terça-feira, dezembro 31, 2013

sábado, dezembro 28, 2013

A FÚRIA PRIVATIZADORA

No espaço de apenas dois dias fui brindado com a falta de energia eléctrica e falta de água. Os dois reveses aconteceram coma diferença de 48 horas e um durou mais de 7 horas, e outro mais de 16, o que diz bem da qualidade destes serviços.

Dois fornecedores diferentes, um privado há algum tempo e outro em vias de privatização, mostraram bem o que se pode esperar no futuro próximo.

No que diz respeito à energia eléctrica, apesar de viver numa zona turística, das mais badaladas internacionalmente, a distribuição ainda é feita com cabos pendurados em postes, alguns ainda de madeira, e entre os edifícios é ver um emaranhado de cabos eléctricos, de telefones e ainda a fibra óptica, tão recente mas também projectada via aérea.

Falando da água, ainda na esfera pública mas por pouco tempo a acreditar no que dizem os eleitos camarários, as condutas são de tempos muito recuados, com mais remendos do que tubo de origem, como demonstram os inúmeros remendos na estrada, apesar do tapete asfáltico não ter mais do que dois anos.

A entidade pública não investe porque pretende que os cidadãos se revoltem, a privada também não investe porque assim lucraria menos, apesar de estar protegida pelo regulador que não hesita em aumentar os preços, apesar da situação do país.

O atendimento telefónico é elucidativo, pois nunca sabem dar uma previsão de reposição do serviço, chegando mesmo num caso em dar o mail da entidade que tratará de eventuais prejuízos.


Onde ficam os interesses dos consumidores destes produtos que nos são essênciais? Afinal quem ganha com a fúria privatizadora, os consumidores ou os fornecedores? Qual é o interesse que prevalece quando se decidem as privatizações?  


segunda-feira, dezembro 23, 2013

MÚSICA DE SEMPRE


Durante boa parte do ano andei a malhar nos políticos que nos (des)governam, por isso agora deixo-vos com música da boa que muitas vezes toca cá por casa.

sábado, dezembro 21, 2013

O SINO

O sino da minha aldeia,
 Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro de minha alma.

 E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.

Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
 És para mim como um sonho.
 Soas-me na alma distante.

A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.


Fernando Pessoa

quinta-feira, dezembro 19, 2013

O CHUMBO ÓVIO

O chumbo da chamada convergência das pensões, aliás já esperado por quase todos, teve reacções diversas das quais saliento a de Marco António Costa, membro do PSD que por ser ainda relativamente jovem, nos deixa de boca aberta.

O chumbo pelo Tribunal Constitucional da medida analisada, junta-se a diversas outras deste governo que parece disposto a desafiar o TC e o texto da Constituição Portuguesa, mas MAC pensa de outro modo.


Marco António Costa vem assacar responsabilidades ao PS, que todos conhecem e que mereceram resposta em eleições, mas não reconhece erros ao PSD. Não sei como não se lembrou de culpar D. Afonso Henriques por “bater” na mãe,D. João I e a padeira de Aljubarrota por terem corrido com os castelhanos, D. Sebastião por não ter voltado numa manhã de nevoeiro, ou D. João IV por ter libertado o país do jugo dos Filipes, mas deve ter sido por falta de conhecimentos históricos…  

terça-feira, dezembro 17, 2013

PERGUNTAR AOS ALEMÃES?

É típico em Portugal pedirem-se opiniões a estranhos quando se pretendem tomar decisões sobre assuntos delicados.

Os cortes nas pensões, pretendido pelo governo, foram parar ao Tribunal Constitucional por violarem grosseiramente a nossa Lei Fundamental, mas mesmo assim pediu-se ao tribunal constitucional qual o seu entendimento sobre esta matéria.

Não consigo perceber onde estava a dúvida, nem sequer entendo qual a relevância do entendimento daquele tribunal alemão, mas o resultado foi arrasador para os intentos de Passos Coelho e da troika, pois também por aquelas bandas a intenção viola a constituição.


Claro que o T.C. pode fazer vista grossa e deixar passar mais este atropelo à Constituição, tantas foram as ameaças feitas nos últimos dias, mas seria apenas o golpe final na confiança dos portugueses nas suas instituições, e uma ameaça ao estado democrático. 


quinta-feira, dezembro 12, 2013

INSULTOS?



Houve quem classificasse os protestos na Assembleia da República, e não só, como insultuosos por terem sido usadas palavras como “mentiroso” ou ladrões”.

Os protestos contra determinadas políticas não podem ser considerados contra apenas uma pessoa, mas sim contra um conjunto (governo e maioria) que defendem e põem em prática essas políticas.

Os políticos, enquanto figuras públicas, sabem bem que serão “julgados” na praça pública pelos restantes cidadãos, pelo que disseram, pelo que prometeram e pelo que resulta dos seus actos. É inevitável que isto aconteça e eles deviam ser os primeiros a sabê-lo, e também a tirarem conclusões sobre as reacções populares.

Para mim tenho que não há nada de pessoal nos protestos que temos visto, apenas existem razões de queixa por parte dos cidadãos que vêem frustradas as suas justas expectativas, quebrados os contratos que deviam ser invioláveis, por um conjunto de pessoas que se apresentaram ao voto popular com determinadas promessas, que não estão a cumprir, muito pelo contrário.

Quem semeia ventos colhe tempestades, diz o povo, e os senhores políticos rezem para que as coisas fiquem apenas por palavras, porque há formas bem piores de manifestar o desagrado e a revolta que está bem patente por todo o lado.



terça-feira, dezembro 10, 2013

NÚMEROS E PROPAGANDA



Os números das previsões e das estatísticas podem sempre ter leituras múltiplas, e os nossos políticos já demonstraram ser exímios a fazer propaganda com números de previsões ao invés de se cingirem à realidade.

Os portugueses estão completamente nas lonas, pelo menos a grande maioria, e mesmo assim há uns quantos iluminados, ou deslumbrados, que vêem virtualidades onde elas não existem, e paraísos quando todos se sentem à beira do inferno.

Hoje foi a vez de ouvir uns quantos cantarem hossanas baseados em previsões do Banco de Portugal. Num dos títulos lia-se que a “Economia cresce 0,8% em 2014 e acima de 1% em 2015”, e logo mais abaixo está um gráfico que mostra que se prevê que a economia venha a descer 1,5% este ano.

Outro título dizia que o “consumo das famílias e investimento voltam a terreno positivo em 2014”, e o gráfico anexo diz que a previsão para este ano é de descida de 2% do PIB. Com o investimento é o mesmo, com o título a dizer que o “investimento acelera em 2014”, com um gráfico a mostrar que a previsão para 2013 é de descida de 8,4%.

Com o que se conhece do Orçamento de Estado para 2014, o que é que se pode dizer de quem faz previsões destas?    



domingo, dezembro 08, 2013

DECISÕES POLÍTICAS ECONOMICAMENTE DESASTROSAS



Portugal atravessa uma profunda crise económica que tem desencadeado decisões políticas, que segundo o governo, pretendem resolver os problemas económicos actuais.

As dificuldades económicas não são um exclusivo português do século XXI, mas sim uma quase constante da vida nacional através da História.

No século XV, durante o reinado de D. João I, Portugal debatia-se com dificuldades económicas e recorreu a desvalorizações constantes da moeda. Em 1415 decidiu-se a tomada de Ceuta, com o intuito de dominar as rotas do ouro africano e das especiarias asiáticas, na presunção de que assim se revitalizaria a economia nacional.

De algum modo sugeria-se que todos os grupos sociais tirariam proveito desta empresa, desde logo a burguesia que obteria vantagens comerciais, a nobreza pois aumentaria os seu títulos e senhorios, o clero pela luta contra os mouros, e o povo por promover novas oportunidades de emprego.

As coisas não se sucederam deste modo, pelo contrário, e a empresa revelou-se ruinosa no que dizia respeito ao comércio, que alterou simplesmente as suas rotas, e a manutenção da praça militar cedo se mostrou insustentável.

O erro de cálculo ainda hoje é desvalorizado pela nossa História, afirmando-se que terá sido este o primeiro passo para as descobertas marítimas que se sucederam, mas o insucesso económico da conquista (conseguida) de Ceuta foi uma realidade de que poucos falam.


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Fotografia


quarta-feira, dezembro 04, 2013

A REVOLTA DOS BANQUEIROS



É muito curiosa a reacção dos banqueiros às imposições de Bruxelas no que concerne à imposição de limites nas comissões a cobrar pelos pagamentos electrónicos, e ainda mais curiosas as soluções já na calha.

Todos temos assistido à passividade e discrição dos banqueiros perante as exigências feitas por Bruxelas no que respeita à regulamentação do trabalho, ao aumento dos impostos sobre o trabalho, aos cortes nos vencimentos, nas reformas e nas prestações sociais, enquanto que a banca recebe ajudas a custo muito baixo e se torna credora do Estado comprando dívida pela qual pagamos juros bem maiores.

As regras europeias são saudadas pela banca, desde que lhes sejam favoráveis, mas quando não o são, como agora se percebe, querem regulamentação nacional e excepcional, devido às condições específicas de cada Estado-membro.

Se Bruxelas não lhes fizer a vontade, e porque o nosso governo também anda com a banca ao colo, será o Povinho a pagar mais por cada levantamento de dinheiro, ou então a pagar mais pelo seu cartão. 

Sabendo-se que com as transacções electrónicas, e outras utilizações dos cartões, os bancos poupam imenso dinheiro em balcões e em pessoal, talvez seja de considerar fazer-se uma semana de levantamentos só ao balcão dos bancos, para se ver o ai Jesus destes banqueiros da treta…



segunda-feira, dezembro 02, 2013

CONCERTAÇÃO DEMOCRATICAMENTE FECHADA



Já vai sendo um hábito saber-se de decisões deste governo tomadas sem a auscultação dos trabalhadores, das suas organizações, do patronato e das suas organizações. Claro que tudo isto acontece na maior normalidade democrática, como diria Cavaco Silva.

O aumento para as 40 horas semanais, com todos os erros na elaboração da lei, que mesmo dizendo uma coisa, foi aprovada pelo Tribunal Constitucional na presunção de que a intenção não era a expressa pela sua real formulação, também não mereceu qualquer discussão real, pois era uma questão fechada à partida.

Agora temos o aumento da idade da reforma para os 66 anos, que foi levada à discussão na Concertação Social, mesmo sabendo-se que o governo tem o modelo fechado e sem margem para mudanças.

Este tipo de democracia (com letra muito pequena), onde se discutem coisas havendo já uma decisão tomada, não será muito curial num país que se diz democrático, e nesta questão nem se pode dizer que houve uma imposição da troika, pois na Europa somos dos que se aposentam com mais idade, como dizem todas as estatísticas.