quarta-feira, junho 15, 2011

A REALIDADE E O SITUACIONISMO

O tempo costuma encarregar-se em mostrar quem teve razão antes de as coisas acontecerem, e a realidade costuma ser desfavorável aos situacionistas.

Recordo-me perfeitamente dos comentários desfavoráveis quando aqui disse que esta não era a Europa que eu queria, a propósito da não realização do referendo sobre a última alteração dos tratados. Dos comentários indesejáveis o menos ofensivo terá sido o de “ esquerdista radical”, se bem me recordo.

Quando começaram as dificuldades económicas do país, ainda com o discurso da tanga e depois com a teoria do pântano, afirmei que os dias piores estavam ainda para vir, e eles chegaram no consulado de Sócrates, apesar dos seus desmentidos frequentes e patéticos, como se viu. Também recebi uns quantos piropos nessas alturas.

Começou a colocar-se a hipótese do pedido de resgate, que está aí, e afirmei que se ele tivesse os mesmos contornos dos resgates da Grécia e da Irlanda, nada de bom nos esperava. Quando se confirmou a intenção de recorrer ao resgate, disse que a renegociação da dívida iria acabar por acontecer.

Não fui o único a dizer estas coisas, naturalmente, mas recordo-me muito bem do que diziam os analistas políticos e económicos da nossa praça, e os políticos do chamado “arco da governação”, e esses não foram capazes de prever, e muito menos de evitar, que o país chegasse à actual situação.

Desconfiei desde sempre dos situacionistas, que preferem cavalgar a onda do poder instalado, retirando disso os respectivos benefícios, limitando-se a mudar de armas e bagagens (muito de fininho) de campo, sempre que o poder muda de mãos. É exactamente por serem situacionistas que nunca actuam ou denunciam a tempo as situações, pois não acredito que actuem assim por falta de inteligência ou de dados suficientes para perceberem o que se desenha para o futuro do país.

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3 comentários:

  1. O pior é que você tem razão.Seria melhor se estivesse cometendo uma grande injustiça com essa crítica.E assim caminha a humanidade a marcha ré.

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  2. Os porcos estarão sempre perto da gamela.
    Lol

    AnarKa

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  3. Tenho concordado com o que o amigo Guardião escreve não só por não achá-lo profeta da desgraça mas, sobretudo, pelo realismo com que aborda os diferentes aspectos sócio-económico-culturais deste rectângulo que já teve momentos felizes e poderia continuar a tê-los se , a tempo, quando todos ou quase previam a crise e muitos já se debatiam com ela a tivessem atacado de forma salutar. Há custos que saem muito caros e quem paga SEMPRE é o Zé.
    Quanto aos situacionistas comparo-os às melgas que são atraídas pela luz da lamparina e que , mal se extingue, atacam de imediato a que se acende noutro local.

    Bem-haja, amigo!

    Abraço fraterno

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