Alguns dos meus últimos artigos têm-se virado para problemas económicos e para as soluções encontradas pelo Governo para lhes acudir, que muitas vezes são mais do que questionáveis.
Quando a economia corre mal, todos os sectores se ressentem da situação e por essa via, os mais desprotegidos são sempre os que mais sofrem com isso. Nos tempos que correm, e devido às políticas levadas a cabo na última década, os ricos estão cada vez mais ricos e, com a quase extinção da classe média, há cada vez mais pobres.
Os pobres de hoje já não são apenas os sem abrigo de há algumas décadas atrás, ou os marginalizados e os desempregados. A pobreza agora atinge muita gente com empregos mal remunerados, muitos trabalhadores precários, com contratos a prazo ou com recibos verdes, muitos jovens que não conseguem entrar no mercado de trabalho e muita gente de meia idade, considerados velhos para arranjar colocação e muito novos para se poderem reformar.
A pobreza envergonhada é a cada dia que passa mais visível, mas ainda há quem defenda com unhas e dentes o sistema que nos trouxe a este ponto. Defendem ainda mais precariedade no trabalho, o investimento não produtivo, para não dizer especulativo, como o caso do BPP, e menos Estado, embora a ele recorram sem nenhuma vergonha, como agora acontece.
Será que a grande maioria dos portugueses, que vêem com apreensão o seu futuro e o dos seus filhos, continua a acreditar neste sistema, onde aos reais problemas de subsistência, apenas resta a caridade de instituições como o Banco Alimentar e as Misericórdias, bem como outros projectos comunitários, bem intencionados, é certo, mas que distribuem apenas as esmolas que vão angariando junto dos que ainda podem contribuir com algo para ajudar os que estão em grandes dificuldades?
Não é este o futuro que eu quero para os meus filhos e netos. Não acredito em socialistas e sociais-democratas que se dizem liberais quando as coisas correm de feição, e metem a viola no saco quando as coisas ficam negras e chupam sem vergonha o dinheiro que devia servir para prover aos mais necessitados. Foi este sistema que causou tudo isto. Alguém acredita que possa mudar, se os protagonistas são os mesmos? Não com o meu voto!
