domingo, dezembro 30, 2007

OS BLOGUES E OS SEUS CONTEÚDOS

Tive a oportunidade de ler na íntegra as análises de António Barreto e Pacheco Pereira no semanário Expresso, e muito modestamente achei que focaram alguns aspectos da vida política e da sociedade portuguesa que já tinham sido objecto de reflexão nos espaços da blogosfera que regularmente visito.
O país descrito pelos dois analistas não difere substancialmente dos inúmeros retratos que povoam dezenas de blogues, e apesar disso conhecemos as críticas ferozes de Pacheco Pereira à blogosfera, onde deixou de ser a referência única, como eventualmente desejaria, e também me surpreendeu uma frase de António Barreto, que quanto a mim estará fora do contexto, “as novas tecnologias privilegiam a forma em detrimento do conteúdo. É o mundo do superficial, do efémero, das sensações rápidas.” Fiquei convencido de que A.B. não se estaria referir aos blogues, pois tal afirmação não tem qualquer fundamento nem faz sentido.
Os temas da conflitualidade social, da insegurança, da divisão de áreas de influência entre os partidos do centrão, o autoritarismo, a má qualidade do jornalismo em geral, e a sobrevalorização dada pela imprensa e pela propaganda governamental relativa aos ‘êxitos’ da presidência portuguesa da União Europeia, são absolutamente consensuais para todos, exceptuando-se naturalmente os indefectíveis apoiantes de Sócrates.
Muitos do que passam por aqui pel’O Guardião, já escreveram, leram e até comentaram artigos falando disto tudo, alguns até de excelente qualidade literária, séria, ou mesmo humorística. Acabei por ficar mais reconfortado pela simples razão de constatar que mesmo os analistas sociais como António Barreto e Pacheco Pereira, traçam um panorama bastante negro do estado da nação e da acção dos políticos que pisam os palcos do poder em Portugal.

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Fotografia
4 by b-sawicka

Audhild

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Graffiti

dali by hollow-welt

vangogh by hollow-welt

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Humor Internacional

Cival Einstein

Gatis Shluka

sábado, dezembro 29, 2007

POR FALAR EM SACANAGEM - CULTURA

Ontem recebi por correio electrónico mais uma pérola da nossa política cultural que demonstra as incongruências dum ministério sem rumo. Creio que uns dias antes do Natal, José Sócrates concedeu tolerância de ponto aos funcionários públicos na véspera de Natal e na véspera do Ano Novo. Claro que ficou salvaguardada a abertura de alguns serviços “vitais”, como é natural. Pois bem, os Palácios e Monumentos dependentes do Ministério da Cultura estiveram fechados na véspera de Natal, e muito bem, mas passaram a ser considerados vitais no último dia do ano.
Eu talvez seja de compreensão lenta, mas não consigo entender a lógica do conceito da senhora ministra Isabel Pires de Lima. Vejamos então, um mesmo despacho tem duas interpretações no espaço de uma semana, e a obrigatoriedade de trabalhar no dia 31 de Dezembro apenas abrange uma categoria profissional.
Consegui falar com um dirigente do IMC, que naturalmente pediu para não referir o seu nome, e fiquei a saber que “todas as verbas são indispensáveis” porque o orçamento é demasiado curto. Espantoso, digo eu, até porque recentemente até foram dadas umas borlas a pretexto de dias de qualquer coisa, penso que em Setembro, e por altura da festa da assinatura do Tratado de Lisboa, também fizeram umas borlas nos museus de Lisboa, tendo fechado os Jerónimos e o Museu dos Coches. Na altura não havia falta de dinheiro? E o que dizer da explicação dada para se manter a gratuitidade do Museu Berardo, que vai continuar durante 2008, apesar dos encargos assumidos pelo Ministério da Cultura?
Entendam-se lá os dirigentes do Ministério da Cultura, mas não façam dos funcionários e dos contribuintes, uns otários que engolem uma desculpa qualquer. Se os palácios e monumentos são serviços vitais, ou pelo menos alguns dos seus funcionários, reconheçam-no oficialmente e deixem-se de floreados.

PS - Será que a senhora ministra vai trabalhar no dia 31 de Dezembro?
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Fotografias - Ratos
sergeykuranov

sergeykuranov

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Humor Político

Mike Thompson

sexta-feira, dezembro 28, 2007

AO ABRIGO DAS FESTAS

Depois do discurso do optimismo, e dos números convenientes para o governo, eis que a coberto da época festiva e sem os anúncios em grandes parangonas a que nos vão habituando, surgem as medidas que desmentem que a crise orçamental está ultrapassada e que se vão promover as políticas sociais.
Agora são mais uns serviços de saúde que vão ser encerrados, sendo os utentes avisados com poucos dias de antecedência. Bela prenda de Natal que as populações receberam do senhor 1º ministro e do ministro que nos vai tratando da saúde. É tudo para bem das populações, claro. Os serviços de que dispõem são agora de melhor qualidade e a distância é curta, ficam logo ali ao virar da esquina.
Ninguém no seu perfeito juízo aceita com passividade estas notícias, e muito menos as explicações. Em termos de saúde sabe-se que o tempo é matéria fundamental, e a maior distância nunca é um factor que se possa classificar como favorável.
É interessante, mas José Sócrates esqueceu-se de enumerar estas medidas, favoráveis segundo as fontes oficiais, no seu discurso bonitinho de Natal. Os portugueses ficariam certamente mais esclarecidos quando às medidas que ele nos reserva para o futuro.

Sacanagem by António Sabão (Cartoonices)

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Fotos Imitações

SuperMonkey by HotGod

superel By jonboy

Superhorse by stylo15

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Humor Francês

Delize

Delize

quinta-feira, dezembro 27, 2007

OUTROS RESULTADOS

José Sócrates brindou-nos com um discurso optimista e confiante onde refere que que está ultrapassada a crise orçamental dos últimos anos, mostrando-se confiante para enfrentar os desafios e incertezas da economia global.
O sentido geral do discurso estava dado, seguiram-se os números, encabeçados pelo do crescimento perto dos 2%, o emprego onde afirma ter criado 106 mil novos empregos, em termos líquidos, mais 17% de alunos no ensino superior e 360 mil adultos inscritos nas novas oportunidades.
Apesar de toda a boa vontade que nos caracteriza a todos nesta quadra festiva, dá vontade de dizer que o senhor 1º ministro canta bem, mas não nos alegra.
Talvez por causa dos meus óculos novos, a minha visão mostra-me uma outra realidade, em que o crescimento do meu salário não acompanhou os valores do crescimento da economia nacional e nem sequer a inflação real, pelo que de há sete anos a esta parte estou a perder constantemente poder de compra. Também nos números da criação de emprego, José Sócrates não criou nem um sequer, pelo contrário extinguiu alguns na Função Pública, e o número de 106 mil “empregos líquidos” é uma balela, pois nem com os dados do INE isso confere, porque a taxa de desemprego não baixou dos números que eram conhecidos quando tomou posse, pelo contrário aumentou.
Falar do êxitos na educação também não me convence, porque continuamos a formar jovens para o desemprego por manifesta falta de planeamento, e continuamos a ter um défice enorme nos cursos profissionais que não formam gente em quantidade suficiente, e qualidade refira-se, para as necessidades reais do país.
Falou ainda José Sócrates em “promover políticas sociais” e referiu-se em particular aos idosos, e também aqui eu vejo algo de diferente, pois são inúmeros os idosos que vivem em péssimas condições económicas e não só, e que quando recorrem a lares, particularmente nos grandes centros urbanos, os seus rendimentos não são suficientes para a maioria das mensalidades cobradas.
Não sei se a minha visão decorre da cor das lentes, que garanto não são rosadas, ou se as do senhor 1º ministro são tão optimistas pela simples razão de não saber o que se passa no mundo real que eu frequento.
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Aguarelas


Reflections by p-e-a-k

More Reflections by p-e-a-k

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Humor Russo


terça-feira, dezembro 25, 2007

CHAPLIN


CHAPLIN – 30 ANOS

Faz hoje precisamente 30anos que Charles Chaplin nos abandonou. Nascido em Londres, em 16 de Abril de 1889, filho de família humilde, passou parte da infância num orfanato. A sua primeira aparição no palco ocorreu aos cinco anos, cantando uma canção em substituição de sua mãe Hannah que se encontrava doente.
Trabalhou durante a infância e na adolescência, foi para os Estados Unidos em 1910 e dois anos depois uniu-se à Keystone Company onde iniciou a sua brilhante carreira em Hollyood.
Em 1919 fundou a United Artists, em sociedade com outros artistas como Mary Pickford e Douglas Fairbanks passando então a produzir longas-metragens.
Alguns dos seus filmes mais marcantes, como ‘Tempos Modernos’ e ‘O Grande Ditador’ granjearam-lhe a fama de subversivo, comunista mesmo, tendo sido impedido de regressar ao Estados Unidos, onde só regressou para receber o Óscar pela sua carreira em 1972.Charles Chaplin morreu no dia de Natal de 1977, aos 88 anos, na Suíça


Restos de Colecção

Delize

Barrigue

domingo, dezembro 23, 2007

AS IMITAÇÕES

Muito francamente, hoje comecei a escrever sobre as imitações, a propósito das declarações de Luís Filipe Menezes ao Expresso, segundo as quais terá afirmado «Quero fazer como Sarkozy». Curiosamente, este já afirmou que estava a fazer o que está a ser posto em prática em Portugal. Concluindo, Menezes quer imitar Sócrates…
Nesta altura do ano confesso que o assunto não me levou mais longe do que isto, por falta de inspiração, ou talvez porque já todos devem ter topado isso, mesmo antes de ter sido notícia neste semanário.
As nossas feiras estão cheias de imitações, e há uns senhores da ASAE que de vez em quando levam sacadas deste material contrafeito, e se Menezes não se põe a pau…
Mas há imitações que não me importo de fazer, e hoje fui mais um Pai Natal, que embora utilizando outro meio de transporte, também carreguei o meu saco com umas prendas para deliciar uns quantos senhores e senhoras, um pouco mais velhos do que eu, que estão num lar aqui próximo e que não foram passar esta quadra com as famílias, ou porque não as têm ou porque simplesmente não foram convidados.
Está explicada a razão porque não bati mais no doutor Menezes.


O Postal de Boas Festas d'O Guardião
Para todos os meus amigos e visitantes nesta quadra muito especial.


Fotografia

Alien by Spider

UFO by Spider


Humor - Austrian Cartoon Award

By Nelson Santos

By Darko Drljevic

sábado, dezembro 22, 2007

MAIS FOGUETÓRIO

Portugal vai assinalar, isto segundo a presidência portuguesa da União Europeia, o alargamento do espaço Schengen de livre circulação de pessoas na Europa a nove dos 12 novos Estados da UE.
A festa vai ter lugar no domingo, com início às 15:00 horas na Praça do Comércio. Há charanga a cavalo, motas, bandas sinfónicas e, por volta das 17:45, será executado o Hino Europeu, seguido de uma projecção em tons de azul e amarelo, no Arco da Rua Augusta, acompanhada de um filme em ecrã gigante, e fogo de artifício, lançado do Cais das Colunas.
Festarola em grande, como convém, só não nos dizem se somos nós a pagar, ou se são dinheiros de Bruxelas. Ainda estamos todos lembrados de que a assinatura do Tratado de Lisboa ficou para nós pagarmos.
Há um outro pormenor, talvez lateral à festarola anunciada, mais ligado ao tratado dito reformador, que se prende com a utilização do Hino e da Bandeira da União, que parece que terá de ser explicado aos promotores das Festa, que com a habitual leveza se esqueceram que os símbolos nacionais continuam a prevalecer, e não constam do programa anunciado. Esquecimento, ou ainda não tiveram tempo de ler o Tratado?


Fotografia

Costya

Costya


Humor da Rússia

Dmitry Kononov - Russia

Dmitry Kononov - Russia

quinta-feira, dezembro 20, 2007

MENTIRA TEM PERNA CURTA

Pessoalmente gosto mais do ditado popular que diz que “É mais fácil apanhar um mentiroso que um coxo”, mas este título também serve para ilustrar o meu comentário de hoje.
De tempos a tempos somos positivamente bombardeados com os discursos dos nossos economistas e dos poderosos deste País, dizendo que em Portugal se trabalha pouco, temos demasiados feriados e pontes, que nos reformamos muito cedo, e que estas são as causas de termos baixos índices de produtividade. Nunca os ouvimos falar de fracas lideranças, metodologias e maquinarias ultrapassadas, gestão ruinosa, falta de investimento, falta de incentivos e salários de miséria, etc.
Infelizmente a realidade não é a que nos pintam, e a verdade acaba por vir à tona, deixando uns quantos espertos engasgados com as suas próprias mentiras.
Afinal os portugueses trabalham mais anos que os espanhóis, reformando-se portanto com mais idade, trabalham mais horas diárias, têm menos feriados e pontes, e contudo o PIB português per capita é inferior ao espanhol e tem vindo a distanciar-se cada vez mais nos últimos anos. Para informação dos nossos comentadores económicos e os seus mentores, o custo de vida é idêntico nos dois países, para não dizer que até já é mais alto deste lado da fronteira, como atestam as idas dos nossos compatriotas ao lado de lá, para se abastecerem, e não é só de combustíveis. Falar da diferença de salários e da qualidade e preço dos cuidados de Saúde e de Educação é desnecessário, porque até aqueles que costumam baralhar os dados sabem que existe um verdadeiro abismo, que só é menor exactamente quando se comparam os ordenados dos gestores de topo e dos políticos nacionais, que esses sim, igualam e até ultrapassam os praticados no País vizinho.
Claro que tudo isto é difícil de engolir para quem anda a pregar mais horas de trabalho, menores aumentos salariais, menos regalias sociais e menor protecção no trabalho, mas os dados estão aí, e são oficiais.

Dados disponíveis AQUI


Fotografias de Jóias

STori

i1



Humor

Damien Glez

Riber Hansson