Trabalhar com turistas e com
pessoas que de algum modo estão ligadas ao turismo, com ou sem preparação para
tal, faz-nos ouvir de tudo sobre os hábitos de higiene do povo e da realeza
portuguesa, e muitas vezes não gosto do que ouço.
Em Sintra lá surgem os relatos
dos viajantes ingleses que descrevem a falta de higiene em Lisboa, como se isso
fosse um exclusivo desta capital, e Londres fosse muito diferente.
Em Mafra somos presenteados com
os piolhos do D. João V e com a comitiva real que aporta ao Brasil
completamente infestada de parasitas.
Confesso que nunca ouvi em
qualquer país europeu dizer-se em visitas guiadas relatos desta natureza, e no
entanto sabe-se que a higiene nas cidades europeias e nas diversas cortes dos
reinos mais importantes, era semelhantes, para não dizer ainda pior.
Tanto no Escorial como no
Palácio Real de Madrid nunca ouvi falar na morte de Filipe II de Espanha (I de
Portugal) devido a um ataque de piolhos. Em Inglaterra nunca ouvi nenhum guia
local mencionar que os cães de Carlos II dormiam numa cama no seu quarto
privado, em França nunca ouvi dizer que Luís XIV só tomou 2 banhos na sua vida,
ou que em Versalhes era comum as senhoras “subirem a saia e fazer as suas
necessidades, e que os homens as faziam junto ao corrimão, e até no meio da capela
real".
Por vezes frase ditas fora do
contexto, que é a (falta de) higiene na Europa, desde a Idade Média até à
segunda metade do século XIX, nos levam a pensar que os maus hábitos eram
exclusivos dum ou doutro país ou corte, o que é evidentemente errado.
Felizmente temos muitos guias
competentes e conhecedores, mas vão surgindo por aí pretensos guias e
animadores turísticos que dizem coisas que além de serem erradas dão uma má
imagem deste país.
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Palácio de Hapton Court
Galeria dos Espelhos Versalhes
É bem verdade, mas se lermos O Memorial do Convento, antes de visitarmos o monumento nada do que nos digam em relação à higiene nos surpreende.
ResponderEliminarAbraço