domingo, outubro 05, 2008

PESSOA

Os Meus Pensamentos são Todos Sensações

Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto.
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.


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Humor
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10 comentários:

  1. Boa escolha. Abraço e bom fim de semana

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  2. "...Eu não tenho filosofia: tenho sentidos…
    Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
    Mas porque a amo, e amo-a por isso,
    Porque quem ama nunca sabe o que ama
    Nem sabe por que ama, nem o que é amar…
    Amar é a eterna inocência,
    E a única inocência é não pensar…"
    Cumprimemto-o e desejo-lhe um óptimo Domingo.

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  3. Ao domingo a leveza da poesia em harmonia com a natureza, não está nada mal.
    Bjos da Sílvia

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  4. Grande monumento, enorme escolha.

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  5. Olá Guardião:
    Um texto poético de sentires que coroado com uma lindíssima foto de uma flor.
    Lindo!
    Beijos

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  6. A beleza e a nostalgia de um domingo pleno...

    Um abraço

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  7. Pois é, o Alberto Caeiro era o Mestre, o poeta bucólico.

    "Alberto Caeiro nasceu em Lisboa, em 1889 e morreu em 1915, mas viveu quase toda a sua vida no campo, com uma tia-avó idosa, porque tinha ficado órfão de pais cedo. Era louro, de olhos azuis. Como educação, apenas tinha tirado a instrução primária e não tinha profissão.
    Como surgiu este heterónimo? Conta o próprio Fernando Pessoa que “se lembrou um dia de fazer uma partida a Sá-Carneiro — de inventar um poeta bucólico, de espécie complicada, e apresentar-lho, já me não lembro como, em qualquer espécie de realidade. Levei uns dias a elaborar o poeta mas nada consegui. Num dia em que finalmente desistira — foi em 8 de Março de 1914 — acerquei-me de uma cómoda alta, e, tomando um papel, comecei a escrever, de pé, como escrevo sempre que posso. E escrevi trinta e tantos poemas a fio, numa espécie de êxtase cuja natureza não conseguirei definir. Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter outro assim. Abri com um título, O Guardador de Rebanhos. E o que se seguiu foi o aparecimento de alguém em mim, a quem dei desde logo o nome de Alberto Caeiro. Desculpe-me o absurdo da frase: aparecera em mim o meu mestre. Foi essa a sensação imediata que tive.”
    Quando Fernando Pessoa escreve em nome de Caeiro, diz que o faz “por pura e inesperada inspiração, sem saber ou sequer calcular que iria escrever.”


    Fonte: Carta de Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro, de 13 de Janeiro de 1935, in Correspondência 1923-1935, ed. Manuela Parreira da Silva, Lisboa, Assírio & Alvim, 1999.

    Cumps.

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  8. Óptima escolha!

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  9. belos cartoons..

    grande.. o poeta...o visionario..

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  10. Pessoa, é e será sempre Pessoa.
    Bjo, boa semana

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