sexta-feira, maio 30, 2014

O OUTRO DERROTADO PELO CHUMBO DO TC



O pior que podia acontecer ao presidente da República aconteceu: o Tribunal Constitucional chumbou 3 normas do Orçamento de Estado, que ele promulgou sem ter suscitado dúvidas quanto à sua constitucionalidade.

Cavaco Silva tem alinhado as suas posições com as do governo, e tem descurado a sua obrigação de defender a Constituição, mesmo quando a opinião pública e publicada, manifesta sérias dúvidas perante a justiça de muitas das medidas tomadas pelo governo.

Mais este chumbo do Constitucional, que não foi solicitado por Cavaco Silva nem para a apreciação preventiva, nem sequer para a sucessiva, fez-me recordar Bertolt Brecht sobre os analfabetos políticos.

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"O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."

In "O Analfabeto Político"

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Foto - A rosa 


segunda-feira, maio 26, 2014

AMIGO

Mal nos conhecemos
Inauguramos a palavra amigo!

Amigo é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo

Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!

Amigo (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
Amigo é o contrário de inimigo!

Amigo é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado.
É a verdade partilhada, praticada.

Amigo é a solidão derrotada!

Amigo é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
Amigo vai ser, é já uma grande festa!

Alexandre O?Neill


sábado, maio 24, 2014

PROFISSIONALISMO

Vou poucas vezes a centros comerciais, por falta de tempo mas também porque não tenho muita paciência para ver montras, mas por vezes lá tenho que me deslocar a essas grandes superfícies, quase sempre cheias de gente.

Procurando uma lembrança para uma pessoa, lá fui a duas lojas para ver se encontrava alguma coisa dentro de um preço aceitável, e que ao mesmo tempo estivesse de acordo com a dita pessoa. A escolha era muita e 5 minutos em cada loja chegaram para a escolha que se impunha.

O que mais me desagradou foi o atendimento, de meninas com um sorriso ausente e conversando com as colegas, ao mesmo tempo que atendiam, e cortando na casaca de alguém que também lá devia trabalhar.

A viajem foi também aproveitada para uma ida ao hipermercado, onde aviei as compras de que necessitava em casa, e lá me dirigi à caixa para pagar. A menina mascava desalmadamente a sua pastilha elástica, abrindo bem a boca, mais parecendo um peixe fora de água, ao mesmo tempo que perguntava pelo cartão de descontos e se queria descontar o valor nessas compras.

Saí algo furioso com o atendimento nos três estabelecimentos, mas enquanto guiava de caminho a casa, pensei melhor no assunto, e lá descortinei a causa que me estava a escapar: com o ordenado mínimo, com horários lixados e com contratos a prazo, o que é que eu estava à espera?


Como se pode pedir profissionalismo a quem trabalha em semelhantes condições?


quinta-feira, maio 22, 2014

CGD – ESTAMOS LIXADOS



A palavra dos nossos governantes, nesta altura do campeonato, não vale nem um tostão furado. 

Depois dum chorrilho de promessas não cumpridas e de compromissos com os cidadãos, rasgados, não vale a pena fazer mais promessas, por mais atraentes que elas possam ser.

No começo da semana começou a falar-se da possibilidade do governo vir a privatizar a Caixa Geral de Depósitos até ao final de 2015, chegando-se mesmo a afirmar que era um dos compromissos assumidos com a troika, e que constava da carta enviada ao FMI.

Depois de ter ido mais longe do que a troika, e por não ter ainda sido dado a conhecer o teor da carta de intenções enviada ao FMI, o governo não tem de que se queixar.

Hoje Paulo Portas veio negar a eventual privatização da CGD, dizendo “não sei onde é que imaginaram isso”, o que nos deixa ainda mais preocupados, porque é vulgar vir a acontecer exactamente o que o governo negava pouco tempo antes.

Não se pode dizer que uma nega de um qualquer governante seja um sinal de alívio para qualquer cidadão com memória…

Mais desmentidos de governantes? NÃÃÃOO!

terça-feira, maio 20, 2014

O RESULTADO DE MÁS ESCOLHAS



Portugal tem sido mal governado há mais de duas décadas, e o resultado está à vista de todos.

Com a entrada dos dinheiros comunitários acabou-se com actividades como a pesca, a agricultura, e a construção naval. O dinheiro entrava e subsidiava-se o abandono de sectores da economia que hoje lutamos por tentar fazer crescer.

Eleição atrás de eleição e continuámos a escolher mal, e as apostas dos sucessivos governos foram erradas, beneficiando sempre a especulação em vez de apostar no trabalho e no sector produtivo.

O inevitável aconteceu, e bastou uma crise no sector bancário e especulativo, para Portugal cair no poço da recessão causada pela austeridade forçada pelos credores. Com a falta de investimento estrangeiro e nacional, sucedem-se as falências e o desemprego tornou-se galopante.

Portugal tornou-se assim no único país da União Europeia  que, ao longo da última década, registou uma descida consistente da taxa de emprego, um recorde que devia envergonhar todos os partidos que contribuíram para este descalabro, que está a ter consequências sociais que se vão prolongar por muito mais tempo, e que são da responsabilidade única de quem exerceu o poder neste pobre país.

Não cries mais Pinóquios!

domingo, maio 18, 2014

PENSAMENTO DO DIA

"Tenho a impressão de que certas pessoas, se soubessem exactamente o que são e o que valem na verdade, endoideciam. De que, se no intervalo da embófia e da importância pudessem descer ao fundo do poço e ver a pobreza franciscana que lá vai, pediam a Deus que as metesse pela terra dentro."


Miguel Torga


sexta-feira, maio 16, 2014

AS ELEIÇÕES

Periodicamente os cidadãos são chamados a votar em eleições diversas, para a Assembleia da República, para as autarquias, para a Presidência, ou para o Parlamento Europeu, e estamos sempre a falar de lugares eminentemente políticos.

Com uma possível excepção, que é a eleição para a Presidência da República, os candidatos são propostos pelos partidos políticos, o que faz com que a escolha popular fique quase sempre restrita aos partidos do costume.

A ligação da maioria dos políticos ao eleitorado, é quase nula, e é interessante verificar-se que a maioria dos populares desconhece em absoluto os candidatos, e muito menos o que eles pensam fazer.


Basta haver uma campanha eleitoral para os ver a beijar umas velhotas e umas crianças, rodeados por uma dúzia de elementos do partido agitando bandeiras ou distribuindo folhetos ou sacos de plástico. A pergunta que aqui fica é: tirando os dias da campanha, quantos dias passam os senhores candidatos de grande parte dos partidos em real contacto com os eleitores? 


quarta-feira, maio 14, 2014

VAMPIROS




No céu cinzento sob o astro mudo
Batendo as asas Pela noite calada
Vêm em bandos Com pés veludo
Chupar o sangue Fresco da manada

Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhes franqueia As portas à chegada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada [Bis]

A toda a parte Chegam os vampiros
Poisam nos prédios Poisam nas calçadas
Trazem no ventre Despojos antigos
Mas nada os prende Às vidas acabadas

São os mordomos Do universo todo
Senhores à força Mandadores sem lei
Enchem as tulhas Bebem vinho novo
Dançam a ronda No pinhal do rei

Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada

No chão do medo Tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos Na noite abafada
Jazem nos fossos Vítimas dum credo
E não se esgota O sangue da manada

Se alguém se engana Com seu ar sisudo
E lhe franqueia As portas à chegada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada

Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada

segunda-feira, maio 12, 2014

PREOCUPAÇÕES SOCIAIS

Por vezes esgrimir números acaba por ser perigoso, para quem os usa para fazer demagogia barata e anúncios que depois dão parangonas na imprensa em geral.

Todos ouviram o anúncio da famosa tarifa social de electricidade, que beneficiaria os mais pobres e demonstrava as preocupações sociais deste executivo.

A publicidade pode revelar-se enganosa, e neste caso acontece que se conheceram agora os números de interrupções de abastecimento eléctrico em 2013, que ficaram nas 285 mil famílias, que comparam mal com o total de 10 mil famílias com tarifa social de electricidade.


As preocupações sociais no que concerne ao abastecimento de energia eléctrica, não passam de uma mera bandeira publicitária, para iludir os mais incautos.
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Humor e Iscos