terça-feira, julho 31, 2012

DIFICULDADE DE GOVERNAR

1.
Todos os dias os ministros dizem ao povo
Como é difícil governar. Sem os ministros
O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima.
Nem um pedaço de carvão sairia das minas
Se o chanceler não fosse tão inteligente. Sem o ministro da Propaganda
Mais nenhuma mulher poderia ficar grávida. Sem o ministro da Guerra
Nunca mais haveria guerra. E atrever-se ia a nascer o sol
Sem a autorização do Führer?
Não é nada provável e se o fosse
Ele nasceria por certo fora do lugar.

2.

E também difícil, ao que nos é dito,
Dirigir uma fábrica. Sem o patrão
As paredes cairiam e as máquinas encher-se-iam de ferrugem.
Se algures fizessem um arado
Ele nunca chegaria ao campo sem
As palavras avisadas do industrial aos camponeses: quem,
De outro modo, poderia falar-lhes na existência de arados? E que
Seria da propriedade rural sem o proprietário rural?
Não há dúvida nenhuma que se semearia centeio onde já havia batatas.

3.

Se governar fosse fácil
Não havia necessidade de espíritos tão esclarecidos como o do Führer.
Se o operário soubesse usar a sua máquina
E se o camponês soubesse distinguir um campo de uma forma para tortas
Não haveria necessidade de patrões nem de proprietários.
E só porque toda a gente é tão estúpida
Que há necessidade de alguns tão inteligentes.

4.

Ou será que
Governar só é assim tão difícil porque a exploração e a mentira
São coisas que custam a aprender?


Bertolt Brecht


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Humor e Bonecos
 
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domingo, julho 29, 2012

REINCIDENTES

O respeito pela Constituição portuguesa é uma obrigação de qualquer governo eleito, mas infelizmente isso nem sempre acontece, como parece ser o caso deste governo encabeçado por Passos Coelho. 

Ainda ecoam os ecos da decisão do Tribunal Constitucional que considerou inconstitucional o corte dos subsídios de férias e de Natal aos funcionários públicos, e já se ouve Paulo Portas e companhia a afirmar que foi uma má decisão. Acrescente-se que até já atiraram para as páginas dos jornais a hipótese de os funcionários públicos virem a ser mais penalizados do que os privados. 

O argumento utilizado é mais do que estafado, baseando-se nas desigualdades dos regimes de trabalho entre o sector público e o privado. É interessante o argumento porque não consta que os funcionários públicos tenham descontos nas compras do supermercado como os trabalhadores dos ditos, ou nos artigos de vestuário como os trabalhadores desse sector, nem tão pouco as regalias que a Microsoft dá aos seus colaboradores. 

Cada sector terá as suas particularidades e é natural que assim seja, mas onde tem que existir igualdade é perante as obrigações e direitos perante o Estado. É este o espírito vertido na Constituição e o sentido da recente resolução do TC. 

Não é compreensível nem tão pouco admissível, que após um chumbo claro do TC venham agora os membros do governo tentar driblar a lei com artifícios manhosos, como se o acórdão não tivesse sido bastante claro.


sexta-feira, julho 27, 2012

PAÍS POBRE OU POBRE PAÍS?

A mim sempre me ensinaram que a maior riqueza dum país eram os seus cidadãos, mas isso foi num tempo em que as pessoas eram consideradas como seres humanos e não meros números que adornam as estatísticas. 

Dizem por aí que o país evoluiu e que temos que nos adaptar ao progresso e que as estatísticas ajudam os governos nas suas decisões, que também estão sujeitas às regras da economia do mundo globalizado onde nos movimentamos. 

Talvez seja eu que esteja desactualizado e que não creia que se possa governar ligando apenas a números, que me parecem demasiado abstractos quando desligados da realidade. A situação que vivemos é o exemplo perfeito do desajuste entre a realidade vivida e a realidade dos números esgrimidos pelo governo. 

Conforme disse o presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza na Europa, com “umas contas um bocadinho diferentes, poderíamos verificar que uma parte substancial da população portuguesa, mais de 50% provavelmente, está em risco de pobreza devido ao impacto da crise a partir de 2009”. 

Passos Coelho bem pode gritar que não está a exigir demais aos portugueses, porque a realidade desmente-o, e infelizmente já há fome em Portugal, e muita gente que já não consegue aceder aos cuidados de saúde, à educação e até a uma vida digna por ter rendimentos demasiado baixos ou não ter mesmo quaisquer rendimentos. 

As pessoas não são números, e por mais dados económicos favoráveis que o governo possa apresentar, o que conta é a realidade que todos podemos ver ao nosso redor, às portas dos centros de emprego e junto às entidades que fornecem ajuda social a cada vez mais portugueses, que vão subsistindo com a ajuda da solidariedade dos que ainda podem contribuir apesar das dificuldades.

Humor e Pobreza

quarta-feira, julho 25, 2012

NÃO HÁ INSPIRAÇÃO SEM TRABALHO

Um leigo pensaria que, para criar, é preciso aguardar a inspiração. É um erro. Não que eu queira negar a importância da inspiração. Pelo contrário, considero-a uma força motriz, que encontramos em toda a actividade humana e que, portanto, não é apenas um monopólio dos artistas. Essa força, porém, só desabrocha quando algum esforço a põe em movimento, e esse esforço é o trabalho. 

 Igor Feodorovitch Stravinski

segunda-feira, julho 23, 2012

OS RICOS E O SEU DINHEIRO

Há por aí tipos que são podres de ricos e que têm a massaroca guardada em paraísos fiscais fugindo assim ao pagamento de impostos nos seus países. 

As economias do mundo ocidental estão a atravessar uma crise, maior nuns lados e menor noutros, mas muito fulaninho que ganhou pipas de dinheiro no seu país apressou-se a colocar o dinheirinho a bom recato, continuando com os seus negócios mas recorrendo a empréstimos para os tocar para a frente. 

É gentinha deste calibre, e os assalariados que os ajudam nestes esquemas, que costumam vir dizer que os estados se endividam demasiado e que os cidadãos vivem acimadas suas possibilidades.

Leitura remendada AQUI

sábado, julho 21, 2012

CURIOSIDADES DA TUGALÂNDIA

Enquanto o governo ensaia uma ridícula dedução no IRS do IVA pago na restauração, cabeleireiros e mecânicos, o nativo vai fazendo contas e rapidamente chega à conclusão que nunca conseguirá deduzir os míseros 250 euros, por mais desgovernado que seja. 

Fazendo bem as contas, talvez algum dos grandes gestores, futebolistas profissionais ou grandes merceeiros deste país consigam abichar a tal dedução na sua totalidade, e são quem menos necessita. 

Já me veio à ideia que o fisco, perante a inutilidade da lei e atendendo ao desinteresse das pessoas pela medida ridícula, irá tentar sacar verbas multando os consumidores por não exigirem as tais facturas, pois é o meio mais fácil de arrecadar massas, castigando os consumidores. 

 Em conversa com alguns amigos surgiu uma outra explicação que não é de todo descabida, que tem a ver com o facto de ser agora mais compensador, em termos remuneratórios, ser-se electricista ou serralheiro do que engenheiro ou doutor em humanidades, pelo menos aqui em Portugal. 

Será que existe aqui algum espírito de vingança, ou será apenas que as ideias do governo são todas de má qualidade como neste caso?

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Humor - Palhaçada

sexta-feira, julho 20, 2012

O VELHO E A FLOR

Por céus e mares eu andei, 
Vi um poeta e vi um rei 
Na esperança de saber 
O que é o amor. 

Ninguém sabia me dizer, 
Eu já queria até morrer 
Quando um velhinho 
Com uma flor assim falou: 

O amor é o carinho, 
É o espinho que não se vê em cada flor. 
É a vida quando 
Chega sangrando aberta 
em pétalas de amor. 

Vinícius de Moraes


quarta-feira, julho 18, 2012

À ATENÇÃO DOS GANGSTERS LUSOS

O sonho de se tornar um gangster está ao alcance de quem tiver dinheiro, bastando para isso saber licitar e ir até ao estado do Michigan, nos Estados Unidos. 

O Cadillac de 1928 de Al Capone vai a leilão. Este carro foi mandado transformar pelo Rei de Chicago nos loucos anos 20 e é um dos primeiros carros blindados do mundo. Por uns módicos 300 mil dólares, uma ninharia para quem pode baixar salários à vontade, ou facilitar uns quantos negócios privados, qualquer potencial gangster cá do burgo pode habilitar-se a sentar o traseiro naquela relíquia. 


terça-feira, julho 17, 2012

CURTINHAS

Impostos – Fala-se pouco na arrecadação de impostos, exceptuando-se o facto de a receita ter ficado abaixo do esperado. Na realidade há um imposto que aumentou verdadeiramente, que é o IRS, e diversos outros que baixaram significativamente. Um dos impostos que baixou bastante foi precisamente o IRC, e ficou-se agora a saber que apenas 29% das empresas pagaram IRC em 2010, contra 34% em 2008 e 31% em 2009. Talvez seja irrelevante para muitos, mas que é elucidativo, isso é! 

Combustíveis – Portugal vota a estar no pódio dos países em que os combustíveis mais aumentaram desde finais de 2008 até ao fim de Junho deste ano. O aumento de 87% neste espaço de tempo compara muito mal com os 57% da média da zona euro. Há duas coisas difíceis de explicar neste país no que respeita a este tema, com seja, como é que a autoridade para a concorrência explica o facto, e como é que o patronato e o governo não atacam estes aumentos injustificados, e se viram apenas para os salários como maneira de reduzir custos de produção. Quem tiver explicações, por favor aproveite para esclarecer… 
                                                         
                                                             Humor e Austeridade

domingo, julho 15, 2012

RETORNANDO AO MITO

A agenda deste governo é de definitivamente acabar com Estado. Passos Coelho já o demonstrou à saciedade e Paulo Portas, que não se podia deixar ficar para trás, também veio dar uma ajudinha. 

Ao mesmo tempo que dava uma no cravo, Portas dava outra na ferradura. Nas mesmas declarações na Madeira disse que “é injusto responsabilizar por igual público e privado” e “ não será comigo que Portugal vai diabolizar a função pública”, deixando lá pelo meio que o problema de Portugal é o défice do Estado. 

É curioso que Paulo Portas aluda ao défice do Estado, ele que avançou com os submarinos e com as Pandur, por exemplo. Claro que nem é preciso falar das contrapartidas destes negócios, que isso dava pano para mangas. 

Não se admite que sejam os políticos a vir atirar com o défice público para a frente, no sentido de justificar os sacrifícios impostos aos funcionários públicos e pensionistas, por se o défice é assim tão alto, a culpa é precisamente dos políticos que não souberam governar o país. Também é da mais pura hipocrisia, escamotear quem beneficiou em grande do endividamento do Estado, como se tivessem sido os funcionários do Estado e os pensionistas. 

A política está cheia de demagogia, mas o que é demais já cheira mal. 

Também pode gostar de ler ISTO e ISTO


sexta-feira, julho 13, 2012

BREVE POEMA ÉPICO

Sete leões e o profeta no meio,
com óculos, de preto, guarda chuva
e uma saudade desbotada
no bolso do coração.

O céu triste e calado como os mortos;
as colinas à espera de pintor
e o rio como um doido a bater palmas
e a babar-se nas fragas.

Sete leões da terra de ninguém
todos goelas  força e sede viva.
O profeta no meio, tão profeta
que o medo lhe parecia Anjo da Guarda.

Magro, pois a comida de palavras
nunca foi coisa que matasse a fome...
corpo talhado a jeito de baínha
ao espírito - uma espada feita de ar.

Sete leões como os sete pecados,
ali, inteiros, no Jardim de Deus;
as portas milenárias em pedaços
e o Todo-Alma a estuar de fé.

A cada uivo – um murmuro versículo;
para o raspar das unhas as mãos juntas
e aos saltos decisivos como raios,
um - Satan, vade retro! e o guarda-chuva!

Depois... tudo acabou na digestão
do profeta, do rio e até do céu!
Mas um poeta virá com outros sóis
para ver nascer flores dos cadáveres dos leões.

Coimbra – 1943

In “Sete Luas”
Editorial Inquérito Lda.

António de Sousa
1898 – 1981

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Pinturas de Goya 


quinta-feira, julho 12, 2012

50 ANOS DE PALCO

Chegar aos 50 anos de palco não é para todos e os Stones bem merecem esta pequena homenagem pela sua longevidade artística e pela música que foram dando a várias gerações, começando exactamente pela minha.

terça-feira, julho 10, 2012

ACABAR COM O MITO

Temos ouvido da boca de diversos dos comentadores ligados ao poder e dos partidos do governo, e por diversas vezes, que O Estado tem muitas “gorduras”, e que é preciso cortar nos funcionários públicos porque o patrão Estado gasta mais do que pode. 

Convém recordar que o défice do Estado quando Cavaco Silva foi para o governo era duma dimensão muito inferior à actual e que começou a aumentar ao mesmo tempo que entravam os dinheiros da então CEE. 

Começando a partir dessa época podemos ver que todo o dinheiro era encaminhado para a chamada política do betão e do asfalto, cujos beneficiários eram as empresas privadas de construção civil. A construção cresceu, vendiam-se casas, lucravam os bancos e o país começava a endividar-se beneficiando as empresas destes sectores. 

Acabou-se com a agricultura e com as pescas, e os grandes proprietários com terras e com embarcações, privados bem se sabe, amealharam os dinheiros vindos de Bruxelas. Tudo continuou de velas enfunadas até que os dinheiros da Europa começaram a diminuir, mas não se podia parar a maré. 

Com a diminuição da contribuição europeia, vieram os grandes projectos e grandes empréstimos fitos no exterior, e lá surgiram mais estradas, estádios de futebol e uma Expo que foi o orgulho nacional, só que ninguém dizia que o país estava a ficar mais endividado. 

Quando começaram a surgir umas luzinhas de alarme, começou a dizer-se que era preciso privatizar em força, e mais uma vez se começaram a entregar fatias das grandes empresas do Estado a privados, porque havia compromissos a pagar. Tudo o que era lucrativo começou a ser alienado, mas não se disse que as receitas dessas empresas estavam a ser retiradas ao Estado e que isso iria implicar a subida dos impostos a curto prazo. 

O bodo continuou com as PPP, onde o Estado garantia o lucro dos privados por 30, 40 ou mais anos e ainda ficava como avalista dos empréstimos internacionais. No caso das Scut a vergonha ainda foi maior, porque havia uma comparticipação europeia destinada a beneficiar a comunidade e afinal passaram a ser pagas pelos utilizadores e o Estado ainda ficou obrigado a garantir rendas chorudas aos concessionários. 

Tudo isto aconteceu sem que os comentadores ligados ao poder e os partidos que passaram pelos diversos governos viessem dizer que o Estado se estava a endividar e a entregar tudo o que era lucrativo para benefício de privados. Agora dizem todos que foi o Estado que se endividou e que gasta mais do pode, sem nunca aludir quem teve responsabilidades ou quem beneficiou durante todos estes anos em que o endividamento foi aumentando. 

Finalizo dizendo que, a menos que os juros da nossa dívida passem para taxas perto de 1%, Portugal nunca terá capacidade para pagar a sua dívida actual, porque seria preciso haver um crescimento muito alto para se conseguirem pagar os juros e amortizar a dívida. Os comentadores e políticos da área governamental sabem isso, mas não o dizem porque é uma verdade inconveniente. 


segunda-feira, julho 09, 2012

LAPSOS

Numa altura em que se multiplicam os lapsos, ou coisas que acabam por merecer esse nome por parte de quem os comete, talvez venha a propósito Freud e a “Introdução à Psicanálise”. 

Lapsos com Sentido 

A deformação que constitui um lapso tem um sentido. O que compreendemos por estas palavras: tem um sentido? Que o efeito do lapso talvez tenha o direito de ser considerado como um acto psíquico completo com objectivo próprio, como uma manifestação que tem o seu conteúdo e significado próprios. (...) Quando falamos do sentido de um processo psíquico, esse sentido não é para nós nada além da intenção à qual serve e do lugar que ocupa na série psíquica. Poderíamos até, na maioria das nossas pesquisas, substituir o termo sentido pelos termos intenção ou tendência.
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Pintura - Lonely
By Chashirskiy

sábado, julho 07, 2012

A QUEM INTERESSA A CONFUSÃO?

A decisão do Tribunal Constitucional não devia ser uma surpresa para ninguém muito menos para quem anda na política, mas parece que alguns ficaram “enjoados” com a inconstitucionalidade dos cortes dos subsídios aos pensionistas e funcionários públicos. 

As reacções dos partidos da área do poder foram desastrosas, mas não deixaram de ser previsíveis e em linha com a conduta dos respectivos partidos. Apesar dos muitos avisos, até de Cavaco Silva, o governo avançou com a medida em causa, desafiando a Constituição Portuguesa, e agora pretendem passar as suas culpas para outrem, carregando sobre os juízes e sobre os funcionários públicos. 

Passos Coelho veio logo dar a entender que se era inconstitucional cortar só aos funcionários públicos e aos pensionistas, então considerava a hipótese de cortar a todos os trabalhadores. António Pires de Lima e outros empresários e economistas da área do poder, vieram brandir os fantasmas do despedimento na função pública, chegando mesmo a afirmar que quem se está a sacrificar com esta crise são todos os trabalhadores do sector privado, em especial os que ficaram desempregados. 

As reacções destes senhores são apenas as habituais, pois apenas pretendem atirar trabalhadores contra trabalhadores. Veja-se que nenhum deles veio aventar outras hipóteses que não fossem os cortes dos subsídios, que as há. 

Porque é que não vieram sugerir a quebra unilateral dos contratos das Scut e das outras PPP, alegando o motivo que se usou para cortar os subsídios, que foi a emergência nacional? Afinal não é uma quebra de contrato como a que fizeram com os funcionários públicos e agora querem alargar aos trabalhadores do sector privado? 

Será que ainda vale a pena instigar trabalhadores contra trabalhadores? Será que fomentar a inveja ainda resulta? Espero que este povo saiba ver quando está a ser grosseiramente manipulado por quem não quer contribuir para o esforço que exige apenas aos outros.


quinta-feira, julho 05, 2012

HAJA JUSTIÇA

Como já tinha dito aqui por diversas vezes, os cortes dos subsídios de Natal e de férias feito aos funcionários públicos e pensionistas, foram declarados inconstitucionais pelo Tribunal Constitucional. 

A inconstitucionalidade agora declarada, segundo o TC, não se aplicará ao ano de 2012 por razões de execução orçamental, o que não é sequer admissível, pois ao TC não cumpre pronunciar-se sobre essa matéria mas tão só sobre a constitucionalidade das leis. 

O governo não pode vir alegar que não tinha conhecimento da possível inconstitucionalidade das medidas em causa, pois teve muito tempo para se certificar da mesma, logo que a medida começou a ser contestada, e não podem ser os espoliados por uma inconstitucionalidade a pagar pelos erros de cálculo do governo. 

Veremos agora o que o governo vai congeminar ao ver o acórdão do TC, porque daquele lado não costumam vir boas notícias, e pelas palavras de Passos Coelho vem aí cacetada. 

Eu já fui roubado, quem é que me vai compensar pela injustiça?


quarta-feira, julho 04, 2012

O FENÓMENO

Na semana em que se julga ter encontrado o bosão de Higgs, descoberta que ajudará a explicar muitas coisas até agora desconhecidas no campo da Física, Portugal também ficou a conhecer um fenómeno de esperteza que a todos espantou. 

A licenciatura de Miguel Relvas conseguida no espaço de ano é um feito nunca conseguido neste curso, em nenhuma das universidades portuguesas. 

Tal como o cientista Stephen Hawking achou que se deveria atribuir o prémio Nobel da Física a Peter Higgs, por ter avançado com a existência da partícula subatómica que dá massa à matéria em 1964, também nós portugueses devíamos dar um prémio a Miguel Relvas pelo feito inédito só agora revelado. 

CARTOON

VÍDEO
 

terça-feira, julho 03, 2012

A VERDADEIRA FACE DA SAÚDE

A saúde, tal como os restantes sectores, passou a ser considerada, por este governo, como um negócio e nada mais do que isso. O liberalismo apregoado e nunca desmentido, tem consequências que em certos sectores podem ser preocupantes. 

Já se estava a assistir a atrasos nas intervenções cirúrgicas, a protestos dos profissionais de saúde, e a uma degradação de serviços visível aos olhos dos utentes mais frequentes. O acesso aos serviços de saúde está cada vez mais difícil e mais caro. 

O critério utilizado no corte de despesas diz tudo sobre a preocupação deste governo com os aspectos essenciais do serviço de saúde: as adjudicações de bens e serviços são pelo valor mais baixo. 

Transformar hospitais e centros de saúde em mercearias só com produtos de marca branca, é um erro crasso, e uma idiotice que a nossa sociedade pagará a um preço muito caro. Dirigir um sector desta importância com espírito de contabilista é uma atitude assassina! 

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domingo, julho 01, 2012

REVISITAR AS COBERTURAS DA BATALHA

Ao ouvir ontem o programa da TSF, “Encontros com o Património” pude recordar uma visita única para a qual fui convidado por um amigo que trabalhava no Mosteiro da Batalha, e que nunca mais esqueci. 

O motivo desta recordação prende-se com as afirmações dum senhor que já foi subsecretário de Estado da Cultura, se não estou em erro, e que agora é director de uma direcção geral que tem a tutela daquele monumento, que estava errada. 

Segundo Elísio Sumavielle, estão previstas visitas às coberturas do Mosteiro da Batalha, a partir do próximo ano, e que segundo o mesmo o público nunca teria visto. 

Na realidade eu visitei as coberturas do Mosteiro da Batalha, inserido num grupo de cerca de 30 pessoas há cerca de 28 anos, acompanhado por um funcionário do mosteiro, que nos foi falando sobre diversos pormenores como por exemplo os vitrais, as gárgulas, um varandim sobre as Capelas Imperfeitas, etc. 

Nunca mais me esqueci dos enormes telhões em pedra que cobrem a nave da Igreja, nem da Torre do Relógio e o som do seu relógio, que já não ouvi em visitas feitas posteriormente. Recordo-me bem que o grupo acedeu às coberturas por um torreão situado junto da fonte próxima do Refeitório dos Frades. 

Pelos vistos ninguém informou devidamente o senhor diretor-geral, e se calhar ainda querem colher a autoria da ideia, que alguém já teve há quase três décadas. Mesmo assim asseguro-vos que uma visita às coberturas daquele monumento vale mesmo a pena, sobretudo para quem o conheça relativamente bem. 

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