quinta-feira, julho 20, 2006

O RIGOR DAS INCÓGNITAS

Apesar de estar no gozo de merecidas férias, pequenas porque o dinheiro é escasso, não consegui ficar alheio às notícias do país.
Hoje ficámos todos a saber pela voz do ministro das finanças que afinal os funcionários públicos, contratados a prazo e outros agentes com tipos variados de vínculo ao Estado são menos de 600.000. O número que, pelos vistos, o ministro que não gostava dos termos supranumerários ou excedentes acha elevado, é substancialmente inferior aos 700.000 que o governo (não o actual ministro) estimava no início do seu mandato. O número agora conhecido é interessante porque desmente os cálculos anteriores e porque para ser mais credível (?) acaba na singular uma unidade, apesar da sua grandeza de centenas de milhar.
Voltando ao início do processo de reestruturação da administração pública, tínhamos 700.000 funcionários e era necessário reduzir cerca de 75.000, se agora partirmos do número do ministro será que afinal não há pessoal excedentário? Não parece que assim seja, pois já saiu um secretário a terreiro dizendo que há que diminuir o número de funcionários. Há dois ou três dias veio a lume a poupança para 2007, apenas com vencimentos, devido há reestruturação da função pública. Quando alguém pergunta quantos funcionários são excedentários e em que serviços, nenhum ministro ou secretário avança com esses números, o que também é sintomático de quem prometeu sindicâncias, ou algo parecido, em todos os ministérios logo no início de funções e que nunca foram divulgadas publicamente.
O rigor e a credibilidade, apregoados até à náusea, esbarram nas numerosas incógnitas e falhas nos cálculos com que se partiu para a resolução desta equação que vai mexer com a vida de muitos portugueses.
Muito se escreveu sobre “o monstro” de 700.000 almas, e afinal era 13% mais pequeno apesar de toda a clientela política que se foi lá instalando na última década com o beneplácito dos diversos governos. Economistas e outros comentaristas utilizaram números pelos vistos errados, e concluíram que o emagrecimento era necessário, agora terão a mesma opinião?Modernizar e adequar as estruturas é uma tarefa que deve ser feita e que nunca estará concluída, fazendo parte dum processo dinâmico da sociedade, já a colocação na prateleira ou mesmo o despedimento por cansaço, significa uma quebra unilateral de contrato a que um Estado de direito não se pode expor.

2 comentários:

  1. Preparam-se saídas de alguns e a entrada de outros, comissários políticos, claro.
    Cuidado malta, que a caça às bruxas (os que se atrevem a criticar) está aí. Até já parecem os tempos da "outra senhora"...

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  2. Os erros começam na indefinição sobre saber quem é funcionário público na verdade. Também contam os contratados, os POC's, as avenças, os contratados a termo certo, etc? Ou afinal esses não contam? Atirar com números sem se esclarecer do que é que verdadeiramente se está a falar, é pura demagogia. E onde há pessoal a mais e que é? Concretize senhor ministro, por favor.

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