Sempre admirei aqueles que nos fazem sentir culpados do que dantes nos
julgáramos inocentes. A culpa é uma riqueza, à qual se vai acrescentando. O
resultado oscila entre a lista telefónica e as Obras Completas mas pesa sempre.
Os grandes mestres são os nossos pais e os nossos filhos -
ambos mostram de onde veio a inspiração para o pecado original. Ora se é
culpado por ter nascido e interrompido, ora se é culpado por ter dado a nascer
e não se ter interrompido tanto quanto precisariam os nascidos. A culpa não é
uma coisa que se tenha, como um pescoço. É uma coisa que se transmite, como uma
gripe. Tanto faz ser-se inocente ou culpado «à partida», que tem aspas porque
não existe. Os malvados constipam-se tanto como os bonzinhos. Mas ambos são
vulneráveis à ideia que até fizeram por isso e merecem pagar. Até com as
lâmpadas de casa de banho acontece. Não há domínio de banalidade que a culpa
não contamine. Tenho passado, nos últimos anos, várias semanas, dispersas no
tempo, sem luz na casa de banho. Uso pilhas e a luz da lua, quando é oferecida.
Depois aparece o electricista que é afoito e resolve tudo num segundo. Não
desaparece, contudo, sem bafejar-me primeiro com o ónus da culpa.
Miguel Esteves Cardoso
O que vês, Maria? Túnel, Pinóquio...
Tás doido? Pára de fabricar Pinóquios...
MEC é impagável...e a culpa vem da cristandade, cujo deus faz crucificar o seu filho(que curiosamente também é deus intrisecamente)para redimir quem peca.
ResponderEliminarO pior é repetir a graça de vez em quando, como no caso de Jacinta e Francisco em Fátima.
Como é possível ainda alguém crer em estórias destas?!
Tudo de bom.