segunda-feira, novembro 10, 2008

EPICURO

Veio recentemente numa revista um artigo interessante baseado na teoria defendida por Irvin Yalom, um psiquiatra americano que vai lançar em Portugal um livro intitulado “De Olhos Fixos no Sol”. Este psiquiatra não é um desconhecido para alguns, e já tem alguns títulos traduzidos em português como “Quando Nietzsche Chorou” que é interessante.

O que mais atraiu a minha atenção para o artigo, foi evidentemente o título “A morte faz-nos tão bem”. Talvez seja um cabeçalho algo estranho em Portugal, e para portugueses, mas estará de acordo com o pensamento do escritor.

Este autor afasta-se claramente das teorias de Freud, e curiosamente volta muito atrás, bebendo de algum modo um pouco do Epicurismo. Enquanto Freud justificava muitas psicopatologias como resultado da repressão sexual dos indivíduos, Epicuro dizia que o homem para ser feliz necessitava de três coisas: Liberdade, Amizade e Tempo para meditar.

Recordo que o Epicurismo na opinião da Igreja foi considerado uma heresia, pois considerando todas as coisas materiais, negava a existência da alma e da vida após a morte. Não será exactamente assim, já que Epicuro recomendava gozar os bens materiais e espirituais com ponderação e medida, de forma a se perceber o que neles há de melhor.

Talvez poucos associem esta filosofia ou corrente de pensamento (epicurismo) ao que é “sugerido implicitamente” por alguns psiquiatras a doentes terminais, mas é muito comum tentar-se uma abordagem deste tipo, aconselhando a olhar a morte de frente de modo a recentrar a vida num plano mais rico.

Uma das frases destacadas no texto da revista, e atribuída a Irvin Yalom, é bastante sugestiva, ”Olhar de frente a nossa própria morte é transformador e dissipa o medo. Embora a morte física nos destrua, a ideia de morte salva-nos.”



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6 comentários:

  1. interessante perspectiva, encarar medos faz com que os consigamos vencer...

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  2. Guardião

    Devemos sempre encarar de frente tudo aquilo de que não podemos fugir. E a morte é inevitável. É na vida que nos preparamos para esse salto para o desconhecido mesmo quem como eu não acredita numa vida para depois desta.
    Freud e Epicuro não são antagónicos. São duas perspectivas distintas da realidade.
    No entanto, e apesar de muitas das teorias de Freud já terem sido postas em causa, perfilho a opinião de que o libido é determinante na arrumação da vida, nas paixões e emoções sem as quais se tornaria vazia de sentido. O libido está mesmo onde não está. É uma constante que nos enforma.
    Olha, Epicuro é lindo especialmente depois dos entas com as paixões em lume brando ou um tanto esfriadas.

    Abraço

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  3. Ter medo de morrer faz com que muita gente deixe de viver, e no entanto a morte é inevitável. É sobre esta constatação que se baseia a terapia indicada para quem se sente, ou está, desenganado da vida. Quem a aplica não tem forçosamente que duvidar de Freud ou ser epicurista, simplesmente se pretende que o paciente não morra antes do seu próprio corpo.
    Palaciano

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  4. Encarar os medos de frente leva-nos a vencê-los. Só que às vezes os medos estão dessimulados com outras patologias e é difícil descobri-los sozinhos.
    Um abraço e boa semana

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  5. Um momento bem passado a ler um artigo bem pensado, como sempre, bem rematado por ilustrado.
    Abraçado

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  6. Depois de ler este artigo recordei algumas conversas que tivemos sobre o assunto, e que nunca esqueci. Quem diria que tu, de fato de cabedal e capacete na cabeça ainda continuas a interessar-te pelos filósofos gregos.
    Bjos da Sílvia

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