sábado, janeiro 31, 2015

PASSOS COELHO E O FRACASSO



Os portugueses não fazem confusão com os resultados da austeridade nem conseguem encontrar qualquer benefício com estes anos de austeridade brutal, por muito que Passos Coelho ou Paulo Portas o repitam.

Ganhar salários inferiores, pensões mais baixas, piores serviços do Estado, e estar cada vez mais aflito para atender às necessidades básicas, não é compatível com os discursos de crescimento da economia.

Bem sei que o governo nos atira com alguns números para justificar o que reclama, mas são também oficiais os números do INE que concluem que mais de um quarto da população vive em privação material. O aumento do número de pessoas em risco de pobreza prova bem o fracasso da austeridade imposta.

Dois milhões de pessoas em risco de pobreza é a realidade com que este povo se defronta, e tem sempre aumentado nestes últimos 4 anos, e perante isto não há demagogia que nos possa tapar os olhos.



quinta-feira, janeiro 29, 2015

MEMÓRIA DESTA CRISE ECONÓMICA



Se bem se recordam a Islândia terá sido o primeiro país a entrar em crise financeira, com bancos na falência e os credores a exigirem o pagamento integral da dívida a juros da ordem dos 5,5% ao ano.

Os islandeses recusaram-se a pagar de imediato as dívidas aos credores, causadas por políticos incompetentes e banqueiros gananciosos e irresponsáveis. Uns e outros foram julgados ou debandaram para outras latitudes, em resultado da vontade popular manifestada num plebiscito com um resultado de 93% de votantes contra o pagamento da dívida, contra o socorro aos bancos e a favor da sua nacionalização.

Hoje a Islândia está recuperada, com uma taxa de desemprego a rondar os 5%, com 97% da população com rendimentos de classe média, e é um dos países com melhores índices de felicidade, agradecidos por não terem ingressado na comunidade europeia.

O que dizer dos países que por pertencerem à comunidade europeia aceitaram as condições dos planos de resgate da troika, aplicaram as medidas de austeridade brutais que diziam ser a cura para os seus problemas económicos?

Tanto quanto se sabe aumentaram enormemente o desemprego, aumentaram a dívida pública e privada e diminuíram drasticamente o PIB per capita durante os programas de resgate.

Será que os islandeses estavam errados quando tomaram as suas decisões? Será que os gregos estão agora errados? Será que os portugueses concordam com a obediência cega a uma Alemanha que nos retirou toda a esperança num futuro melhor?



terça-feira, janeiro 27, 2015

CONTOS DE CRIANÇAS

Há políticos que ainda não perceberam que quando se estica demasiado a corda essa pode partir, que foi o que aconteceu agora na Grécia.

Os políticos na Grécia governaram mal, reiteradamente mal, conduzindo o país à situação em que está. As instituições europeias, e mundiais, impuseram programas de resgate tão pesados que conduziram o país ao desemprego, boa parte dos gregos à miséria, e deixaram um povo sem esperança no futuro.

O resultado foi o voto de protesto, castigando assim os partidos de poder, porque o caminho que seguiam só aumentava os problemas, e com este voto de protesto deram a resposta à Europa que teimou numa austeridade que está a conduzir este e outros países a um beco sem saída.

Ouvir Passos Coelho falar em “conto de crianças” ao referir-se ao programa do Syriza, é confrangedor, porque ele ainda não percebeu que os portugueses também já estão fartos dos seus desmandos, fartos da austeridade inútil imposta pela Europa e pela troika, e fartos das declarações de que as coisas estão a melhorar, quando sente na pele exactamente o contrário.

Conto de crianças é afirmar-se que a dívida pública é sustentável, que é compatível pagar a dívida e os seus juros, ao mesmo tempo que se criam condições para o crescimento.


Passos Coelho perdeu uma boa ocasião para estar calado e a oportunidade de apoiar, activa ou discretamente, a posição grega, porque daí Portugal poderia colher benefícios.  


domingo, janeiro 25, 2015

NEM UM PEDIDO DE DESCULPAS...



Quem está em lugares de decisão, espera-se que as pessoas decidam, As decisões podem ser boas, más ou nem boas nem más, e isso mede-se na análise dos resultados.

Em Portugal e em situação de austeridade imposta pela troika e apoiada pelo governo em funções, temos um ministro da Saúde que não se inibiu de encerrar serviços, cortar no orçamento e diminuir despesas.

Como sempre acontece em qualquer situação, as medidas executadas tiveram consequências, e neste caso foi evidente que os hospitais perderam capacidade para enfrentar situações críticas, bem evidentes nos aumentos do tempo de espera nas urgências, nas consultas de especialidade e nas intervenções cirúrgicas e nos exames complementares de diagnóstico.

O lado mais visível destes cortes na saúde, foram os originados pela demora nas urgências hospitalares, que podem ter resultado, sozinhas ou em acumulação com outras carências, na morte de utentes.

Um ministro com alguma sensibilidade e responsabilidade política nunca proferiria uma frase como a que Paulo Macedo proferiu sobre o facto de terem morrido 700 pessoas nas urgências no mês de janeiro, em que disse “nada tem de assustador”. Mesmo salvaguardando o facto de ainda não ter terminado o mês de Janeiro, e de que não podemos ainda apontar que o atraso na prestação de cuidados seja a causa directa de algumas destas mortes, a frase é brutal.

Quem decide pode falhar, há sempre esse risco, mas esta falta de sensibilidade por parte de quem não quer admitir o erro, que é evidente para a generalidade dos portugueses, e que devia antes ter equacionado essa hipótese, ou mesmo ter pedido desculpas, mostra que a saúde não pode estar entregue a uma pessoa com este tipo de abordagem a situações desta natureza.  



sexta-feira, janeiro 23, 2015

DIVÓRCIO ENTRE ELEITOS E ELEITORES

Muitas das medidas de austeridade que têm vindo a ser implementadas mostram o completo divórcio entre quem governa e os governados, não só pela sua natureza iníqua, mas também pela injustiça que é criada, desde logo porque existem grupos que influenciam mais o poder que outros, a quem o poder mais castiga.

A consequência deste divórcio é o que se está a passar neste momento na Grécia, onde os cidadãos vão votar num partido novo, não apenas porque querem mudar, mas sobretudo porque se recusam a votar naqueles que destruíram a sua esperança num futuro melhor.

Os políticos que passam pelo poder não querem aprender a servir os seus povos, porque nem sequer conhecem as suas dificuldades, nem com eles querem dialogar.

Um caso bem elucidativo deste divórcio chega-nos da Rússia, onde um deputado da assembleia regional duma cidade veio propor à população que coma menos enquanto durar a crise económica resultante da baixa dos preços do petróleo. É curioso que tenha afirmado que “os banquetes natalícios já passaram e as pessoas encheram os estômagos”, e também ”se faltam recursos há que recordar que somos todos russos, que já passámos fome e frio… há que pensar na saúde… por exemplo comer menos”, propôs.


Não consta que nos países com políticos deste calibre existam muitos ex-políticos que estejam na miséria… 


quarta-feira, janeiro 21, 2015

VERDADE OU MENTIRA?

Este governo inculcou nas mentes de muitos portugueses a ideia de que os funcionários públicos não podiam ser despedidos, e que portanto tinham um emprego para a vida.

A verdade é bem diversa, porque naturalmente existem mecanismos que sempre puderam conduzir funcionários públicos ao desemprego, sendo que são necessários motivos válidos para o despedimento com justa causa.

O que se começou a discutir foi o despedimento sem causa justa, embora nunca tenham sido explícitos, e mesmo assim a mentira era mais fácil do que a verdade, e foram muitos os responsáveis políticos que afirmaram que “absolutamente ninguém será despedido”.

Agora veio a ministra das Finanças dizer que alguns trabalhadores em requalificação arriscam o despedimento.

O despedimento é discutível, mas o facto de ao fim de um ano sem colocação se passar a receber apenas 40% do salário, é meio caminho andado para a saída por falta de meios de subsistência.


Quando a ministra disse “não vale a pena fazer mistificações” os portugueses ficaram a pensar se estava a falar para os colegas de governo e para os deputados da maioria, ou estava a dirigir-se aos portugueses que tinham ouvido o contrário de outras bocas…


terça-feira, janeiro 20, 2015

NÚMEROS MARADOS

Um dos nossos jornais económicos decidiu fazer comparações entre os ordenados dos deputados e dos cidadãos do país.

Que os ordenados dos eurodeputados portugueses são pornograficamente maiores relativamente aos ordenados dos cidadãos portugueses, é uma verdade e todos o sabemos, mas depois quando vemos os números constantes da infografia que acompanha a notícia, ficamos com dúvidas quanto a alguns números.

Quando consultei o rendimento médio mensal de um cidadão antes de impostos deparei-me com um número que é, pelo menos, o dobro do que se aufere por cá: 1505€ contra 750€.

Claro que com a correcção deste número temos que um deputado europeu ganha 23 vezes mais do que o trabalhador médio, e um deputado da Assembleia da República ganha 7,5 vezes mais do que o salário médio em Portugal.


Usando este valor que é o razoável em termos de média nacional ficamos a saber que estamos mesmo na cauda da Europa.


domingo, janeiro 18, 2015

HOJE VOU SER POLITICAMENTE INCORRECTO



Nestes últimos dias li uma notícia cujo título me chamou a atenção, e o quanto ao texto que se seguia, revelava a dificuldade de entender a mistura de sentimentos que atravessa a cabeça de muitas pessoas que tiveram que deixar as chamadas colónias nos anos 70 do século passado.

Começando pelo título “ para a maioria dos colonos, a possibilidade de abandonar África era nula”, diria que o termo “colonos” é uma simplificação que pode distorcer a compreensão do que se quer perceber.

Talvez fosse importante perguntar aos alvos do estudo se alguma vez se sentiram como colonos, ou se pelo contrário sentiam aquelas terras como as suas terras. Talvez tivessem uma surpresa, pois ignoraram desde o princípio que muitos dos que fugiram para Portugal, eram já naturais daquelas terras, ou nelas tinham as suas vidas há décadas.

Quanto aos traumas e à integração dos que fugiram daqueles territórios africanos, é verdade que existem alguns traumas, outros fugiram deles concentrando-se em refazer as vidas, colocando uma pedra sobre o passado, ainda que nunca tenham conseguido esquecer os territórios que amavam.



sábado, janeiro 17, 2015

SAÚDE – SITUAÇÕES VERGONHOSAS



O tempo de espera para atendimento nas urgências hospitalares nos últimos dias tem sido simplesmente vergonhoso, porque todos sabemos que o tempo é um factor importante nestas situações.

Declarações duma administração hospitalar, onde a espera foi exagerada, dizendo que esta não foi a causa duma morte, podem até ser rigorosas, mas não creio que isso alivie a dor dos familiares do doente que acabou por falecer depois de tanta espera.

As razões destas esperas exageradas são conhecidas, e não se esgotam no período gripal que atravessamos, porque é pública a falta de recursos humanos nos hospitais públicos, a que a contenção de despesas e cortes nos orçamentos não são alheios.

Não se conhece nenhuma animosidade contra os médicos ou restante pessoal dos hospitais, mas todos querem saber quem são os responsáveis pela falta de capacidade de resposta do sistema de saúde, e aqui chegamos com facilidade aos altos responsáveis que são, o ministro da pasta e o chefe do executivo.

Será que a sucessão de casos de falta de atendimento atempado nos hospitais públicos não merecem a atenção do ministério público?