quinta-feira, dezembro 31, 2009

BOAS ENTRADAS

Porque 2009 está quase terminado, e não deixa grandes razões para ser recordado, aqui ficam os desejos sinceros de que 2010 possa ser melhor para todos os meus leitores e amigos.

José Lopes




Dave Granlund

Joe Heller
860

sábado, dezembro 26, 2009

ANTIGUIDADES E POLÍTICOS

Todos conhecemos peças arqueológicas de uma região expostas em museus de países distantes. Num mundo em que se apregoa a globalização como uma inevitabilidade, e por vezes como uma bênção, esta constatação até pode parecer estranha.

O Egipto exige a devolução do busto de Nefertiti, e os responsáveis alemães pelo museu de Berlim onde o busto está exposto reclamam, afirmando que a compra do artefacto foi perfeitamente legal.

A Pedra de Roseta, pedaços escultóricos de templos gregos, e outros verdadeiros tesouros arqueológicos estão longe do local onde foram feitos e para onde estavam destinados, apenas por razões políticas ou económicas e não por desejo dos povos a que estão ligadas historicamente.

Guerras, ocupação, colonialismo são algumas das (más) razões que estiveram na origem deste problema, mas o que é estranho e dificilmente aceite como razão para a não devolução de uma peça, (o busto de Nefertiti), é alegar que é demasiado frágil para ser transportado.

A Cultura não ganha nada em ser desacreditada por interesses obscuros e por desculpas ridículas como aquelas que li quanto a este caso.





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Foto Fresquinha
crystalline by PatrickRuegheimer

segunda-feira, dezembro 21, 2009

FELIZ E SANTO NATAL

Desejo a todos os amigos e visitantes um Bom Natal, com muita paz e saúde.

Chove. É dia de Natal

Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal,
E o frio que ainda é pior.

E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.

Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho o frio e Natal não.

Deixo sentir a quem quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se escrevo ainda outra quadra
Fico gelado dos pés.




sexta-feira, dezembro 18, 2009

OPORTUNIDADE E OPORTUNISMO

Em quase tudo na vida é possível concordar-se com algo ou discordar com isso mesmo. As condicionantes são diversas, e influenciam a nossa opinião. As decisões mais difíceis, talvez mesmo as mais importantes colocam-nos de um dos lados de uma qualquer barricada, e a razão pode estar noutro lugar qualquer, ou até assistir a ambos os lados.

Estava a pensar na anunciada greve dos trabalhadores das grandes superfícies na véspera de Natal. Já ouvi alguns a barafustar afirmando que vão ser prejudicados porque era precisamente na véspera de Natal que tinham planeado as compras. Estes são os possíveis clientes, mas também temos os patrões, e a UGT, que vêm dizer que não é oportuna a greve e que o emprego é mais importante que os direitos, e que se querem lutar esta não é a ocasião mais propícia.

Tudo é passível de ser rebatido, começando pelo argumento dos que se sentem prejudicados, que bem podem recorrer ao mercado tradicional, contribuindo para a manutenção de muitos mais postos de trabalho, o que a UGT estranhamente não refere. Quanto ao patronato também se pode perguntar se é oportuno aumentar agora o horário de trabalho para as 60 horas, afinal estamos na quadra das festas da família?

Eu faço as minhas compras com tempo, se me esquecer de alguma coisa, tenho bons vizinhos a quem recorrer, e o conveniente plano B. Com o vencimento que a maioria dos empregados dos grandes centros comerciais ganha (uma ninharia), a vontade e o estímulo para encher a barriga aos patrões deve ser igual ou abaixo de zero. Porque raio terá um empregado de uma grande superfície trabalhar 60 horas semanais quando isso favorece o patrão e não pode tirar por exemplo as férias quando mais lhe convém devido às férias dos filhos ou do cônjuge?

Alguém acha que existe equilíbrio nas relações laborais? Talvez comece a ser altura para se pensar até onde é que estamos dispostos a ceder enquanto trabalhadores por conta de outrem! Eu estou à beira da reforma e não trabalho em nenhuma grande superfície.



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Foto Estranha
Японские мотивы

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Humor Premiado
Cristobal Reinoso

Arif Sutristanto

terça-feira, dezembro 15, 2009

O ESPÍRITO DA ÉPOCA

A época natalícia costuma ser uma altura em que os portugueses se esquecem um pouco das cautelas e abrem os cordões à bolsa para terem a alegria e o prazer de ofertarem devidamente a família e alguns amigos. Tem sido assim até este ano mas, sim há um grande MAS, agora a situação é diferente, e mesmo que alguns o não consigam explicar, o “mas” é um verdadeiro travão que se sente mesmo.

A taxa de desemprego é simplesmente aflitiva, e são cada vez mais os portugueses que deixam de ser apoiados socialmente e no futuro não há esperanças de melhorias. Os que trabalham sabem bem que os salários são dos mais baixos da União Europeia, e que o miserável salário mínimo está ameaçado pelos mesquinhos patrões, que querem mais apoios mas não abrem os cordões à bolsa.

Ouço uns quantos falarem da diminuição da despesa corrente do Estado, cortando-se nos vencimentos, mas porque é que não se corta nas aquisições de serviços e nas Parcerias Público-Privadas (PPP) onde só os privados têm lucros garantidos? Atente-se ao que diz o Tribunal de Contas, se não acreditam no que digo.

Meus caros, se os portugueses cortarem substancialmente nos presentes de Natal, como se diz, os senhores empresários podem começar a arranjar espaço nos armazéns para guardar os monos, podem preparar-se para pedir uns dinheiros para a próxima colecção, com um spread mais alto como convém, e também podem começar a elaborar mais uns papéis para o fundo de desemprego.

Portugueses sem dinheiro para gastar no Natal é sinal de tudo o que disse, e talvez mais alguma coisa que mais à frente se verá.

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Fotos - Prova de Força
Happy meal By castiza

bestfriend By aheadmon

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Humor Caceteiro
À força...

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Música

quinta-feira, dezembro 10, 2009

ADVOGADOS E MAGISTRADOS

Estar a aproveitar momentos de repouso em boa companhia à espera do Natal e das visitas dos filhos e netos, não implica forçosamente estar arredado das notícias do rectângulo. Quase tudo que ouvi e li era mais do mesmo, ou seja, politiquices a que me devo alhear.

A minha atenção caiu sobre apenas duas notícias, uma sobre a opinião de Marinho Pinto sobre a criminalização do enriquecimento ilícito e outra sobre uma acusação do Ministério Público que pende sobre antigos gestores dos CTT e a sua gestão que é considerada danosa.

O hábito em Portugal tem sido aparecer um novo “caso cabeludo” sempre que o anterior começa a “chamuscar”as barbas de gente graúda. Claro que tudo se arrasta por tempos infindáveis e a culpa acaba sempre por morrer solteira, e mesmo quando há alguma pena essa é sempre suspensa ficando as coisas por isso mesmo.

Quanto à opinião do senhor bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto, que afirmou que a criminalização do enriquecimento ilícito «não terá eficácia», e as suas dúvidas sobre se a lei vai ser aplicada a todos por igual, ou não, posso dizer que fiquei completamente atónito. A resposta contudo estava mais abaixo, nas palavras do próprio bastonário: «Não será altura de parar de mexer nas leis e começar a mexer nos magistrados e nas polícias? Não será altura de deixar as leis penais em paz e 'corrigir' os magistrados que temos?».

Afinal temos uma guerra entre advogados e juízes, muito para além das querelas políticas, e por isso não se fazem leis correctas e aplicáveis, apesar de alguns dos protagonistas do processo penal saberem bem porque que é que tudo vai falhar, mesmo antes de a lei ser conhecida, discutida e colocada em vigor.

É grave, muito grave aquilo que Marinho Pinto diz hoje sobre o futuro. Aos agentes da Justiça pede-se que saibam conjugar esforços na defesa dos cidadãos, do bem público e das leis que para isso existem ou venham a existir. O dinheiro por vezes tolda um pouco o discernimento de alguns, mas os cidadãos esperam que isso não afecte a Justiça e os seus actores, senão é a Democracia que está em risco.



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Ignorância ou Insulto?
Acabei de ver uma página de entrada no tema "Notícias" do SAPO deparei-me com o destaque à acusação do Ministério Público a gestores dos CTT, acusando-os de gestão danosa, encimada e sem qualquer separação por uma foto de Zeca Afonso. Um erro admite-se, mas este não é um erro normal, foi denunciado nos comentários e mesmo assim, mais de duas horas depois ainda lá estava o "Engano".
Há pessoas que merecem que a sua memória seja respeitada e por isso mesmo, alguém devia apresentar desculpas públicas aos internautas e aos familiares do Zeca.
Não consigo resistir à tentação de vos deixar aqui "Vampiros" do Zeca Afonso, quanto mais não seja para recordar os responsáveis do portal em questão, o SAPO, de parte da obra deste português.




Esta imagem é um printscreen da página do SAPO referida no texto

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Conversas Entre Advogados e Ministério Público

segunda-feira, dezembro 07, 2009

ARY, DE NOVO!

RETRATO DO POVO DE LISBOA


É da torre mais alta do meu pranto


que eu canto este meu sangue este meu povo.


Dessa torre maior em que apenas sou grande


por me cantar de novo.



Cantar como quem despe a ganga da tristeza


e põe a nu a espádua da saudade


chama que nasce e cresce e morre acesa


em plena liberdade.



É da voz do meu povo uma criança


seminua nas docas de Lisboa


que eu ganho a minha voz


caldo verde sem esperança


laranja de humildade


amarga lança


até que a voz me doa.



Mas nunca se dói só quem a cantar magoa


dói-me o Tejo vazio dói-me a miséria


apunhalada na garganta.


Dói-me o sangue vencido a nódoa negra


punhada no meu canto.



Ary dos Santos



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Musica




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Caricaturas
Omar Turcios

Oktay Bingol

quinta-feira, dezembro 03, 2009

ARY DOS SANTOS

Ecce Homo

Desbaratamos deuses, procurando

Um que nos satisfaça ou justifique.

Desbaratamos esperança, imaginando

Uma causa maior que nos explique.


Pensando nos secamos e perdemos

Esta força selvagem e secreta,

Esta semente agreste que trazemos

E gera heróis e homens e poetas.


Pois Deuses somos nós. Deuses do fogo

Malhando-nos a carne, até que em brasa

Nossos sexos furiosos se confundam,


Nossos corpos pensantes se entrelacem

E sangue, raiva, desespero ou asa,

Os filhos que tivermos forem nossos.


José Carlos Ary dos Santos



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quarta-feira, dezembro 02, 2009

UMA ESTRANHA EUROPA

O continente onde nasceu a democracia, há muitos séculos, deixou que um tratado viesse ensombrar esse mesmo conceito de liberdade e democracia de que se arroga defensor.

A legitimidade que os governos alegaram para aprovar o Tratado de Lisboa, sem consultas directas às populações terá sustentáculo formal e de direito, mas nunca conseguirá convencer todos quanto ao seu carácter pouco democrático. Os referendos prometidos e que não se realizaram serão sempre recordados quando as coisas não correrem como é expectável.

Para mim fica o facto de que primeiro quiseram impor uma constituição europeia, e perante as reacções negativas deixaram cair os símbolos federalistas, mas manteve-se o texto na sua essência, e optou-se pela terminologia de tratado.

O poder fica cada vez mais longe das populações, os países mais pequenos deixam de ter o mesmo peso, e a Europa que conhecemos, deixará forçosamente de ter a mesma diversidade que a caracteriza e a tendência de uniformização irá acentuar-se.

Duvido que em referendos livres e com a informação necessária este tratado tivesse conhecido a luz do dia, por isso mesmo não auguro nada de bom para esta Europa cada vez mais divorciada da vontade dos seus cidadãos.
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AVISO - Para que conste, o José Lopes vai aproveitar devidamente a quadra, com os seus feriados e dias simbólicos, pelo que a regularidade dos post's e dos comentários vai ressentir-se.

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Humor com Maresia
Lula por Baptistão

Pirata by Bayram Hajizadeh