segunda-feira, novembro 30, 2015

IDEIAS FEITAS

Existem ideias feitas, propagandeadas pelos fazedores de opinião deste país, que sendo propaladas aos quatro ventos por quem tem tempo de antena, ou espaço em colunas de opinião, passaram a ser consideradas verdades absolutas e indiscutíveis.

Uma das ideias mais discutíveis é a de que a dívida pública é a responsável pela crise que atingiu a Europa, e Portugal muito especial. Nada é mais errado, mesmo relativamente a Portugal que tinha uma dívida pública elevada, porque o problema estava a montante, ou seja nas entidades que tinham essa dívida na sua posse. É fácil dizer que a nossa dívida pública estava, em 2008, nos setenta e tal por cento do PIB, e depois do remédio (austeridade) está em 130%.

Outra ideia feita é a de que o Estado está demasiado “gordo” e que tem muitos funcionários, serviços, e é a origem de grande parte da despesa pública. Talvez fosse muito interessante dizer-se quanto representa o serviço da dívida, as PPP’s, e as rendas com a energéticas e outros fornecedores de serviços públicos prestados por privados, para que tudo ficasse mais claro. O Estado diminuiu muito o número de funcionários, o número de serviços e continua quase com a mesma despesa. Os funcionários públicos ficarão em 2016 com rendimentos 10% inferiores aos praticados em 2010.


Podia dar mais exemplos, mas bastam estes para se aquilatar das mentiras que se tornam verdades apenas porque são proferidas por quem tem uma tribuna de onde pode “debitar todo e qualquer disparate sem direito a contraditório”.   


terça-feira, novembro 24, 2015

CAVACO LARANJA



A imposição de seis condições feita a António Costa, para poder ser indigitado por Cavaco Silva, são nada mais que um pretexto para demorar essa indigitação, e para de algum modo ele tentar salvar a face depois de tanto disparate.

O mesmo Cavaco que não aceitou antecipar a eleições para a Assembleia da República, que nomeou Passos Coelho 1º ministro quando sabia que um governo PSD/CDS estava condenado à partida a um chumbo no Parlamento, pretende agora, quando não tem a opção de impor novas eleições, que o governo de esquerda lhe dê garantias por escrito, de coisas que não exigiu aos governos de Passos Coelho, que por acaso é do seu partido do coração.

A condição que parece mais estranha a todos, até a Marcelo que ainda é conselheiro de Cavaco, e que se prende com a “ estabilidade do sistema financeiro”, é talvez a mais eloquente da cumplicidade com o governo da sua preferência, pois atende os interesses dos banqueiros nacionais, perante o descalabro financeiro do Novo Banco, cuja responsabilidade poderá passar para os contribuintes, por inteiro, ao contrário do que foi prometido por Passos e por Maria Luís.

O pesadelo do BPN ainda paira no ar e já vem aí outro, de maior dimensão ainda, e Cavaco escolheu o lado da barricada onde aliás sempre esteve…  

domingo, novembro 22, 2015

ENGOLIR UM GRANDE SAPO

Cavaco Silva tudo tem tentado para afastar a possibilidade de haver um governo com apoio da esquerda em Portugal, mas parece que vai ter mesmo que dar posse a um governo com o qual não se identifica, e que lhe revolta o estômago. Afinal não será o primeiro a engolir um grande sapo, e pode sempre recorrer a um alka seltzer para aliviar a má sensação.


sexta-feira, novembro 20, 2015

NOMEIA OU NÃO UM NOVO GOVERNO?

Cavaco Silva auscultou sempre em primeiro lugar aqueles que lhe são mais próximos, como os patrões, os banqueiros e os economistas, mostrando bem a pouca importância que dará aos sindicatos, e aos eleitores com profissões diferentes das que ele considera mais bem informadas, e mais competentes para terem opiniões válidas sobre a actual situação política.

Vamos ver se o presidente vai indigitar um governo do PS com o apoio da esquerda, mesmo contrariado, ou se vai esticar mais a corda tentando evitar fazer o que é óbvio para todos.


segunda-feira, novembro 16, 2015

MAIS UMA TRAPALHADA DOS BANCOS



O caso do BES, e depois do Novo Banco, como veio a chamar-se o “banco bom”, está a mostrar a face mais sinistra das entidades bancárias, que quando são chamadas a assumir as suas responsabilidades,” fogem sempre com o rabo à seringa”, deixando os maus resultados da sua actividade para os contribuintes.

Já se tinha visto que “quando estão com as calças nas mãos”, lá vem o Estado (contribuintes), assumir encargos e a sua responsabilidade, para poderem recapitalizar os bancos, e invariavelmente não se vê ninguém ser condenado, mesmo quando é claro que houve má gestão e até gestão danosa do dinheiro dos depositantes.

Para tapar os olhos aos contribuintes são criados instrumentos de salvaguarda para situações de dificuldades nos bancos, como o Fundo de Resolução, ou o Fundo de Garantia dos Depósitos, que responsabilizam os bancos no seu conjunto a assumir responsabilidades perante os depositantes, mas isso é apenas na teoria, porque na realidade os bancos acabam sempre por escapar entre as malhas da lei, e são sempre os contribuintes a pagar os prejuízos, como vai acontecer, de novo, com o Novo Banco.


domingo, novembro 08, 2015

ENLAMEAR É FEIO, DIOGO?



O dirigente centrista Diogo Feio é um indivíduo patusco, pois com a cara mais séria é capaz de defender o chefe, Paulo Portas, que já disse tudo e também o seu contrário, nas suas inúmeras vidas ligadas à política, enquanto jornalista e depois simplesmente como político.

Claro que não vou dizer (?) agora que Paulo Portas foi para a política porque “os partidos são uma maçada”, ou porque “os quadros dos partidos são medíocres”, ou porque “aquela é a maneira de subir na vida”. Tudo isso e muito mais disse o próprio, numa outra vida, e ficou registado para a posteridade.

Na política é muitas vezes mais sensato ficar calado do que alimentar polémicas, mas Diogo Feio ainda não aprendeu, apesar dos anos que tem de político. Sugiro ao dirigente do CDS que reveja o vídeo que está à disposição de todos e que é bem revelador do líder do seu partido.



sábado, novembro 07, 2015

MANIFESTO CLARIFICADOR



Em qualquer país democrático podem existir governos de direita, do centro ou da esquerda, tudo dependendo da escolha dos cidadãos e da vontade dos eleitos, podendo exercer o poder em maioria, em minoria ou com acordos que garantam a viabilidade do seu mandato.

Falo de democracias, porque existem outras realidades, como as ditaduras ou aqueles regimes manhosos em que a Democracia é apenas de fachada, existindo de facto um poder apoiado na força do medo, ou na força do dinheiro.

Em Portugal temos quem não aprecie especialmente a Democracia, quem não admita qualquer mudança, quem não goste de arriscar em situações sob as quais não possui algum controlo.

Qualquer alteração do status quo atrapalha uns quantos senhores que sempre viveram à sombra do Estado, que sempre gravitaram em torno do poder, e que quando são surpreendidos pela mudança, alegam a existência de falta de confiança no país e nos eleitos que formam governos co os quais não se identificam.

A promiscuidade dos negócios e do poder tem sido flagrante, e um governo com o apoio da esquerda, aterroriza certos empresários. Não é a iniciativa provada que está a ser posta em causa, mas sim a sua influência sobre quem exerce o poder, e alguns benefícios que podem estar em causa, e isso nota-se no tal Manifesto dos 100.