quinta-feira, julho 03, 2008

CULTURA E DINHEIROS

Como frequentador assíduo de museus e monumentos, onde tenho diversos amigos a trabalhar, vou sabendo das dificuldades com que se debatem esses serviços, quer ao nível dos recursos humanos, quer ainda no que respeita a verbas para o simples funcionamento. Para as pessoas menos atentas basta repararem nos sinais de desleixo patentes nas paredes, no estado deplorável dos jardins ou mesmo nos (pouco) uniformes que alguns funcionários ostentam.

Claro que a propaganda oficial apenas refere o aumento de visitantes no ano passado, o sucesso de um ou outro evento mais mediático, ou tece loas ao Museu Berardo e ao número extraordinário de visitantes. Tudo bem, se visto nesta óptica, mas o que também não é menos verdade é que nada funciona bem sem as verbas necessárias, e como o orçamento do Ministério da Cultura é uma autêntica ridicularia, há que realizar verbas para complementarem esse orçamento.

Muitos não fazem contas, mas se as fizessem teriam chegado à conclusão que os bilhetes de ingresso em muitos locais foram aumentados no princípio do ano, em alguns casos em mais 25%, o que não é brincadeira nenhuma, e a oferta nem por isso melhorou, antes manteve-se na mesma.

Joe Berardo fez um óptimo negócio com o seu museu, e até terá aumentado a oferta cultural de Lisboa, mas como tudo tem um preço, as entradas gratuitas significam a módica quantia de 2,5 milhões de euros, ou talvez um pouco menos, já que se as entradas fossem pagas o número de visitantes seria naturalmente menor.

Talvez o país esteja a nadar em dinheiro, ou pelo menos o Ministério da Cultura, e os cidadãos não saibam, mas então porque é que deixou de se investir na conservação dos museus, palácios e monumentos dependentes do Estado? Eu que até costumo andar adiantado nestas coisas, já começo a adivinhar o desmantelamento do IGESPAR e do IMC, com a entrega de muitos serviços a entidades externas ao ministério, e a muito breve prazo, começando pela zona de Sintra, pelo triângulo Alcobaça, Batalha e Tomar e depois, quem sabe, na zona dos Jerónimos, Torre, Museu dos Coches.

Não julguem que não há planos nesse sentido, porque os há, e ponham os olhos no que já sucedeu com o Palácio da Pena, que já referi em tempos.



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Fotografia Manipulada
inpark
inpark

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Humor do Leste
Zlaticanin
Zlaticanin

6 comentários:

  1. A cultura devia ser para todos, ao Sr comendador dão tudo para ele comer, os outrs museus, são os pobrezinhos, e não qcriam condições.
    primeiro baixar os preços de entrada para mior numero de publico ir visitar, fazer uma boa propaganda (deixar o allgarve e investir na cultura
    Saudações amigas

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  2. COncordo que a cultura devia ser para todos ;)

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  3. Pois é, este país está na desgraça, as pessoas é que ainda não abriram os olhos.

    Seja a nível de cultura, seja na saúde, tá tudo cada vez pior.

    O povo andou «hipnotizado» com o euro 2008, depois estamos em Julho e o país vai a banhos, em Julho e Agosto, quando abrirem os olhos em Setembro já será tarde.

    Sinais de melhoras não se vêem.

    Por aqui, ofereço cavalos, feira equestre e regata de barcos neste fim de semana.

    Beijos.
    Bom fim de semana.

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  4. O que te disse sobre Queluz, sobre o desleixo e mau estado de conservação de móveis e dos interiores, era apenas uma constatação que filmei porque nem queria acreditar no que via.
    Cultura não é só Serralves e CCB, há muito mais por esse país fora.
    Bjos da Sílvia

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  5. Começo pelas imagens, a que nem sempre me refiro, para dizer que continuam soberbas. Desde as "mais sérias" e belas, até aos cartoons.
    São uma imagem de marca deste blogue.

    O texto mexe na ferida, novamente. Muito aqui o autor tem pugnado pelo aviso sobre o miserável estado do património e as condições deploráveis em que funcionam vários museus e palácios no país.
    Continua o governo a desrespeitar o que é intrinsecamente nosso, legado pelos antepassados que, apesar de muitas asneiras, algo sempre fizeram para que Portugal apresentasse um património cultural digno e conservado de forma satisfatória.
    Agora, amoda é entregar o que é do estado, de todos nós, portanto, a meia dúzia de negociantes da arte.
    Trata-se, a meu ver, da prostituição total da cultura do país.

    Cumps.
    Jorge P.G.

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  6. assim vão as prioridadesd deste país.... sempre trocadas...

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