sexta-feira, maio 27, 2016

A PALHAÇADA DO PATRONATO

O patronato tem vindo a usar todos os meios ao seu dispor para atacar os direitos e as conquistas dos trabalhadores, tanto do público como do privado, ainda que ataque ora um, ora outro sector, dividindo para reinar. 

O ataque ao sector público resistindo ao regresso às 35 horas semanais, que até já estiveram em vigor até ao desgoverno de Passos Coelho, teve lugar em toda a imprensa escrita, falada e na televisão, dizendo que no privado todos praticam as 40 horas. É mentira, e os que ain da as têm podiam exercer o direito a ter um tratamento igual, mas isso não constava nas colunas de opinião, nos títulos dos joenais, nos debates radiofónicos ou televisivos.

Agora fala-se em compensar a não introdução das 35 horas em alguns sectores da função pública, dando mais dias de férias aos prejudicados. Estará tudo doido? Então se não há pessoal para se praticarem horários de 35 horas, há pessoal suficiente para dar mais dias de férias? Não gozem com o pessoal!

O que dizer da mudança dos feriados para a segunda ou para a sexta, mas só se calharem às quintas ou às terças? Eu pergunto o que é que se fará aos que calham às quartas, aos sábados e aos domingos? É justo fazer-se uma leitura global do conceito, ou não?

Fica também uma pergunta final para os patrões que não concedem dias de folga em possíveis pontes, ou para aqueles que obrigam a marcar um dia de férias nestas pontes, porque sairia mais caro abrir as fábricas apenas por um dia de trabalho: como iriam também gozar uns dias de férias à pála dos trabalhadores?

Será que tudo isto é apenas para "dobrar" a espinha aos trabalhadores e aos sindicatos que os representam?


quarta-feira, maio 25, 2016

UMA CÂMARA E O EXCESSO



É absolutamente estranho ouvir que uma câmara municipal tenha tomado posse administrativa de prédios para construir uma mesquita.

Estamos todos cientes de que algumas vezes o interesse público possa dar lugar à expropriação de terrenos e de edifícios, e isso tem acontecido, mas neste caso a razão é outra, pelo menos a dar crédito às notícias que circulam.

Vivemos num Estado laico, mas as coisas acabam por não ser bem assim, e vemos ajudas estatais a alguns credos, como é o caso da igreja católica, e agora também com os islâmicos, sem que se perceba bem porque é que uma autarquia exerce o direito de expropriação em favor da construção duma mesquita.

É indecente que se use o dinheiro de todos os munícipes para beneficiar apenas alguns, seja ele qual for o credo que professem, senhor Fernando Medina.



sábado, maio 21, 2016

MARCELO E AS INSÓNIAS


Porque eu também tenho direito a uns dias de férias, este espaço pode começar a sofrer com a irregularidade das postagens, mas estou certo que compreenderão. Por agora deixo-vos com esta rosa vermelha...

terça-feira, maio 17, 2016

PÚBLICO DOS MUSEUS NACIONAIS



Foi agora dado a conhecer o maior estudo realizado até hoje sobre o perfil dos visitantes dos nossos museus nacionais, e ainda que seja de aplaudir a iniciativa, é sempre possível questionar certas conclusões a que se chegou.

As questões foram colocadas numa plataforma informática, era um questionário extenso e nem todas as perguntas eram claras para todo o tipo de públicos, o que pode eventualmente ter deixado de parte um público mais idoso, menos habilitado em termos informáticos e a nível académico.

A conclusão mais questionável é a de o “público dos museus nacionais ser mais qualificado e mais jovem”, porque é necessário saber se para chegar a estas conclusões se está a contar com as escolas em período escolar e de férias dentro do período escolar anual. Claro que neste caso, não se estão a falsear resultados, mas também não se chegou às tais conclusões através dos questionários, mas sim das estatísticas de entradas.

Dentro do público estrangeiro que nos visita, não é evidente que a maioria se situe dentro da faixa dos 35 aos 44 anos, mas sim numa faixa de idades superior.

Na comunicação social também não foi dado o devido relevo à opinião muito positiva do modo como são recebidos nos museus, que também consta do estudo, mesmo sabendo-se da crónica falta de pessoal para o atendimento e vigilância, nem à critica mais recorrente, que é a da falta de informação de que padece a maioria dos museus, apesar de não existir falta de pessoal nas carreiras superiores, com a excepção da conservação e restauro.

O balanço até é positivo, porque assim sempre se pode falar um pouco mais sobre museus, sobre o seu público, mesmo que com diferentes opiniões sobre algumas coisas, o que é muito saudável.



domingo, maio 15, 2016

FALAR GROSSO

Depois dum governo apoiado pelo PSD e pelo CDS, que obedeceu cegamente a Bruxelas, chegando mesmo a ir mais longe do que lhes era exigido, veio um outro governo apoiado no Parlamento por toda a esquerda. 

A dirigente do CDS tudo faz por esquecer a posição que apoiou durante a anterior governação, e agora exige que o novo 1º ministro faça voz grossa em Bruxelas. É preciso ter muita lata!


sexta-feira, maio 13, 2016

O (DES)RESPEITO PELOS CONTRATOS

Há alguns anos atrás os contratos eram selados com um simples aperto de mão, porque a palavra das pessoas tinha valor, e a honra era um valor a ter em conta.

Nos dias que correm há contratos que não podem ser revogados, a menos que se paguem altas compensações, e são sempre entre um contratador ou prestador de serviços poderoso, apoiados em grandes gabinetes de advogados ou em governos que estão dispostos a alterar as regras segundo as conveniências.

Também existem contratos que não podem ser alterados, e são exactamente os mesmo que eu disse que não podiam ser alterados, mas agora vistos pela parte mais fraca, sem grandes meios ou simplesmente subordinada, que fica sempre em clara desvantagem negocial.

Os exemplos são imensos começando pelo Estado, que contrata funcionários com determinadas condições e direitos, mas que altera tudo quando quer. Isto é também válido para o patronato em geral, mas com regras bem mais apertadas, que são ditadas pelo Estado.

A fidelização aos fornecedores de televisão paga continua a existir, mas os fornecedores podem (e fazem-no), mudar as condições contratuais (os canais a fornecer), sempre que lhes apetece.

A ADSE altera as condições das comparticipações quando lhes dá na real gana, porque está na subordinação do Estado, apesar de ser sustentada pelas contribuições dos funcionários públicos, sem qualquer ajuda do patrão Estado, mesmo numa altura em que dá lucros chorudos.


Este é o país que temos, com os políticos em que votámos, com a Justiça que sustentamos, e que por isso merecemos!


quinta-feira, maio 12, 2016

INTERESSES CORPORATIVOS



Há indivíduos que tropeçam frequentemente no que dizem, e Passos Coelho tem tropeçado muito nas próprias palavras, dizendo uma coisa e fazendo outra, esquecendo-se do que nenhum governante se pode esquecer, e também acusando outros com palavras muito mal escolhidas.

As promessas não cumpridas já lá vão, os impostos esquecidos também, mas a acusação de que um ministro estaria a defender interesses corporativos, no caso do financiamento de estabelecimentos de ensino privados, é muito recente.

O dirigente do PSD teve muito azar nessa afirmação infeliz, porque logo a seguir soube-se quanto custa ao Estado esses pagamentos feitos a privados, quais são os maiores beneficiados e onde estão situados os tais estabelecimentos de ensino.

Passos Coelho é um azarento, porque logo de seguida ficou claro para a opinião pública quais são os interesses corporativos que estão a ser abalados, quando se começou a ver quem estava a orquestrar os protestos.

A pergunta que se impõe é: será que Passos Coelho sabe o que são corporações? Saberá ele que estar colado às corporações que agora protestam, o transformam num defensor dessas corporações?


terça-feira, maio 10, 2016

O ENSINO PRIVADO E OS DINHEIROS PÚBLICOS



Começo por dizer que frequentei o ensino privado quando muito novo, e depois, já no antigo 3º ano dos liceus, passei para o ensino público, até à faculdade, numa altura em que só existiam faculdades públicas.

A actual polémica sobre o financiamento público do ensino privado parece-me um disparate completo, uma vez que por definição, o que é privado não deve ser pago com dinheiros públicos, ponto final.

Por experiência própria sei que há bons professores no público e no privado, e que alguns podem pagar o ensino privado, que se pode diferenciar por actividades extra, como aulas de estudo acompanhado, natação, equitação, e outras actividades, que não são uma característica do ensino público. O ensino público, desde que o dinheiro público não seja disperso pelos privados que vivem à custa do Estado, também poderá proporcionar um ensino de qualidade, com instalações dignas e docentes motivados.

Sei que podem existir excepções, onde o Estado não possa proporcionar serviços de educação suficientes para a procura, e aí entende-se o financiamento de privados que o possam proporcionar, mas serão isso mesmo, excepções.

Afinal toda esta polémica só vem dar razão a quem, como eu, acha que existem demasiados ditos privados, que vivem à custa do Estado, e os seus lucros são privados, como convém.


Ramos by Palaciano

domingo, maio 08, 2016

O MNAA E AS AFIRMAÇÕES DO SEU DIRECTOR



O director do Museu Nacional de Arte Antiga, António Filipe Pimentel, cavalgando o sucesso da angariação de fundos para a compra do Sequeira, deu mais uma entrevista, desta vez ao DN, que não lhe terá saído muito bem.

Existem duas afirmações que mostram alguma contradição, a saber: “o museu posicionou-se, mesmo que não tivesse de ser ele a fazer o trabalho. Neste momento, o governo só pode fazer uma de duas coisas: numa decisão que será universalmente saudada, avançar com coragem ou apanhar os cacos.” A outra foi: “encontrei uma instituição congelada em formol,… os portugueses têm orgulho no museu e que não é uma vaga e pindérica instituição como a que estava para lá, subnutrida.”

A falta de humildade deste senhor é imensa, e com as suas afirmações deixa implícito que antes dele, os directores que passaram por aquele museu, foram uns incompetentes. Outra conclusão das suas palavras é que foi a sua acção, isolada, que transformou “o mausoléu” que foi o MNAA até à sua chegada.

Creio que o senhor director do MNAA, que até desempenha outras actividades paralelamente a essa, presumo com o mesmo brilhantismo, devia ter em atenção o provérbio popular: «Presunção e água benta, cada qual toma a que quer».