quarta-feira, abril 30, 2014

ALDRABÕES



O governo acabou de apresentar o DEO e logo se desmascarou, porque a promessa feita ainda há poucos dias de que não haveria aumento de impostos, desceu pela sanita.

A taxa normal de IVA vai aumentar 0,25% em 2015, passando assim para os 23,5%, o que se bem percebem está cada vez mais perto de ¼ do valor do que se adquire.

O aumento do IVA não será o único, porque também teremos o aumento da TSU dos trabalhadores, que em tempos foi abandonada, em mais 0,2%, passando agora para os 11,2%.

O aumento da TSU acontece em oposição à descida do IRC das empresas, o que mostra que este governo nunca desistiu da intenção de tirar aos rendimentos do trabalho para dar ao patronato.

As promessas de baixar o IRS do ministro Pires de Lima, foram um engodo, como a diminuição do preço do gás natural.

Os funcionários públicos terão que esperar até 2020 para recuperar os salários de 2010, ideia peregrina de quem não estará no governo nessa data, mas só se a conjuntura ajudar.

Governantes que faltam à verdade, que dizem uma coisa e fazem outra, são uns ALDRABÕES, a menos que o dicionário tenha sofrido alguma alteração que eu desconheça.


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Humor e Aldrabices
Eu sou mais aldrabão do que tu...

terça-feira, abril 29, 2014

MANOBRAS POLÍTICAS

Este governo usa e abusa do estratagema de apresentar uma medida absurda, que todos se apressam a discutir, para de seguida desistir dela, apresentando depois outra que era a que verdadeiramente pretendia fazer vingar.

Caiu a intenção de aproximar as indemnizações dos despedimentos ilegais às dos despedimentos legais, que todos sabiam ser inconstitucional, e logo apareceu a intenção de prolongar os cortes nas horas extraordinárias, pelo menos até ao final do ano, quando esta excepção validada pelo Tribunal Constitucional só era válida até Agosto deste ano.


Useiro e vezeiro nestas manobras políticas, o governo já não engana os mais esclarecidos, mas creio que é um hábito que já está enraizado no ADN da maioria. 


domingo, abril 27, 2014

CULTURA E CIVILIZAÇÃO

Uma mesa cheia de feijões. 
O gesto de os juntar num montão único. E o gesto de os separar, um por um, do dito montão. 
O primeiro gesto é bem mais simples e pede menos tempo que o segundo. 
Se em vez da mesa fosse um território, em lugar de feijões estariam pessoas. Juntar todas as pessoas num montão único é trabalho menos complicado do que o de personalizar cada uma delas. 
O primeiro gesto, o de reunir, aunar, tornar uno, todas as pessoas de um mesmo território é o processo da CIVILIZAÇÃO. 
O segundo gesto, o de personalizar cada ser que pertence a uma civilização é o processo da CULTURA. 
É mais difícil a passagem da civilização para a cultura do que a formação de civilização. 
A civilização é um fenómeno colectivo. 
A cultura é um fenómeno individual. 
Não há cultura sem civilização, nem civilização que perdure sem cultura. 


Almada Negreiros


sexta-feira, abril 25, 2014

OS 40 ANOS DO 25 DE ABRIL

Passados 40 anos sobre o 25 de Abril de 1974, importa recordar o evento pois muito do que se conquistou está a ser perdido por causa da má governação que o país tem tido.

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quarta-feira, abril 23, 2014

O MITÓMANO

Ouvir Passos Coelho a explicar as más medidas tomadas pelo seu governo é confrangedor, mais ainda quando fala de economia e da falta de alternativas aos seus métodos.

O primeiro-ministro querendo combater os "mitos" que envolvem o período de resgate português, na sua opinião, afirmou que não seria possível não cortar salários e pensões, embora tenha omitido se é possível reduzir o défice sem atacar a fundo as rendas excessivas.

Outro "mito" que Passos Coelho é o de que não seria possível ajustar a economia com crescimento mas sim com recessão. Claro que Passos Coelho andou a ler manuais obscuros e a evitar ver o que se passa no mundo, onde os Estados Unidos e o Reino Unido andaram durante esta crise a emitir moeda, só para citar dois países.


O maior cego não é aquele que não vê mas sim aquele que não quer ver, diz o ditado popular, e este aplica-se na perfeição a quem fala de mitos e os "contraria" com teorias nunca comprovadas.


domingo, abril 20, 2014

FUTEBOL

Não percebo nada de futebol mas penso que esta noite foi decretado o final da crise (o Benfica ganhou o 33º campeonato nacional, e pelos vistos o marquês de Pombal foi benfiquista desde que nasceu...


sexta-feira, abril 18, 2014

COMO SACAR MAIS GUITO

Enquanto vamos lendo que as renováveis pesaram 58% na produção eléctrica em 2013, e que no 1º trimestre de 2014 o seu peso foi de 92%, também vamos sabendo que o preço da energia eléctrica não baixa e o défice tarifário também não.

Pode-se desvalorizar o peso das renováveis mas não se pode negligenciar a poupança de mais de 800 milhões de euros provenientes da importação de combustíveis fósseis, e 40 milhões em licenças de emissão de dióxido de carbono.

Se por um lado temos a EDP e a REN que arrecadaram lucros devido a estas poupanças, do outro temos os consumidores que pagam tudo como se as renováveis em nada tivessem contribuído para estes resultados.

É de salientar que o ministro Jorge Moreira da Silva, que detém a pasta do Ambiente e do Ordenamento do Território, é o mesmo que pretende agora taxar os sacos de plástico, para arrecadar mais uns cobres para o erário público, ainda que tenha deixado passar em branco os lucros fabulosos gerados pelo clima favorável que originou poupança reais para os produtores e distribuidores de energia eléctrica.


É sempre mais fácil taxar os pequenos, ou se quiserem os consumidores, do que os grandes, como é o caso da EDP e a REN, que por acaso são empresas estrangeiras…  

quinta-feira, abril 17, 2014

PASSOS E OS SUBMARINOS DE PORTAS

Afinal Passos Coelho que se gabou de cortes de 1,6 mil milhões de euros nas gorduras do Estado, esqueceu-se de dizer que metade dessa poupança teve que ver com a contabilização da compra dos submarinos de Paulo Portas no longínquo ano de 2010...

Os malabarismos de Passos e Portas não conseguem fazer esquecer que os portugueses vivem hoje pior do que há três anos e sem esperança de melhorar as suas vidas no horizonte mais próximo, pelo menos com estas políticas. 


segunda-feira, abril 14, 2014

A CEGUEIRA DA GOVERNAÇÃO



Príncipes, Reis, Imperadores, Monarcas do Mundo: vedes a ruína dos vossos Reinos, vedes as aflições e misérias dos vossos vassalos, vedes as violências, vedes as opressões, vedes os tributos, vedes as pobrezas, vedes as fomes, vedes as guerras, vedes as mortes, vedes os cativeiros, vedes a assolação de tudo? Ou o vedes ou o não vedes. Se o vedes como o não remediais? E se o não remediais, como o vedes? Estais cegos. Príncipes, Eclesiásticos, grandes, maiores, supremos, e vós, ó Prelados, que estais em seu lugar: vedes as calamidades universais e particulares da Igreja, vedes os destroços da Fé, vedes o descaimento da Religião, vedes o desprezo das Leis Divinas, vedes o abuso dos costumes, vedes os pecados públicos, vedes os escândalos, vedes as simonias, vedes os sacrilégios, vedes a falta da doutrina sã, vedes a condenação e perda de tantas almas, dentro e fora da Cristandade? Ou o vedes ou não o vedes. Se o vedes, como não o remediais, e se o não remediais, como o vedes? Estais cegos. Ministros da República, da Justiça, da Guerra, do Estado, do Mar, da Terra: vedes as obrigações que se descarregam sobre vosso cuidado, vedes o peso que carrega sobre vossas consciências, vedes as desatenções do governo, vedes as injustiças, vedes os roubos, vedes os descaminhos, vedes os enredos, vedes as dilações, vedes os subornos, vedes as potências dos grandes e as vexações dos pequenos, vedes as lágrimas dos pobres, os clamores e gemidos de todos? Ou o vedes ou o não vedes. Se o vedes, como o não remediais? E se o não remediais, como o vedes? Estais cegos. 

Padre António Vieira, in "Sermões"


domingo, abril 13, 2014

SOBRE OS DESCOBRIMENTOS PORTUGUESES

Quase todos os autores coincidem em que 1415 e a conquista de Ceuta marcam o início das descobertas portuguesas, período glorioso da nossa História que se prolonga até à empresa do D. Sebastião que nos levaria a 40 anos de dominação espanhola.

Quem sou eu para contrariar os nossos historiadores, que também glorificam o infante D. Henrique, como um visionário e impulsionador da nossa saga marítima?

Claro que posso constatar que a conquista de Ceuta era benéfica para a nobreza, que daí extraia vantagens, ainda que ao país a manutenção dessa praça fosse ruinosa. É também muito evidente que a partir de certa altura foi o interesse comercial que comandou as descobertas para além das Canárias.

Depois dos interesses duma nobreza que perde a sua importância com D. João II e com D. Manuel, surge uma classe burguesa que impulsiona em larga medida a expansão marítima. A expansão da fé esteve presente, por conveniência e para servir de justificação, e irá por acabar por ser um entrave, já que D. João III e a Inquisição acabariam por correr com os judeus e com isso boa parte da importância mercantil vai para os países baixos , onde eles encontrariam guarida.

O mito criado em redor do infante D. Henrique, que tinha largos proventos com a empresa marítima, pode muito bem derivar da tentativa de fazer esquecer Alfarrobeira e a morte trágica de D. Pedro.


Nota: Este texto foi o embrião duma tese apresentada há cerca de 30 anos, que na altura não foi muito bem recebida, mas que depois foi seguida por bastantes colegas.


sexta-feira, abril 11, 2014

QUEM TEM VONTADE DE RIR?

Portugal foi o país da OCDE que mais aumentou os impostos sobre o trabalho em 2013, sendo que neste momento a média dos descontos já supera os 40% dos salários. É lamentável que se diga, e que ainda haja quem pense que todo este esforço fiscal é apenas para pagar os impostos e a segurança social, porque infelizmente essa não é a verdade.

Toda esta brutalidade de descontos sobre os rendimentos do trabalho não são apenas gastos com o funcionamento do Estado, e com a suas funções sociais, porque boa parte vai para os juros da dívida pública e para suportar incentivos fiscais e outras ajudas a grandes grupos económicos que vivem na sombra de um Estado refém de interesses privados.

quarta-feira, abril 09, 2014

SATISFAÇÃO E PRODUTIVIDADE

Quando se fala em “começar a discutir” o aumento do salário mínimo nacional, num país onde as horas de trabalho aumentam, os salários baixam, os despedimentos são facilitados e os direitos são diminuídos, muitos se perguntam sobre as reais intenções de patrões e do governo.

O pretexto com que chegou a este estado de coisas, onde quem trabalha está a ser obrigado a pagar por erros de outrem, tem sido a crise e a falta de produtividade.

É óbvio que a crise só se resolve com mais trabalho, e não com mais desemprego como tem acontecido, mas não existe qualquer evidência de que o aumento de horas de trabalho ou a diminuição de salários e de direitos, resulte em mais produtividade.

Por mera curiosidade, diga-se, uma cidade sueca decidiu reduzir à experiência o horário de trabalho de sete para seis horas diárias. Também, e para que conste, houve uma conclusão da directora da Social Policy at the  New Economics Foundation que diz tudo: “menos horas de trabalho criam uma força de trabalho mais comprometida e estável”.

Para o vice-presidente da câmara da dita cidade sueca ficam duas afirmações bastante elucidativas: “poupar dinheiro, tornando os seu trabalhadores mais produtivos durante as horas de trabalho” e a esperança de que “os trabalhadores faltem menos ao trabalho e se sintam melhor – tanto mental, como fisicamente – após dias de trabalho mais curtos”.


Porque será que a produtividade em Portugal é menor que na Suécia? A resposta é tão evidente que nem me preocupo em a plasmar aqui…


segunda-feira, abril 07, 2014

ELEIÇÕES MILAGROSAS

É sintomático que depois de anos consecutivos a negar a subida do ordenado mínimo nacional, Passos Coelho venha agora manifestar-se disposto a negociar o seu aumento no âmbito da concertação social.

A negociação é uma manobra dilatória, porque é sabido que todos concordam com o aumento do SMN, pelo que só é necessário acordar qual o montante do aumento, que para fazer apenas jus à inflação terá que ser superior a 25 euros, para os 510 euros que correspondem aos 485 euros quando estes foram instituídos.


Resta perguntar onde fica a teoria de que o aumento do SMN era mau para a competitividade do país e um mau sinal para os mercados. Estaria Passos Coelho equivocado, ou será que a proximidade das eleições faz mesmo milagres nas convicções dos nossos governantes?


sexta-feira, abril 04, 2014

O HOMEM ENGANA-SE A SI PRÓPRIO



Os homens nunca revelam os verdadeiros objectivos pelos quais actuam. Intimamente, exageram os motivos baixos, materiais: publicamente, anunciam os motivos nobres, espirituais. Mentem em ambos os casos. Os homens não conhecem os outros nem a si próprios.
 
A maior parte dos homens vive de instinto, hábito e imitação, animalmente - por vezes, com intermédios de felicidade inconsciente. Os poucos superiores sofrem, tentam, desesperam. Os mais elevados são os que desejam apenas as coisas inacessíveis, impossíveis (amor perfeito, arte perfeita, felicidade, eternidade, etc.).
 
Todos os homens tentam enganar o próximo. Todos os homens procuram superar e dominar o próximo. Todos os homens se imaginam no bem, no passado ou no futuro. Todos homens se esquecem dos verdadeiros fins e fazem dos meios os seus objectivos. Para onde quer que os homens se voltem, depara-se-lhes o impossível. Todos os homens se julgam mais que os outros.
 
Não basta aos homens possuir um bem, se não for maior que o do próximo. E, obtido um bem, cansam-se dele (saciedade, náusea) - ou então têm medo de o perder e padecem - ou desejam outro. Para obterem um bem imediato, não pensam no mal próximo que advirá.
 
Todos tentam extrair dos outros mais do que podem: os industriais dos compradores - os patrões dos operários - os operários dos patrões, etc., etc. -, e dar o menos que podem - e como todos fazem o mesmo, a vida é uma contenda, um engano - sem vantagem para ninguém.

Giovanni Papini

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Fotografia
 

quarta-feira, abril 02, 2014

A FALSA INDIGNAÇÃO



Quando surgiu o Manifesto dos 70 sobre a necessidade de reestruturação da dívida pública foi confrangedor ver a reacção dos governantes e da sua claque de apoio, que só faltou chamar de traidores os signatários do documento.

O contexto em que surgiu o manifesto talvez possa explicar, de certa maneira, ao comportamento destemperado de quem se opunha à reestruturação da dívida, pois o que se dizia então era que esta não era possível de pagar.

Começando pelo princípio, a dívida com os juros ao nível que estão é mesmo impossível de pagar. Segundo, os credores são os mais interessados em que nós a possamos pagar, por isso sabem bem que ou aliviam parte dos encargos ou ficam a ver navios.

Já sei que vão dizer que se não pagarmos as nossas dívidas ficamos sem crédito e isso nos é muito prejudicial, mas isso não implica que procuremos condições que nos permitam crescer para serem satisfeitas as nossas dívidas.

A reestruturação de dívidas é um processo corrente, ao qual nós até já recorremos, e os nossos credores, que também são nossos fornecedores, sabem bem que se os mercados se contraírem, as suas exportações ficam comprometidas, bem como as suas economias.

Note-se que não é apenas Portugal que tem uma dívida pública muito elevada, e que há mais países nessa situação, com mercados muito maiores do que o nosso, e se este tipo de políticas recessivas continuar, também eles atravessarão grandes dificuldades, e aí teremos uma crise mundial, que é o que todos já temem neste momento.

Podem rasgar as vestes os que temem falar em reestruturação da dívida, mas que ela terá de ser feita a curto ou médio prazo, disso não haja a menor dúvida, e quanto mais tardia for, pior para todos, devedores ou credores.   



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