Estar a aproveitar momentos de repouso em boa companhia à espera do Natal e das visitas dos filhos e netos, não implica forçosamente estar arredado das notícias do rectângulo. Quase tudo que ouvi e li era mais do mesmo, ou seja, politiquices a que me devo alhear.
A minha atenção caiu sobre apenas duas notícias, uma sobre a opinião de Marinho Pinto sobre a criminalização do enriquecimento ilícito e outra sobre uma acusação do Ministério Público que pende sobre antigos gestores dos CTT e a sua gestão que é considerada danosa.
O hábito em Portugal tem sido aparecer um novo “caso cabeludo” sempre que o anterior começa a “chamuscar”as barbas de gente graúda. Claro que tudo se arrasta por tempos infindáveis e a culpa acaba sempre por morrer solteira, e mesmo quando há alguma pena essa é sempre suspensa ficando as coisas por isso mesmo.
Quanto à opinião do senhor bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto, que afirmou que a criminalização do enriquecimento ilícito «não terá eficácia», e as suas dúvidas sobre se a lei vai ser aplicada a todos por igual, ou não, posso dizer que fiquei completamente atónito. A resposta contudo estava mais abaixo, nas palavras do próprio bastonário: «Não será altura de parar de mexer nas leis e começar a mexer nos magistrados e nas polícias? Não será altura de deixar as leis penais em paz e 'corrigir' os magistrados que temos?».
Afinal temos uma guerra entre advogados e juízes, muito para além das querelas políticas, e por isso não se fazem leis correctas e aplicáveis, apesar de alguns dos protagonistas do processo penal saberem bem porque que é que tudo vai falhar, mesmo antes de a lei ser conhecida, discutida e colocada em vigor.
É grave, muito grave aquilo que Marinho Pinto diz hoje sobre o futuro. Aos agentes da Justiça pede-se que saibam conjugar esforços na defesa dos cidadãos, do bem público e das leis que para isso existem ou venham a existir. O dinheiro por vezes tolda um pouco o discernimento de alguns, mas os cidadãos esperam que isso não afecte a Justiça e os seus actores, senão é a Democracia que está em risco.
Há pessoas que merecem que a sua memória seja respeitada e por isso mesmo, alguém devia apresentar desculpas públicas aos internautas e aos familiares do Zeca.
Não consigo resistir à tentação de vos deixar aqui "Vampiros" do Zeca Afonso, quanto mais não seja para recordar os responsáveis do portal em questão, o SAPO, de parte da obra deste português.
