quinta-feira, maio 08, 2008

COISAS INCÓMODAS

Um deputado da Assembleia Legislativa da Madeira causou o maior sururu naquele Parlamento ao aparecer com um relógio de parede, pendurado ao pescoço para uma sessão. É claro que deputado queria demonstrar algo, pelos vistos o seu desacordo com a redução dos tempos de intervenção impostos pela maioria, mas pelos vistos grande parte dos seus colegas e o próprio presidente da mesa, não estiveram pelos ajustes, e como o deputado insistiu em manter o relógio ao peito, os trabalhos foram suspensos.

Há quem diga que foi apenas “folclore político”, outros uma atitude de desrespeito para com a Assembleia, mas o que é certo é que é uma forma de protesto e acabou por chegar assim ao conhecimento do público em geral.

Não é apenas um relógio que incomoda muita gente, também certos acontecimentos históricos causam verdadeira incomodidade a muita gente. Por cá há quem se arrepie só ao ter que comemorar o 25 de Abril, e ao falar-se do Maio de 68, o mesmo não só cá como lá fora. Se o 25 de Abril acaba por ser aceite, mesmo com um sorriso amarelo, por alguns sectores e porque é o politicamente correcto, já o Maio de 68 é abertamente criticado.

Claro que um movimento espontâneo, sem a bênção de políticos que se prezem, é algo que incomoda muita gente. O Maio de 68 e o 25 de Abril, tiveram essa característica de serem movimentos eminentemente populares, sem a intervenção e os condicionalismos da política, exactamente porque dessa área não podia surgir nenhuma solução para o descontentamento que se vivia naquelas alturas. Os erros, os exageros e os aproveitamentos que surgiram depois, não serão nunca pretexto para que se esqueça a realidade anterior a essas datas, e a incapacidade dos políticos perante o descontentamento dos povos.

Por tudo isto se percebe que agora, precisamente agora, apareçam tantos a manifestarem os seus “incómodos” perante acções espontâneas. Há muito descontentamento a pairar nesta Europa de acomodados, por isso mais vale começar desde já a fazer uma campanha para dissuadir o que parece já ser uma inevitabilidade, que é procurar-se uma solução fora do sistema vigente.

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8 comentários:

  1. Olá
    a sua amiga está doente, nada bem...mas ainda arranja umas forças para postar.
    Se quiser pode visitar o meu novo blog de fotos, acabei de fazer uma postagem ainda fresquinha...

    O que escreve no seu post são coisas estúpidas, esses políticos cada vez mais, fazem coisas sem nexo...

    Beijinhos.

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  2. Quando as crises sociais, não encontram resposta na arena da política, acabam por originar movimentos da sociedade que complicam a vida dos que por lá andam. Eles não conseguem reflectir o pulsar dos povos, antes defendem os interesses de quem lhes dá garantias para o futuro.
    A crise actual não é igual à dos idos de 68 ou de 74, mas não deixa de ser social e de subsistência. Se a situação se agravar, como tudo parece indicar, e as fraquezas dos sistema de protecção social se revelarem incapazes, não sei quanto tempo levará até o descontentamento ter de saltar para a rua.
    Abraço do Zé

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  3. Estou em total consonância com as conclusões a que chega no seu raciocínio.

    Sem o beneplácito dos partidos ou associações políticas qualquer movimentação espontânea é vista como folclórica arruaça.
    A histótia da Madeira que conta faz-me lembrar aquela do professor que, indo receber um prémio que fora outorgado á escola onde trabalhava, o fez vestindo-se impecavelmente do ponto de vista da ocasião socialmente solene, mas transportando consigo a bandeira com que se manifestara em Lisboa contra a política de ensino. Foi impedido de receber o prémio, sob a alegação de que a ocasião não era para manifestações políticas.


    Maio de 68 foi talvez a maior manifestação revolucionária do séc. XX, não conhecendo credos nem cores, nem etnias ou condições sociais. E acabou cedo devido à traição dos sindicatos e de alguns partidos aos operários que paralisaram a França e assustaram fortemente de Gaulle.

    Mas a semente ficou.

    Cumps.
    Jorge P.G.

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  4. Uma análise perfeita de toda a situação. Irrita o conformismo das gentes ante a miríade de indivíduos eleitos que se comportam como reis. O descrédito, meu caro, o descrédito. Quem acredita em políticos? De que se admira o PR de os jovens não quererem nada com essa gentalha? Claro que se esqueceu de falar nos menos jovens. Já NINGUÉM acredita naqueles cretinos. Sobre o ogre da madeira nem me pronuncio...
    Abraços

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  5. Da Madeira já nada me admira, apesar de gostar das paisagens. O pessoal está descontente?
    Olhe meu caro, então é altura de o demonstrar, porque a minha impressão é de que o povo é sereno, para não dizer demasiado conformado.
    Lol

    AnarKa

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  6. Temos politicos cinzentões, é um facto
    Para outros que se aproveitaram do 25 de Abril , agora desejavam e desejam que nunca a democracia não triunfe
    Saudações amigas

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  7. Estou contigo!

    A política e os sistemas democráticos são muito bonitos, quando tudo está bem, mas não passam, nem nunca passarão de mera fachada! É preciso o pessoal levar um valente apertão para deixar de pensar só no "seu quintal" e começar mais a pensar no bem comum :)

    Gostei do blog...

    Visita:

    ANTI TUDO

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  8. Da próxima não será em Maio, não terá intelectuais, ideologia, filhos da burguesia, porta vozes, método, piedade... no seio dos excluídos está germinando a insurreição - em Paris já deu sinais!
    Um abraço com entusiasmado medo

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