quarta-feira, julho 17, 2013

A INEVITABILIDADE DAS REVOLUÇÕES



As revoluções não são factos que se aplaudam ou que se condenem. Havia nisso o mesmo absurdo que em aplaudir ou condenar as evoluções do Sol. São factos fatais. Têm de vir. De cada vez que vêm é sinal de que o homem vai alcançar mais uma liberdade, mais um direito, mais uma felicidade. Decerto que os horrores da revolução são medonhos, decerto que tudo o que é vital nas sociedades, a família, o trabalho, a educação, sofrem dolorosamente com a passagem dessa trovoada humana. Mas as misérias que se sofrem com as opressões, com os maus regímens, com as tiranias, são maiores ainda. As mulheres assassinadas no estado de prenhez e esmagadas com pedras, quando foi da revolução de 93, é uma coisa horrível; mas as mulheres, as crianças, os velhos morrendo de frio e de fome, aos milhares nas ruas, nos Invernos de 80 a 86, por culpa do Estado, e dos tributos e das finanças perdidas, e da fome e da morte da agricultura, é pior ainda. As desgraças das revoluções são dolorosas fatalidades, as desgraças dos maus governos são dolorosas infâmias.

Eça de Queirós



3 comentários:

  1. Tem razão

    mas não basta ter razão

    Abraço

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  2. Totalmente atual!
    A História repete-se, e ninguém aprendeu coisa nenhuma com o passado...

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  3. É tempo de limpar armas?! Terá que doer, podemos, mais uma vez vir a perder, mas será sempre um passo na história...
    Porque tarda tanto a desejada revolução? A resposta estará em nós próprios que apenas pensamos com a nossa cabeça - não basta unir vontades, é necessário unir pensamentos.
    Um abraço revolucionário

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