terça-feira, março 01, 2011

UM CHEFE PORTUGUÊS

Tento sempre evitar generalizar certas acusações, porque cada um de nós é diferente de todos os outros e não quero ser injusto. Dito isto, vou descrever-vos um chefe português dos nossos dias.

Por mero acaso tive acesso a um relatório de actividades de um serviço do Estado, que deve estar a ser entregue aos responsáveis máximos de determinada área de um ministério.

Apesar de uma clara diminuição de actividade, que era facilmente explicada pela crise, o dito chefe nada diz nesse sentido, pelo contrário realça que se fez um excelente trabalho, que a direcção conseguiu motivar a equipa e tirou o máximo rendimento da mesma, tendo até conseguido arrecadar para os cofres públicos uma maior receita. Aqui fica também uma omissão, talvez porque a tutela a devia conhecer, que foi um aumento de preços da ordem dos 40%, percentagem só em parte reflectida nos resultados.

A cereja no topo do bolo, para mim, é o facto de apesar dum aumento dos gastos em energia, água e consumíveis, o chefe vangloria-se da diminuição das verbas gastas em manutenções e reparações de equipamentos e do edifício, sabendo que o edifício está numa lástima e que há diverso equipamento, bem dispendioso e necessário, que está encostado por avarias diversas.

Este chefe preenche todos os requisitos para receber uma óptima avaliação ministerial, porque gastou pouco mais verba do que no ano anterior e aumentou as receitas numa percentagem maior que a subida das despesas. Formidável!

O serviço arrasta-se, o edifício está num estado miserável, o chefe nada faz para melhorar o serviço público que se presta ao público, mas fica bem visto. Qualquer outro chefe com algum brio, que tente melhorar o serviço a prestar, e que exija um mínimo de meios para um objectivo quantificável, é mal avaliado, entra em desgraça, e se for um Chefe com letra maiúscula, demite-se por achar que sem meios não pode desempenhar o seu trabalho com a dignidade que se impõe a alguém que dirige um serviço e dezenas de funcionários.

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Foto - Flor da Bananeira

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Humor e Gulodice

6 comentários:

  1. mesmo que não se queira temos de entrar no sistema.

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  2. Muitos não se demitem porque não sabem fazer mais nada, para além de lamber as botas ao dono.
    Lol

    AnarKa

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  3. Se for género Vítor Constâncio além de se não demitir, ainda será promovido!

    Saudações

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  4. Qual o departamento e o chefe, para nós podermos propor um louvor, acompanhado de uma condecoração no 10 de Junho
    Saudações amigas

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  5. Qual o departamento e o chefe, para nós podermos propor um louvor, acompanhado de uma condecoração no 10 de Junho
    Saudações amigas

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  6. Anda tudo paranóico com avaliações, quantificações das coisas mais subjectivas. Foi com essa política que os bancos chegaram onde estão - mal - e os banqueiros gozam os rendimentos!
    Daqui por umas décadas virão outras ideias, outras tendência, outras conclusões e chegar-se-á à conclusão que esta obsessão da avaliação por objectivos não se reflec te em resultados e apenas serve para encobrir, pintar a realidade e criar um ambiente de merda entre os pares.
    Um abraço inavaliável

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