segunda-feira, outubro 31, 2016

PALÁCIO DE MAFRA. O ABANDONADO

Numa altura em que o turismo está numa fase de crescimento é lamentável que na Cultura não se esteja atento às potencialidades dum monumento que poderia ter mais protagonismo na captação de públicos, como acontece com o Palácio Nacional de Mafra.

Existem boas notícias com o restauro da Sala de Audiências, resultado do mecenato da Fundação Millenium BCP no valor de 50 mil euros, que vão resultar na recuperação das pinturas murais desta sala.

As más notícias são mais, infelizmente, porque o restauro dos carrilhões ainda não tem datas para acontecer, as visitas aos terraços também não constam das opções de visitas, as visitas que já existiram à Cozinha do Convento, à Sala do Capítulo e a outras zonas que estiveram ao alcance dos visitantes continuam a não existir, apesar da procura.

Também é estranho que o Museu de Escultura Comparada, inaugurado na década de 60 do século passado, mas permanentemente fechado ao público, continue sem poder ser uma opção dos visitantes.

Este monumento sofre bastante pela partilha de diferentes inquilinos, Câmara Municipal de Mafra, Escola de Armas e Direcção Geral do Património Cultural, e outras que eu nem sei se podem condicionar um melhor funcionamento.


Desde a direcção de Ayres de Carvalho, o Palácio de Mafra tem sido difícil de gerir pela distância que sempre teve dos centros de decisão, primeiro os Monumentos Nacionais e depois o Ministério da Cultura ou os seus substitutos. Pode ser que agora quando comemoram os 300 anos do lançamento da 1ª pedra deste monumento, as coisas comecem a mudar.



sábado, outubro 29, 2016

OBVIAMENTE, DEMITO-O

Não estou a pensar em falar, hoje, de Humberto Delgado, apesar da autoria desta frase, mas sim da polémica da equipa escolhida para comandar a Caixa Geral de Depósitos.

A escolha da equipa de António Domingues para a administração da CGD, até nem é o que está em causa, já as condições em que esta está preparada para funcionar, causam uma grande celeuma, e o caso não é para menos.

Os salários elevados obrigaram a uma alteração lei de excepção, o que já era um mau sinal, mas o facto do presidente nomeado se mostrar disposto a não apresentar a sua declaração de rendimentos, alegando um parecer jurídico, é inconcebível e impossível de sustentar, exactamente porque o banco não é da propriedade do governo, mas sim dos portugueses, independentemente das suas preferências políticas.


Um qualquer gestor de qualquer banco tem que merecer a confiança da maioria dos seus accionistas, e António Domingues parece não ter isso em conta, pelo que o caminho da saída é o único que lhe resta, depois de ter publicamente negado apresentar a sua declaração de rendimentos.


quinta-feira, outubro 27, 2016

A SALIVA CONSERVA PINTURAS

Todas as pinturas necessitam de conservação porque ao longo do tempo são “atacadas” por diversos elementos externos, desde a temperatura, a humidade, a luminosidade, o pó etc…

Os museus de todo o mundo recorrem a especialistas em restauro e conservação, para manter as obras de arte em condições de estar expostas ao público em locais adequados.

Num dos principais museus do mundo, o MoMA, uma das conservadoras mais influentes do mundo, revelou a utilização duma técnica pouco convencional, que se resume à utilização de saliva para a limpeza de algumas pinturas.


Diga-se que é preciso muita coragem para anunciar publicamente uma técnica pouco convencional, a que se deu o nome de “solução de enzimas”.

Pormenor Coche By Palaciano (*)

terça-feira, outubro 25, 2016

A TRAPALHADA DA CGD

A Caixa Geral de Depósitos é um banco público, e como tal devia estar ao serviço dos portugueses, mas os sucessivos governos têm usado e abusado do banco, e julgam-se "donos", apesar da factura ser sempre paga pelos cidadãos, que por sua vez também apresenta aos seus clientes uma factura pelos cartões de débito, que é a segunda maior do mercado, e que se situa acima da média praticada pelo sector.

É também no banco público que se vão praticar salários "modestos" ao presidente e restantes gestores, que estão fora do que existe para os gestores públicos, acrescidos de prémios e tudo isso acumulável com pensões de outros lados. O ouro do Brasil já se esgotou, mas parece que há quem ainda não o tenha percebido...


domingo, outubro 23, 2016

DOUTRINA M.S.T.

Portugal é um dos países onde as desigualdades são mais gritantes, e onde os impostos são mais injustos, mas há pessoas que preferem ter uma visão mais centrada no próprio umbigo, do que tentar perceber que existem muitos outros que estão em situação bem pior, e desesperam por falta de esperança num futuro melhor.

A leitura dos escritos de Miguel Sousa Tavares revolta as entranhas de qualquer cidadão com um pingo de sensibilidade social, porque na sua defesa usa argumentos simplesmente vergonhosos.

Perante críticas de um leitor, MST não hesita em afirmar que o seu crítico devia fazer parte dos 53% de portugueses que pagam zero de IRS, e que apesar de pagarem IRS cerca de 47% dos contribuintes, são os 10% dos que mais recebem que contribuem com 70% de todo o imposto.

A bravata de MST, que se julga um injustiçado relativamente à maioria dos portugueses, é tão ignóbil que até mete dó. Para além da ignorância demonstrada, porque a maioria do dinheiro recolhido pela via fiscal advém dos impostos indirectos, onde contribuem todos, independentemente dos rendimentos, também parece ignorar que os tais 53% dos que não pagam IRS, gostariam de o pagar, mas infelizmente não auferem o suficiente para serem taxados.


Só por óbvia boçalidade pode um indivíduo sentir-se prejudicado por haver quem não pague os mesmos impostos por ter muito menos rendimentos, e é ainda mais revoltante que quem tem tribuna em mais do que um meio de comunicação social, a use para difundir ideias tão desprovidas de razoabilidade.

sexta-feira, outubro 21, 2016

O MÉRITO E A RESPONSABILIDADE

Todos sabemos que a banca nacional, pública e privada, nos tem custado os olhos da cara, e que a grande maioria (existe uma excepção) dos gestores, continua por aí como se nada se tivesse passado.

A notícia política do dia de ontem foi sobre o salário dos administradores da CGD, que é um banco que necessita do dinheiro dos contribuintes portugueses, mas onde se vão praticar salários (para administradores), em linha com os da banca privada.

Não sei porque é que António Costa acha que é um ordenado justo, até porque o administrador escolhido ganhava bem menos, e também porque os salários dos bancos com ajudas estatais deviam ter o salário cortado em 50%.

É revoltante que o PS e o PSD tenham viabilizado esses salários, e que não tenham tornado públicos os objectivos de gestão impostos, se é que os há. Dois partidos que falam de méritos dos trabalhadores e de produtividade, e não se preocupam em responsabilizar os gestores que escolhem, com salários escandalosos, para empresas públicas, enquanto aprovam o despedimento de trabalhadores que não atinjam os objectivos estipulados, por inadequação à função que desempenham.

O facto do salário ter sido uma exigência do escolhido, que obrigou a alterar uma lei, revolta qualquer cidadão comum, senhor 1º ministro!


Não admira que tantos políticos passem depois por lugares nos conselhos de administração de bancos e outras entidades financeiras…


quarta-feira, outubro 19, 2016

A GESTÃO DO PATRIMÓNIO

Achei interessante uma entrevista feita ionline ao empresário Álvaro Covões, a propósito da ideia da criação do Quartel da Cultura, a criar na Calçada da Ajuda no antigo quartel dos Lanceiros.

Embora seja evidente que estamos perante um empresário, que naturalmente vê oportunidades de realizar negócios lucrativos, enquanto eu não encaro a Cultura como fonte de lucro como primeira prioridade, na realidade vejo que existem alguns pontos em comum na opinião que temos quanto à falta de visão na obtenção de receitas, que tanta falta fazem à Cultura, para se afirmar como sector importante na economia nacional.

O espírito de “quintinhas” existente na nossa sociedade, e muito instalado no sector do Património, faz com que cada um defenda o seu quintal e não consiga encarar a colaboração como uma mais-valia. A colecção SEC gerou uma disputa fratricida e uma demissão, os Mirós foram parar ao Porto, e ninguém achou importante programar grandes exposições em diversas cidades com estas colecções, criando assim sinergias, porque apenas importa que fiquem à nossa guarda.

Imagine-se que o Palácio de Mafra celebra em 2017, 300 anos do lançamento da 1ª pedra, e que o Museu dos Coches tem alguns coches da embaixada ao Papa Clemente XI, enviada exactamente por D. João V, e que o Museu Nacional de Arte Antiga comprou recentemente um retrato de D. João V. Será que não é possível encontrar formas de fazer brilhar esta comemoração?

O Palácio da Vila de Sintra tem uma colecção impressionante de azulejos, o Museu Nacional do Azulejo tem azulejos de todo o tipo, e temos fábricas que reproduzem azulejos com os mesmos motivos, segundo as mesmas técnicas ou apenas com funções decorativas. Não será que podiam organizar uma exposição de que todos beneficiassem?

A DGPC e a ATL não podiam organizar encartes com mapas e fotos dos diversos museus e monumentos da grande Lisboa (zona de que falo), para distribuir no aeroporto, nos postos de turismo, em hotéis e rent-a-cars? E que tal fazer sinalética nas estradas com referência aos museus e monumentos?


Cooperação institucional, publicidade e divulgação, modernização da comunicação das instituições com os meios de comunicação social e com as redes sociais e envolvimento de todos, não só das chefias, seria um bom começo para encontrar caminhos para a saída do marasmo em que se vive  


domingo, outubro 16, 2016

COMO COMPENSAR OS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS?

Segundo o ministro Centeno neste Orçamento de Estado o governo teve que tomar opções, e fez escolhas políticas, o que deixa a justiça social em algum lado, que não dentro das opções tomadas.

Falando apenas da função pública e da continuação do congelamento salarial, bem como das carreiras, a par do aumento pífio do subsídio de alimentação, que nem sequer cobre a inflação esperada para 2016, temos um grande problema que em nada diferencia este governo do anterior.

É fácil colocar uma pergunta embaraçosa ao 1º ministro e aos líderes da esquerda que suporta o governo: visto que o último aumento salarial foi em 2009, e que até hoje os funcionários públicos já perderam 10% dos seus salários, exactamente por opções políticas, quando o executivo ponderar repor alguma justiça nos seus salários, em que percentagem ponderam aumentar quem foi castigado durante quase uma década?

Não há uma resposta justa que qualquer executivo possa dar, que seja aceite pelos restantes cidadãos, exactamente porque a corda foi demasiado esticada, durante demasiado tempo, e isso foi uma opção política, como diz Centeno, mas profundamente errada, por ser discriminatória. 

Basta recordar o que se passou com o governo de Sócrates, para se ter uma ideia do que mais cedo ou mais tarde terá que suceder, se a geringonça quiser ser alguma vez corajosa e justa com os funcionários públicos.



quinta-feira, outubro 13, 2016

DOIS MÚSICOS

Hoje é o dia destes dois senhores, o primeiro por ter ganho o Nobel da literatura, e o segundo por hoje ser o dia do seu 75º aniversário.

Parabéns!

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quarta-feira, outubro 12, 2016

OS TAXIS E A “UBERIZAÇÃO” DA ECONOMIA

Os taxistas compraram uma guerra que não podem ganhar, não só porque não conseguiram convencer a opinião pública, mas também porque se comportaram muito mal durante o protesto.

A UBER, que é a entidade mais contestada, não passa de uma plataforma tecnológica que proporciona serviços alternativos de transporte de passageiros, mas os verdadeiros prestadores de serviços são os condutores que fazem os transportes, e será que o Estado consegue fiscalizar todos os pagamentos efectuados na plataforma em Portugal? E saberá quanto recebeu cada prestador de serviços?

Estas plataformas subsistem porque há uma grande taxa de desemprego, e porque o mercado de trabalho em Portugal está desregulado, tornando-se fácil o recrutamento e difícil o controlo das receitas geradas pelo negócio.

Os diversos sectores dos serviços estão vulneráveis a plataformas informáticas que proporcionem entregas ao domicílio ou pequenos serviços de apoio ou reparações, que até já existem em pequena escala e proporcionados por grandes empresas fornecedoras de bens ou pequenas empresas de serviços.

Se o desemprego proporciona o surgimento da “uberização” da economia, e a desregulação do trabalho resulta na exploração do factor trabalho e na perda de receitas pela dificuldade em em fiscalizar todos os intervenientes neste tipo de negócios.


Não se trata portanto da inevitabilidade do progresso e da modernidade, mas sim da incompetência dos políticos… 


sexta-feira, outubro 07, 2016

O MATT E AS POLÉMICAS

A inauguração do MAAT suscitou muitas críticas e muitos comentários de todo o tipo, e o consenso não existe, até porque é uma obra encomendada pela EDP, que não é propriamente muito amada por estes dias pelos consumidores nacionais de energia.

A obra terá tido um custo de 20 milhões de euros, e o projecto foi encomendado a uma arquitecta estrangeira (britânica), factos que mereceram os maiores reparos. Se o custo da obra nos atira para o preço da energia, o projecto leva-nos a recordar um projecto da iraniana Zaha Hadid, recentemente falecida.

O facto que mais tem interessado as pessoas do meio tem sido a ausência de conteúdos, que talvez explique o facto das entradas continuarem a ser gratuitas até Março.

Projecto de Zaha Hadid

MAAT

quarta-feira, outubro 05, 2016

MAAT, OBRIGA ENCERRAMENTO DE PONTE PEDONAL

Bastou a inauguração do MAAT, com as habituais entradas grátis, para demonstrar que a linha férrea é uma barreira que dificulta o acesso entre Belém e a zona ribeirinha, porque só existe uma passagem superior para fazer a travessia, desde Alcântara até ao CCB, onde existe um túnel que permite a travessia dos peões.

A passagem superior existente junto ao novo Museu dos Coches, que também dá acesso à estação, mostrou-se pouco segura perante a multidão que a desejou atravessar neste 5 de Outubro. 

Para ser mais rigoroso, recordo que existe uma outra passagem pedonal bem junto à metálica, que ainda não foi concluída, não sei se por falta de dinheiro, se pelas burocracias envolvendo diversas entidades públicas, o que até nem seria de admirar.

Uma vez que as actuais passagens não permitem o atravessamento de pessoas com mobilidade reduzida, porque é que não se termina a passagem anexa ao Museu dos Coches? Não será melhor aproveitar o dinheiro já lá enterrado, e fazer desaparecer aquele tapume que lá está há anos? 


segunda-feira, outubro 03, 2016

A EUROPA HIPÓCRITA

A Europa castigadora que ameaça Portugal a cada dia que passa, dizendo que as regras são para se cumprir, e que quem não as cumpre tem que sofrer as consequências previstas, parece ter dois pesos e duas medidas, dependendo de quem não cumpre.

Os países que não cumprem, ou que não cumpriram as regras a nível de deficit e de superavit, são e foram mais do que muitos, e mesmo agora temos a Alemanha, a França, a Itália, e a Holanda, pelo menos, a não cumprir, para além de Portugal e Espanha, mas nem todos têm o mesmo tratamento.

As regras da União Europeia não se esgotam no campo da economia, e temos regras na liberdade de imprensa e no acolhimento de refugiados, que são quebradas por estados membros, e a Comissão Europeia limita-se a tomar nota dos factos.


A hipocrisia é imensa, é descarada e nem sequer é envergonhada, como se viu com a nova candidata de última hora à ONU. Esta Europa não nos merece qualquer respeito ou consideração.

Gaivota By Palaciano(*)

sábado, outubro 01, 2016

SOU DESALINHADO EM MATÉRIA DE AUMENTOS



Há já diversos anos que me bato contra a política de aumentos de salários em percentagem, porque acho que é um método injusto e até imoral, num país em que as desigualdades são gritantes.

Ouvir sindicatos, organizações patronais, partidos e governos discutirem mais ponto ou menos ponto percentual é constrangedor.

Se todas as organizações envolvidas na Concertação Social tivessem em atenção as desigualdades que já existem, e os montantes totais de qualquer aumento percentual, veriam que aumentos de valor iguais teriam menor impacto financeiro, resultariam em mais trabalhadores motivados e não haveria nenhum aumento das desigualdades sociais.

Já me chamaram comunista por advogar este tipo de solução em tempos de crise, e aumentos percentuais diferenciados, maiores na base e menores nas posições mais altas, em situações normais, mas como se percebe, estou “quase” sozinho nesta posição, que até é socialmente e economicamente mais racional.  


Vislumbre By Palaciano*