delatores, as polícias e os legisladores dos costumes estão por aí, proíbe-se a venda do rissóis e croquetes caseiros em cafés, fiscalizam-se as colheres utilizadas nas cozinhas, as luvas de plástico com que se manuseia a carcaça e a torrada, as cores dos cabos das facas utilizadas nas cozinhas e verifica-se se o chouriço lá terra, curado no fumeiro está devidamente embalado no vácuo. As castanhas só podem ser assadas e vendidas em carrinhos devidamente normalizados, os cartuchos também devem obedecer às normas impostas, tudo obedece às caprichosas normas impostas por Bruxelas.
Os senhores burocratas com assento em Bruxelas, não conhecem os couratos fritos, ou as alheiras de Mirandela, muito menos conhecem o sabor dos enchidos curados no fumeiro, sobre os quais legislam furiosamente, mas bebem alegremente um jarro de vinho num qualquer restaurante de Paris, comem as trufas que os porcos descobrem enterradas, e deliciam-se com queijos onde se mistura bolor e outras coisas que tais, mas que custam os olhos da cara e ostentam uma qualquer marca que lhes disseram ser de prestígio.
O ridículo não mata, senão teríamos uma razia pelos corredores da União Europeia, que não conseguindo democraticamente impor a sua vontade, enveredou pelo caminho indirecto das normas que visam formatar os povos, independentemente da sua história e da sua Cultura, para dentro de uns anos vir assegurar que a diversidade está completamente esbatida, e que temos muito mais coisas em comum do que alguns possam pensar.
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