quarta-feira, abril 02, 2014

A FALSA INDIGNAÇÃO



Quando surgiu o Manifesto dos 70 sobre a necessidade de reestruturação da dívida pública foi confrangedor ver a reacção dos governantes e da sua claque de apoio, que só faltou chamar de traidores os signatários do documento.

O contexto em que surgiu o manifesto talvez possa explicar, de certa maneira, ao comportamento destemperado de quem se opunha à reestruturação da dívida, pois o que se dizia então era que esta não era possível de pagar.

Começando pelo princípio, a dívida com os juros ao nível que estão é mesmo impossível de pagar. Segundo, os credores são os mais interessados em que nós a possamos pagar, por isso sabem bem que ou aliviam parte dos encargos ou ficam a ver navios.

Já sei que vão dizer que se não pagarmos as nossas dívidas ficamos sem crédito e isso nos é muito prejudicial, mas isso não implica que procuremos condições que nos permitam crescer para serem satisfeitas as nossas dívidas.

A reestruturação de dívidas é um processo corrente, ao qual nós até já recorremos, e os nossos credores, que também são nossos fornecedores, sabem bem que se os mercados se contraírem, as suas exportações ficam comprometidas, bem como as suas economias.

Note-se que não é apenas Portugal que tem uma dívida pública muito elevada, e que há mais países nessa situação, com mercados muito maiores do que o nosso, e se este tipo de políticas recessivas continuar, também eles atravessarão grandes dificuldades, e aí teremos uma crise mundial, que é o que todos já temem neste momento.

Podem rasgar as vestes os que temem falar em reestruturação da dívida, mas que ela terá de ser feita a curto ou médio prazo, disso não haja a menor dúvida, e quanto mais tardia for, pior para todos, devedores ou credores.   



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2 comentários:

  1. Herr Passos, o reformado de Boliqueime e respectiva corte já não podem bramar que quem assinou o Manifesto está isolado: 1ª) setenta personlidades estrangeiras apoiaram-no; 2ª) A Petição já tem milhares de assinaturas a mais do que as necessárias par discussão na AR.

    Bem pode o inefável marques Guedes dizer enormidades como " uma informação oficial dada por um membro do ministério das Finanças não vincula o Governo" e que " são os credores que importam"!!

    Bom resto de dia

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  2. Com esta canalha
    já não há pudor

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