sexta-feira, fevereiro 28, 2014

TRAMPOLINEIROS

Nos últimos anos temos visto alguns dos políticos que passaram pelo poder passarem para altos cargos em empresas que foram privatizadas, em empresas que têm posições dominantes no mercado, em empresas que fazem grandes negócios com o Estado, e até em instituições internacionais que têm “forçado” alguma da austeridade que nos foi imposta.

Há quem diga que é pela competência que se alcançam aquelas posições, mas também há quem diga que lugares daquela natureza se conseguem com alguns favores ou com obediência cega ao futuro patrão.

Vítor Gaspar é o último exemplo do que foi dito, e se todos se lembram ele também é dos que não gosta de ser chamado político, mesmo tendo passado pelas Finanças, onde foi o bom aluno da troika apesar da sua relutância em o aceitar.


É um facto que não se pode negar, que os políticos que passam pelo governo conseguem alcandorar-se a cargos muitobem remunerados, e que está por provar que seja exclusivamente pela sua competência, porque esta não transparece do seu desempenho em cargos governativos.


segunda-feira, fevereiro 24, 2014

DISCUTIR NATALIDADE

Sempre que acontecem grandes reuniões partidárias, como actualmente, os políticos fazem de tudo para dar nas vistas e para marcar os noticiários.

O Marcelo foi ao encontro, o Santana também, foram anunciados os candidatos europeus, tudo para marcar a agenda noticiosa e para ficar um passo à frente dos possíveis adversários na corrida aos postos mais apetecíveis.

A notícia mais curiosa foi dada por Passos Coelho quando anunciou uma equipa multidisciplinar para tratar do problema da natalidade.

Podia fazer humor com a iniciativa aconselhando a oferta do Kama Sutra ilustrado a todos os portugueses com mais de 18 anos, ou a proibição absoluta de venda de preservativos, mas nem vale a pena.


É muito mais efectivo lembrar o primeiro-ministro que medidas como aumentar o horário de trabalho, eliminar feriados, diminuir salários, forçar a precariedade laboral, facilitar os despedimentos e ao mesmo tempo aumentar os impostos, é a receita perfeita para se diminuir a natalidade, e não é necessário consultar nenhuma equipa de génios na matéria porque os portugueses foram muito rápidos a identificar as razões para não entrar em aventuras no campo da natalidade.


sábado, fevereiro 22, 2014

SONHO

Teria passado a vida 
atormentado e sozinho 
se os sonhos me não viessem 
mostrar qual é o caminho 

umas vezes são de noite 
outras em pleno de sol 
com relâmpagos saltados 
ou vagar de caracol 

quem os manda não sei eu 
se o nada que é tudo à vida 
ou se eu os finjo a mim mesmo 
para ser sem que decida. 


Agostinho da Silva


terça-feira, fevereiro 18, 2014

O NADA ABONADO

Aquilo que podia ser apenas um desabafo engraçado, se dito por um qualquer cidadão, transforma-se numa inconveniência quando saído da boca do primeiro-ministro de Portugal.

A frase: "a coisa mudou tanto, que o bacalhau já é quase uma coisa que só pode estar à mesa se gente um bocadinho mais abonada. E o primeiro-ministro não é nada abonado", acaba por ser quase um insulto, porque Passos Coelho é um privilegiado e ao fazer-se de vítima é gozar com a miséria, pois a grande maioria dos portugueses sentir-se-ia bastante cómodo com o seu salário.

Infelizmente há políticos da nossa praça, nas mais altas posições do Estado, que se "choram" respaldados em proventos que em nada comparam com os baixos salários ou a miseráveis pensões da esmagadora maioria dos eleitores.

Haja vergonha...  

Pataniscas

segunda-feira, fevereiro 17, 2014

A IMAGEM DO PAÍS

Portugal é um país onde os índices de bem-estar têm sofrido uma descida continuada nos últimos anos em resultado das políticas implementadas, que tiveram maior incidência nos cortes dos rendimentos do trabalho, nos cortes nas regalias sociais, nos cortes nas pensões de reforma e no aumento de impostos que atingiram quase todos, mesmo os mais desprotegidos.

Quando ouvimos o primeiro-ministro falar de entendimentos cívicos para dar uma melhor imagem do país no exterior, pensamos logo que só pode estar a gozar a malta. Passos Coelho nunca cultivou uma postura de diálogo nem verdadeiramente procurou consensos com todos os parceiros sociais, como é público.

O primeiro-ministro faz bem em preocupar-se com a imagem do país, mas está redondamente enganado quanto ao que tem falhado nesta matéria. Os nossos emigrantes são respeitados e desejados em todo o mundo, e os turistas que nos visitam saem do país com uma boa imagem geral quer do país, quer do modo como os portugueses os recebem.


A má imagem do país resulta do modo desastroso como os políticos o têm gerido, mais preocupados com a manutenção do poder, com a preocupação de garantir o próprio futuro satisfazendo interesses que mais tarde lhes garantam futuros promissores e bem remunerados. A impunidade de que os maus governantes têm gozado não contribui para a credibilização da política e adensa as suspeitas de que nada mudará enquanto não existir a responsabilização de quem não coloca o interesse público à frente dos próprios interesses e de interesses particulares.  

domingo, fevereiro 16, 2014

JOGAR COM OS NÚMEROS

É bem conhecida a possibilidade de com dados estatísticos absolutamente correctos, se chegar a conclusões completamente erradas, bastando para tanto atribuir a razão de certos números a factores errados.

Portugal terá tido em 2013 um recuo do Produto Interno Bruto da ordem de 1,4%, segundo o INE, e só não se registou um número ainda pior devido ao aumento do consumo interno (conclusão da mesma instituição).

As conclusões são muito discutíveis e parecem ignorar a realidade de outros números do próprio INE. Sabe-se que para o governo e para os seus comentadores de serviço é útil esta conclusão, pois assim conseguem explicar o aumento da despesa do Estado, argumentando com o chumbo do Tribunal Constitucional do corte dos subsídios dos funcionários públicos, mas será que é uma explicação suficiente para o dito crescimento do consumo interno?

É óbvio que não porque o crescimento do consumo dentro de fronteiras foi muito superior ao que podia resultar do tal chumbo, conjugado com outros factores como o aumento das contribuições fiscais, e com a diminuição de postos de trabalho.

Existe uma explicação mais do que evidente, e que consta em números do INE que o governo até tem esgrimido com frequência, que é o aumento registado da actividade turística em 2013. Creio que o INE e o governo não têm entrado com esta variável para chegar às suas conclusões (erradas), por conveniência ou talvez por cegueira, querendo ver resultados que só existem nas suas mentes.

Falar em sinais inequívocos baseados em conclusões precipitadas e erradas, não é útil ao país nem convence os que cada vez mais estão desiludidos com os sucessivos governos deste pobre país. 


quinta-feira, fevereiro 13, 2014

RANCOR

"Perdoar é próprio de almas generosas; guardar rancor é próprio de criaturas duras e cruéis, de gente má e baixa."

Juan Vives


segunda-feira, fevereiro 10, 2014

PAULO PORTAS E AS PROMESSAS

No mesmo dia em que vejo o Paulo Portas a debitar, em Espanha, um discurso em francês, com um sotaque que os meus professores apelidavam de "cagão", li a notícia de que o mesmo Portas, anunciou a criação duma comissão para a revisão do IRS.

A proximidade de eleições faz milagres nos discursos dos nossos políticos, como se sabe, mas a sua palavra está "irrevogavelmente"ao nível de lixo, como a nossa economia. 

O que vale a palavra dos nossos governantes?

-*-

Deixo-vos hoje com a imagem que tenho da nossa política fiscal, sobretudo a que incide sobre os rendimentos do trabalho.


sábado, fevereiro 08, 2014

MIRÓ E AS PATACOADAS

Não sou um especialista em pintura nem tão pouco um admirador da obra de Miró, mas conheço suficientemente bem o turismo cultural, bem como a aptidão dos portugueses para aderir a exposições bem concebidas e melhor publicitadas.

Ainda recentemente tivemos em Portugal exposições no Palácio da Ajuda e no Museu de Arte Antiga que registaram grande afluência de público, não só nacional como estrangeiro. Também é um facto que em 2013 o número de visitantes dos nossos museus, palácios e monumentos registaram subidas interessantes, e receitas também muito apreciáveis.

Há mercados turísticos que estão a apresentar crescimentos consistentes, como os países do Leste europeu, a China, o Brasil, com um interesse bastante acentuado na vertente do turismo cultural, e o país pode competir em património edificado, em património paisagístico, mas está bastante limitado na oferta de exposições de arte com impacto significativo, onde outros países europeus nos batem aos pontos.

Não temos falta de obras de arte para fazer exposições de nível internacional, mas desprezamos obras que são do Estado, como os Mirós, e outras que resultam de falências de outras entidades e que por isso caíram na posse do Estado português.

Não sei se o Estado podia ficar com todas estas obras, ou se saberia sequer rentabilizar esse património, mas não é admissível que o não possamos sequer desfrutar em exposições que as valorizariam, que não seja pensada a sua rentabilização em solo português, ou em permuta com instituições estrangeiras. A pressa em vender por atacado é disparatada e os mercados perante tal desespero demonstrado só podem reagir com ofertas muito abaixo do valor real das obras.


Para finalizar apenas mais uma deixa, este governo nunca irá gastar um cêntimo do dinheiro da venda destas colecções na beneficiação de museus ou monumentos nacionais, porque o dinheiro irá direitinho para a CGD e portanto para a actividade bancária.


quinta-feira, fevereiro 06, 2014

IMPORTAÇÃO INTELIGENTE

As últimas notícias da caserna informam que Putin já conseguiu convencer Passos Coelho a comprar as moderníssimas casas de banho com duas sanitas, que os jornalistas internacionais tanto ridicularizaram.

Talvez o leitor se esteja a questionar da oportunidade desta compra, ou mesmo da sua utilidade, mas isso só demonstra a sua desatenção pois já devia ter entendido que se regista neste momento uma retoma, caracterizada por um aumento da porcaria gerada pela má governação nacional.

Para situações de emergência e de grande aflição, nada como um WC com duas sanitas….

 
Grandes aflições, grandes remédios

terça-feira, fevereiro 04, 2014

SIMPLESMENTE CARICATO

Tudo na novela BPN correu mal para os contribuintes deste país, não só quando se decidiu nacionalizar aquela desgraça, mas também depois na administração do banco e na sua venda por um punhado de euros. A certa altura ficou-se com a impressão de que o sorvedouro de dinheiro tinha acabado, mas o caso da venda da colecção de quadros de Miró veio alertar para a continuação da sangria de dinheiros públicos.

Não bastava o modo desastrado como tem sido gerida a situação criada pela nacionalização do BPN, e temos agora outra trapalhada com 85 obras de Miró, que pertenciam anterior mente ao BPN e que o Estado português colocou à venda em Londres.

O irrelevante Barreto Xavier disse coisas que um secretário de Estado da Cultura nunca deveria sequer pronunciar, como “não é prioridade do Estado português”, a colecção Miró, ou que a culpa da não inventariação da colecção é do governo de Sócrates, ou pior ainda, que os quadros não pertenciam ao Estado, pois eram propriedade de duas entidades gestoras.

Barreto Xavier viria a colocar a cereja no topo do bolo (dos disparates), ao afirmar que “se quisermos ficar com as obras alguém vai ter que as pagar”, quando todos sabemos que os portugueses já pagaram, e bem caro, todo este caso BPN, e ainda continuamos a pagar como se soube pelo recente relatório da UTAU.


Tanta incompetência e tanta falta de respeito pelo Património que era sua obrigação proteger e rentabilizar, Barreto Xavier e Passos Coelho que é oficialmente tem a seu cargo a Cultura, deviam demitir-se, mas isso só acontece com pessoas com princípios, Cultura, e sentido de serviço público. 


domingo, fevereiro 02, 2014

CENTENÁRIO

Passam hoje 100 anos sobre o lançamento do 1º filme de Charlie Chaplin o comediante que preencheu muitas matínés e soirées da minha infância. Existem pormenores interessantes desta estreia começando pelo seu bigodinho que ainda não tinha a sua forma definitiva, o chapéu e os seus sapatos.