segunda-feira, janeiro 30, 2006

REFLEXÕES

A chamada economia de mercado, as teorias liberalizantes da moda e o discurso dos governantes de que o mercado se regula a si próprio, fazem com que sinta um grande arrepio ao pensar que tudo pode estar profundamente errado. A juntar a estes conceitos ainda há a mitificação do indivíduo de sucesso que oblitera por inteiro a acção e a cooperação do conjunto de pessoas que intervieram no processo bem sucedido.
A sociedade actual tende a ser demasiado individualista, para não dizer egoísta, e tende a esquecer o colectivo glorificando apenas o indivíduo. Para alguns é apenas um sinal dos tempos, o resultado das pressões do mundo moderno, contudo quando as coisas correm mal e o insucesso é muito claro, não é o chefe ou o patrão que assume a responsabilidade pelo sucedido, antes proclama a sua inocência atirando as culpas à conjuntura, à concorrência desleal e às fracas prestações dos colaboradores.
É por tudo isto que as sociedades, no seu processo de desenvolvimento, criaram estruturas públicas (o Estado) para exercerem funções de regulação, redistribuição da riqueza, manutenção da ordem, garantir os direitos e liberdades, etc. O liberalismo moderno é em si mesmo a antítese de tudo isto, não o apregoando mas esvaziando o Estado, incapacitando-o por isso para o exercício das suas funções naturais.
A resultante desta problemática resume-se a uma única pergunta: com o esvaziamento do Estado tal qual o conhecemos, e pelo que estamos a assistir, qual a necessidade de haver políticos, de pagar impostos e de eleger quem pretende fazê-lo?
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domingo, janeiro 08, 2006

NA HORA DO ADEUS

Há alturas em que é forçoso travar alguém que teima em comportar-se como um elefante numa loja de cristais, escaqueirando tudo ao seu redor. A senhora ministra da Cultura tem conduzido a sua actuação dum modo perfeitamente desastrado, demonstrando enorme falta de tacto e desconsiderando sistematicamente os agentes culturais.
A comunicação social tem dado eco ao diferendo com o comendador Berardo, à destituição no CCB e mais recentemente à trapalhada do Teatro Nacional. Não são só estas as trapalhadas da senhora, pois na área do Património nem sequer se dignou a receber os trabalhadores com um mínimo de dignidade nem sequer atendeu o pedido de tolerância na véspera de Natal, que daria a única oportunidade do ano para os guardas de museu passarem com os familiares a maior festa da família.
Já vai tarde, é o único comentário possível. O seu legado para o sucessor também não é invejável, por mim e por muitos outros já deverá tomar posse com uma greve marcada para a véspera de Natal de 2006, é que há coisas que não se esquecem.