segunda-feira, agosto 28, 2017

O MÉRITO E A MOTIVAÇÃO



Não devia ser preciso repetir que a produtividade de qualquer trabalhador, ou equipa de trabalho, depende e muito da motivação que lhes é incutida e do reconhecimento do mérito, por parte das chefias e da entidade empregadora.

Quando se ouve agora falar no descongelamento das carreiras da função pública, confesso que me dá vontade de rir, porque não passa de discurso para entreter, ou como diria Jerónimo de Sousa, encanar a perna à rã.

Na função pública existem basicamente 3 categorias profissionais, a saber os técnicos superiores, os assistentes técnicos e os assistentes operacionais. Para além destas categorias só temos as posições de chefia de cada grupo profissional, lugares a que nem todos podem aceder, como é evidente.

Deixei de lado as carreiras específicas, bem poucas como se sabe, e que têm particularidades mais difíceis de explicar.

Começo por dizer que foi uma asneira transformar o que existia no passado, simplificando de tal modo as coisas que agora é praticamente impossível premiar o mérito, criando diferenças entre quem entra na carreira e quem mostrou consistentemente a sua competência, e que não tem que, forçosamente, ter características ou perfil de liderança para chefiar grupos de trabalho.

Chegados a isto, resta como prémio de consolação, o descongelamento dos escalões, onde na realidade conta mais a antiguidade, e a graxa, do que o mérito, porque as classificações de serviço continuam a ser uma farsa.

Querem motivação? Assim não vamos lá!...



sábado, agosto 26, 2017

O PRIMEIRO LIVRO DE RECLAMAÇÕES ERA VERDE



Como se sabe o rei D. Pedro V foi um rei bastante popular por diversas razões, sendo que as mais conhecidas são o interesse pelo ensino, as muitas visitas aos doentes por altura das epidemias de cólera e de febre-amarela, pelo interesse mostrado pela abolição da escravatura, pela inauguração do primeiro telégrafo, ou pela inauguração do caminho-de-ferro entre Lisboa e o Carregado.

Existe um pormenor menos conhecido da vida deste monarca, que teve que reconciliar o povo com a família real depois da guerra civil, que foi o ter mandado colocar uma caixa verde à porta do Palácio da Ajuda, cuja chave estava na sua posse, para que os portugueses pudessem, com toda a liberdade, depositar lá as suas queixas e as suas esperanças.



quinta-feira, agosto 24, 2017

D, PEDRO V

Estando a reunir dados sobre D. Pedro V, eis que descobri algumas imagens pelos meus arquivos, que hoje vos deixo por aqui, pois também alguém os partilhou algures para meu deleite.

D. Pedro V e seu irmão D. Luís brincando na Sala dos Cisnes do Paço de Sintra - William Barclay Jr., 1843
Retrato de D. Pedro V em 1860 -  Palácio Nacional de Mafra

Navio negreiro francês Charles et Georges, apreendido por Portugal em 1859 junto à costa de Moçambique

terça-feira, agosto 22, 2017

SINTO-ME MUITO VELHO



Quando andava no ensino primário, na escola os rapazes e raparigas estavam em turmas separadas, e isso nunca incomodou ninguém. Quando entrei no liceu, e a partir do sexto ano, as turmas passaram a ser mistas e também isso não parecia incomodar as pessoas.

Na actualidade é recriminado quem diga, ou classifique, um determinado brinquedo como destinado a rapazes ou a raparigas, e quem faça livros de exercícios expressamente para rapazes ou raparigas, pois será inevitavelmente acusado de discriminação.

As opções sexuais de cada um são do foro pessoal, e nada me preocupam as suas escolhas, estou mais preocupado com tarados e com extremistas, e esses continuarão a esconder os seus desvios da normalidade, seja lá isso o que for.

Espero que gostar de mulheres, da minha muito em especial, e de preferir cães a gatos, não me transforme num ser intolerante aos olhos da sociedade, mas já tenho algum receio…


Idade by Palaciano

domingo, agosto 20, 2017

BIBLIOTECAS - CURIOSIDADES



No mês de Julho o Público anunciava que Portugal vai ser o país tema da Feira Internacional do Livro de Guadalajara em 2018, e que o orçamento disponibilizado para a participação portuguesa vai ser de 2,5 milhões de euros.

Neste mês de Agosto a revista do Expresso de dia 19 voltava ao assunto, fazendo referência à falta de investimento e de atenção dada à Biblioteca da Ajuda, onde os leitores rapam frio no Inverno, e tudo escasseia para um funcionamento digno desse nome.

Podia falar-se da Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra, que parece estar a cavalgar a crista da onda do aumento das visitas, mas que todos sabem estar a ser colocado em risco o seu espólio, exactamente por causa do excesso de visitantes, que alteram o ambiente do espaço, facto que não parece incomodar os responsáveis pela biblioteca.

Falar da Biblioteca do Convento de Mafra também é uma possibilidade, pois no Inverno gela-se lá dentro, que o digam os guardas do espaço, que nem se podem aquecer porque não existem aquecedores nem tomadas.

Porque na Cultura a segurança é tratada com demasiada ligeireza, e não apenas nos monumentos, o que foi feito nestas bibliotecas em termos de segurança contra incêndios? Quais os dispositivos existentes?

As nossas bibliotecas são maravilhosas e deviam orgulhar-nos, mas a política miserabilista que tem sido seguida não condiz mesmo nada com o anúncio de despesas de 2,5 milhões num certame internacional, por muito prestigiante que seja.


O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, com o ministro da Cultura, Luís Filipe de Castro Mendes e pelo presidente da FIL, Raúl Padilla López no início da cerimónia de formalização da participação de Portugal como país convidado de honra na Feira Internacional do Livro de Guadalajara. Lusa/António Pedro Santos

sexta-feira, agosto 18, 2017

SUPREMACIA MORAL



Está cada vez mais na moda ouvir uns iluminados que resolvem demonizar o que os portugueses fizeram desde o tempo das descobertas até ao 25 de Abril, como se devêssemos estar envergonhados com a nossa História, e não raras vezes socorrem-se dos piores argumentos, a raça ou a cor.

Os portugueses são, todos o sabem, o resultado de um vasto cocktail de raças, umas que por cá se instalaram, outras que ciclicamente nos invadiram e dominaram, e outras com quem voluntariamente nos fomos mesclando após a época das descobertas. Como se percebe são muitos séculos de História e de miscigenação.

Os contactos com outros povos nem sempre foram do tipo que hoje consideramos moralmente correctos, mas à luz dos tempos foram idênticos e proporcionais aos que se praticavam pelas paragens por onde andámos, pelo que não os podemos julgar pelos padrões morais, ou religiosos dos nossos dias.

Uma frase do tipo, “Portugal não é branco, nem em primeiro lugar dos brancos”, explica bem o que mais detesto nesta gente que se exibe como supremacista moral. Será que algum deles se imaginou, por um segundo que fosse, nos sapatos de quem criticam, na mesma época e nas mesmas condições?